Ele jogou Champions e sonhou em enfrentar Kaká. Hoje, reergue time goiano
Adriano Pimenta tinha o sonho de enfrentar Kaká e Ronaldinho Gaúcho no auge da carreira como profissional. Passou perto na temporada 2005/2006, quando participou de uma campanha honrosa de um pequeno time da Suíça na Liga dos Campeões. Hoje em dia, aos 37 anos, o meio-campista abriu mão da aposentadoria dos gramados para reerguer um clube do interior de Goiás.
Natural de Goiânia, Pimenta começou no futebol em Campinas (São Paulo). Depois de ser aprovado em uma peneira do Guarani com cerca de 180 garotos, ele fez categoria de base no Bugre e subiu ao time principal em 2000. Cinco anos depois, foi vendido ao FC Thun, da Suíça. Ali enfrentou times como Arsenal (ING) e Ajax (HOL) e viveu a sua experiência "de Copa do Mundo".
"Disputar uma Champions League é um sonho. Eu não cheguei a jogar uma Copa do Mundo, mas eu vejo que a Champions League não perde nada para uma Copa em termos de organização, em termos de ter as melhores equipes, os melhores atletas, realmente é um sonho para qualquer atleta", afirmou o meia em entrevista exclusiva ao UOL Esporte.
Depois de o seu time superar duas fases eliminatórias para o maior torneio de clubes da Europa naquela temporada, Adriano Pimenta conta que o clube preparou um evento em uma cafeteria para acompanhar o sorteio da fase de grupos. Se tanto a cidade como a agremiação já se empolgavam com o feito àquela altura, o desempenho digno (terceiro lugar) em uma chave com dois grandes do futebol e uma classificação para a Copa da Uefa (atual Liga Europa) significaram ainda mais.
A parte triste da campanha que mexeu com a população de Berna, na visão do jogador, foi não ter cruzado o caminho do Barcelona de Ronaldinho Gaúcho, campeão daquela edição do campeonato, ou do Milan, de Kaká. Pimenta tinha os dois astros como referência e até torceu para que o chaveamento o colocasse frente a um dos pentacampeões. Azar, ou não, o grupo foi formado por Thun, Arsenal, Ajax e Sparta Praga (República Tcheca).
"Eu gostaria que a gente caísse ou na chave do Barcelona, por causa do Ronaldinho Gaúcho, ou na chave do Milan, que tinha o Kaká", disse. "Foram dois atletas que dispensam comentários, campeões do mundo, melhores do mundo. Eu queria enfrentar os dois, era como um sonho jogar contra eles", acrescentou.
Após a experiência na Europa, o meia brasileiro rodou o mundo. Jogou no Japão (Yokohama FC), na Nova Zelândia (Waitakere United), na Bolívia (Blooming) e em alguns clubes nacionais, como o Sport, o Fortaleza e o Atlético-GO.
Pimenta, que tem Alex (ex-meia de Coritiba, Palmeiras e Cruzeiro) como grande ídolo, até por serem da mesma posição, lamenta as inúmeras lesões ao longo dos 20 anos no futebol. Ele detalhou que problemas no joelho o fizeram passar por cirurgia três vezes, incluindo uma com o Dr. Joaquim Grava e a estrutura de fisioterapia do Corinthians.
Por falar no time do Parque São Jorge, uma grave lesão no púbis em 2007 impediu o meia de defender as cores da equipe paulista. "Tive uma lesão de púbis que me atrapalhou um pouquinho. No final das contas, como eu estava jogando pouco [no Japão], eu recebi um convite do Corinthians para poder retornar ao Brasil. Fiz os exames e deu uma lesão mais grave no púbis, foi um edema ósseo, o médico falou de quatro a seis semanas. Comecei um tratamento intensivo, mas o tempo foi passando, foi passando e nisso o Corinthians precisava de um meia com muita urgência e contratou o Heverton".
Aposentadoria? Ainda não. Pimenta ajuda a reerguer clube goiano
Depois de voltar para o Brasil há cerca de dez anos e aqui permanecer, Adriano Pimenta passou perto de se aposentar mais de uma vez. Por que, então, ele ainda segue na ativa? Ainda que indiretamente, ele entrega a paixão que tem pelo esporte.
"Eu tentei encerrar umas duas vezes [a carreira], mas não quiseram me deixar, então, a gente vai tento perna, convite, desafios e vai tentando", contou.
Foi até por isso que acabou envolvido em um desafio em Goiatuba, interior de Goiás, onde tem um posto de combustível. O de reerguer o time da cidade, o Goiatuba Esporte Clube, campeão goiano em 1992, que estava com as atividades paralisadas.
"Comecei a brincar no futebol com a galera para enturmar, conhecer a turma e o pessoal descobriu que eu joguei profissional, que eu joguei fora do Brasil. Aí me procuraram: 'Você não tem interesse em pegar o Goiatuba? Para a gente reativá-lo'", revelou.
Depois do levantamento de documentos para entender a situação do clube, o projeto saiu do papel no ano passado. E aí veio o convite para ele jogar, além de atuar como dirigente, oferta que não conseguiu recusar.
"Só não me emocionei na hora porque eu não tinha lágrimas prontas. Foi muito bacana o convite e eu não tive como dizer 'não'. Fizemos um p* campeonato, foram 11 jogos, 11 vitórias. Como o Goiatuba estava parado há tanto tempo, ele voltou na terceira divisão do Estado."
A estruturação da equipe para disputar a segunda divisão goiana, porém, foi adiada por conta da pandemia da Covid-19, explica. Mas Adriano Pimenta, nas funções de meia e diretor do Goiatuba, demonstra animação. Talvez tenha encontrado a brecha que precisava para conseguir se aposentar dos gramados, de fato, sem abandonar o futebol.
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