Com base ameaçada em 2020, Movimento pede plano para preservar equipes
O Movimento dos Clubes Formadores do Futebol Brasileiro, composto por representantes das categorias de base de 50 instituições, entregou, hoje (14), uma carta às federações estaduais e à Confederação Brasileira de Futebol (CBF) na qual demonstra apreensão em relação às medidas tomadas por conta da pandemia de coronavírus. A informação foi publicada, primeiramente, pelo site do "Globo Esporte" e confirmada pelo UOL Esporte.
No último dia 8, a coluna De Primeira, do UOL Esporte, mostrou que os clubes indicam receio com a base, adotam cautela em relação a um retorno e que, inclusive, os torneios podem voltar só em 2021.
No documento, o MCFFB manifesta "enorme preocupação em relação ao prejuízo irreparável que pode ser suportado" por todos atletas e profissionais envolvidos, caso as medidas adotadas "resultem no cancelamento sumário das competições estaduais e nacionais nesse momento".
"Para além dos danos competitivos, menos importante, tais medidas, adotadas sem uma diretriz consensual fruto de um esforço coletivo, poderão gerar uma desmobilização em clubes e atletas, culminando em demissões em massa e na perda de espaços seguros para a formação de jovens para e através do futebol - o que seria um prejuízo sem tamanho à prosperidade de curto, médio e longo prazo do nosso maior ativo cultural, o futebol brasileiro", diz trecho da carta.
O Movimento salienta ainda que acredita que as divisões de base "não apenas deve ser preservadas", como também vão servir de "molas propulsoras do futebol brasileiro pós-pandemia".
Veja a carta na íntegra:
"Carta aberta,
O Movimento dos Clubes Formadores do Futebol Brasileiro (MCFFB) se solidariza com as mais de 13 mil mortes de brasileiros e brasileiras e, assumindo a sua responsabilidade na formação integral de centenas de jovens nas entidades esportivas nas quais atuam, vem, por este comunicado, posicionar-se em relação ao momento do futebol mundial devido à pandemia gerada pelo COVID-19.
O MCFFB enfatiza que só defenderá a volta dos treinamentos e das competições oficiais quando protocolos de medidas preventivas puderem garantir a saúde e segurança às crianças, aos jovens e aos demais profissionais vinculados aos clubes e ao futebol de base.
Diante desse cenário, e visando preservar a continuidade da grande responsabilidade social assumida em benefício de milhares de jovens que iniciam a trajetória esportiva, todos os mais de 50 Clubes que formam hoje o MCFFB vêm, à unanimidade, manifestar a sua enorme preocupação em relação ao prejuízo irreparável que pode ser suportado por todos esses atletas e pelos profissionais envolvidos na sua formação caso sejam adotadas medidas precipitadas que resultem no cancelamento sumário das competições estaduais e nacionais nesse momento.
Para além dos danos competitivos, menos importante, tais medidas, adotadas sem uma diretriz consensual fruto de um esforço coletivo, poderão gerar uma desmobilização em clubes e atletas, culminando em demissões em massa e na perda de espaços seguros para a formação de jovens para e através do futebol - o que seria um prejuízo sem tamanho à prosperidade de curto, médio e longo prazo do nosso maior ativo cultural, o futebol brasileiro.
Deste modo, visando contribuir para auxiliar a reflexão de Clubes, Federações e apoiadores neste momento de incertezas, buscamos conscientizar o público e as entidades envolvidas na tomada de decisões para a necessidade de elaboração de um plano que permita preservar os profissionais e atletas envolvidos nas categorias de base do futebol brasileiro.
Portanto, buscando propor alternativas e mitigar as diversas especulações pelas quais o futebol de base vem passando nas Últimas semanas, o MCFFB se coloca à disposição dos órgãos responsáveis nas esferas Municipal, Estadual e Federal para pensar nos melhores caminhos para a base - alicerçados e alinhados em conhecimento científico, às melhores práticas mundiais e aos direcionamentos dos órgãos responsáveis nas esferas pública e administrativa - com apoio de Clubes, Federações e Confederação.
Ressaltamos que esse é o momento de apoiar o futebol de base, não só pelo nível de excelência demonstrado por treinadores, preparadores físicos, psicólogos, assistentes sociais, pedagogos, entre muitos outros profissionais envolvidos, como também para manter a esperança de milhares de jovens ativos em retornar às atividades na busca por seus objetivos, gerando neles uma expectativa positiva o que favorece a saúde mental num momento tão delicado vivido por todos e evitando, assim, a falta de perspectiva e possíveis comportamentos disfuncionais.
Acreditamos fortemente que a divisão de base não apenas deve ser preservada, como poderá se converter em uma das molas propulsoras do futebol brasileiro pós-pandemia.
Isso porque, responsável por em média 5% do orçamento dos clubes, este setor servirá de apoio aos planteis profissionais, seja pelo acúmulo de jogos, seja pela necessidade de diminuição de custos, e poderá ainda gerar significativa receita pela negociação de seus jovens atletas já que o futebol de base do Brasil é o maior exportador de jogadores do mundo.
São nos jogos mais difíceis que se mostra o talento brasileiro em prol dos objetivos coletivos, dentro e fora dos campos. O futebol de base e todos que fazem parte direta ou indiretamente dele precisam (e vão!) jogar juntos para virar este jogo.
Movimento dos Clubes Formadores do Futebol Brasileiro"
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