Futebol sabe que risco zero não vai existir, dizem jogadores no UOL Debate
O futebol brasileiro está paralisado há dois meses. Enquanto na Alemanha o campeonato já se prepara para o retorno, por aqui ainda não há uma previsão de quando os clubes voltarão aos treinamentos e, na sequência, às competições. Para os goleiros Fernando Miguel (Vasco), Victor (Atlético-MG) e o volante Richard (Corinthians), durante o UOL Debate de hoje (15), chegará uma hora que será necessário um próximo passo no esporte.
"Ontem completou dois meses que estamos em isolamento, sem sair de casa, só para mercado. Eu penso que em algum momento a gente precisa e vai precisar dar passos em direção a normalidade. Todo mundo está consciente que risco zero não vai existir enquanto não tiver a vacina. Mas entendo que temos que em algum momento começar a caminhar para a normalidade. Quando vai acontecer não sei, aí fica para as partes responsáveis", opinou o goleiro Fernando Miguel.
Morando em um apartamento no Rio de Janeiro, ele destacou a dificuldade de manter a forma física para um goleiro em um ambiente de pouco espaço. "Não tem espaço para cair, essas coisas. (O programa de treinos) É uma atividade séria ministrada pelo clube, mas que visa minimizar os problemas na nossa volta. Mas manter a forma física é impossível".
O goleiro Victor acredita que a pandemia causada pelo Coronavírus (Covid-19) mudará o futebol. "O futebol e o mundo nunca mais serão os mesmos. Por muito tempo ainda veremos as pessoas saindo de máscara, higienizando todos os produtos, usando álcool gel. Claro que existe a preocupação com a saúde, mas uma hora a gente vai ter que retomar as atividades, com segurança e com a certeza de que não correremos riscos para exercer a atividade".
Campeão da Libertadores de 2013, ele ressaltou que a preocupação maior é com o risco de transmitir a doença para pessoas do chamado grupo de risco. "Claro que todo mundo tem receio, medo, suas preocupações, não só apenas de você contrair a doença, mas também de transmitir para seus familiares, para pessoas no grupo de risco. A preocupação também é essa, não é somente entrar em campo. Tem todo um staff. Um clube para ter todas suas atividades tem mais de 100 pessoas".
Apesar de atuar pelo Corinthians, o volante Richard está passando o período de isolamento no interior de Minas Gerais, onde a família mora. Com mais espaço, ele diz ter conseguido manter alguns treinamentos, mas sem os mesmos resultados de quando as atividades são dentro do clube.
"Eu consigo ainda sair de casa, ir num campo, fazer um trabalho específico. Mas nunca vai ser a mesma coisa".
O volante acredita que é o momento para que uma decisão sobre a volta das atividades seja tomada. "É complicado, porque dois meses é muito tempo para gente que está acostumado com essa rotina de viagens, treinos. Na minha opinião, tem que ser tomada uma decisão, porque já faz muito tempo, a gente precisa disso, é nosso ganha-pão. Claro, pensando na nossa saúde, nossa família. Mas vai ter que dar um pontapé inicial".
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