"Um dia volto para terminar meu trabalho no Palmeiras", diz Dorival Jr.
Resumo da notícia
- Atualmente no Athletico, o técnico Dorival Júnior, em entrevista exclusiva ao UOL Esporte, admitiu que ainda quer voltar ao Palmeiras.
- "Ainda volto ao Palmeiras para terminar o trabalho que eu iniciei. Queria chegar no Palmeiras em uma outra situação", afirma.
- Na conversa, ele diz que Paulo Nobre, presidente responsável pela sua contratação, prometeu a continuidade no cargo para 2015
- Durante a conversa, Dorival ainda contou sobre as maiores dificuldades na passagem pelo clube alviverde.
- Sobrinho de Dudu, craque do Palmeiras da Academia, Dorival Jr. evitou o rebaixamento no Brasileirão de 2014 somente na última rodada.
A relação entre Dorival Júnior e Palmeiras é familiar. Sobrinho de Dudu, craque no histórico período da Academia, o treinador ainda se sente em débito com o clube, quase seis anos depois da curta passagem de apenas três meses e marcada por um acordo não cumprido, segundo comentou o técnico do Athletico-PR, em conversa exclusiva com o UOL Esporte [confira o papo na íntegra no vídeo acima] . "Um dia ainda volto", disse.
Dorival Júnior chegou ao Palmeiras em setembro de 2014 para livrar a equipe de um possível terceiro rebaixamento para a Série B do Brasileirão. O treinador afirmou à reportagem que havia um acordo verbal com Paulo Nobre, então presidente na época, para seguir no ano seguinte e montar o time, que viveria ali o início da parceria com a Crefisa.
Entretanto, no dia seguinte ao empate por 1 a 1 com o Athletico-PR, jogo que evitou definitivamente a queda de divisão, Dorival Júnior recebeu a notícia que estava fora. Então vice, o hoje presidente Maurício Galiotte anunciou a decisão que faz o treinador, até hoje, sentir um débito pessoal com a equipe alviverde.
"Um dia, eu ainda volto ao Palmeiras para terminar o trabalho que eu iniciei. Queria chegar no Palmeiras em uma outra situação. Foi a única coisa que eu pontuei ao presidente do Palmeiras [Paulo Nobre] é que eu demorei muito e esperaria um tempo maior, se fosse necessário para mostrar dentro do Palmeiras o que eu poderia fazer com uma equipe", afirmou.
"Não tenho mágoa do Paulo, de maneira nenhuma. Talvez ele esperasse que nós saíssemos do rebaixamento com uma velocidade maior, mas eu pontuei para ele na segunda partida quando lá cheguei: 'Olha, vocês podem se preparar porque nós vamos ter muitas dificuldades'", acrescentou
Esse discurso, segundo Dorival Júnior, reforça a dificuldade encarada no trabalho. O treinador afirma ter tentado se blindar de um desafio complicado com a ideia de um projeto a médio prazo pedida na negociação com Paulo Nobre. A promessa inicial era que o "sobrinho do Dudu" iniciaria a temporada de 2015, caso evitasse a queda.
O "trabalho mais difícil" da carreira terminou com a salvação na última rodada do Brasileirão, mas uma passagem muito mais breve do que o esperado por parte do técnico.
"Ele [Nobre] falou: 'Não posso te dar um contrato longo e uma multa contratual. Posso te dar a minha palavra de que, no início do ano, se nós sairmos desse rebaixamento, você vai montar a nossa equipe'. Falei: 'Para mim é o suficiente. Olhando nos teus olhos, para mim, é o suficiente'", comentou Dorival, que acabou sem emprego no fim de 2014.
"Assinei um contrato sem nada, sem multa. Um salário bem abaixo daquilo que eu vinha, até aquele momento, recebendo. Não me importei com isso", defendeu-se o técnico, ainda alimentando o familiar Palmeiras como um objetivo futuro de carreira.
Procurado pela reportagem, Paulo Nobre preferiu não comentar sobre as declarações do treinador. "Só deixo claro o meu respeito pelo profissional Dorival, com quem me dei bem durante o tempo em que trabalhamos juntos e depois também nas oportunidades em que nos encontramos", declarou o ex-presidente do Palmeiras.
Por que o Palmeiras foi o trabalho mais difícil?
Dorival Júnior viveu o último caos palmeirense antes da chegada da Crefisa. A patrocinadora estampou a sua marca e da Faculdade das Américas no uniforme alviverde a partir de 2015, com Paulo Nobre, e aumentou consideravelmente o investimento. Com isso vieram os reforços, um time melhor e os títulos.
Com Dorival era diferente. Em um período no qual Paulo Nobre utilizava-se até do patrimônio pessoal para pagar dívidas palmeirenses, a situação no dia a dia era "complicada", palavra utilizada pelo próprio treinador ao relembrar a passagem pelo clube alviverde.
"Nós tínhamos, naquele momento, 46 atletas dentro do vestiário. Nós tínhamos oito jogadores estrangeiros, sendo que só cinco poderiam estar atuando, ou no banco de reservas. Era um grupo que estava sendo massacrado por todo mundo. Era uma posição ingrata", afirma.
A pressão também alcançava um patamar insustentável, de acordo com Dorival. O Palmeiras carregava o passado de dois rebaixamentos recentes [2002 e 2012] e teria a reestruturação proposta por Nobre atrasada, com uma Série B como obstáculo.
"Nós jogávamos quarta e domingo, não tínhamos tempo de treinamento. Os jogadores não se encontravam bem porque era uma insegurança muito grande. Ninguém sabia quem jogava, quem estava no banco. Não tínhamos uma equipe que havia sido repetida três vezes ao longo do campeonato...", elenca Dorival.
"Eram inseguranças muito maiores do que a realidade se mostrava. Mesmo assim, ganhamos jogos. A gente torcia para acabar rápido tudo aquilo porque sabia que o time não suportaria, em razão de todo esse atropelo que acabou existindo naquele ano", completou.
Dorival Jr. já estudava Gabriel Jesus
A pressão grande atingia, principalmente, os mais jovens. Durante a trajetória curta, Dorival usou nomes como João Pedro, Nathan, Gabriel, Renato e Victor Luís - este último, ainda no Palmeiras. A base era algo observada pelo treinador, e um nome específico se encontrava no planejamento para a temporada de 2015, sequer apresentado em virtude da demissão no dia seguinte ao jogo contra o Athletico-PR.
Gabriel Jesus, que estreou pelo profissional do Palmeiras sob o comando de Oswaldo de Oliveira em março de 2015, estava na pauta de Dorival Júnior para montar o time pós-salvação.
"Conseguimos lançar esses garotos ainda. Só não trouxe o Gabriel Jesus, naquele momento, porque era uma situação inusitada, uma situação muito difícil. No primeiro momento de janeiro, a ideia era, justamente, trazer alguns jogadores da base do Palmeiras para aquele elenco principal", comentou o treinador, que já trabalhava com 2015 durante a briga contra o rebaixamento.
"[Havia a ideia] também trazer três ou quatro jogadores que seriam fundamentais na mudança de comportamento daquela equipe. Essa era a minha ideia, a partir do momento em que saíssemos, mas eu que acabei saindo", disse Dorival, antes de relatar à reportagem detalhes da última conversa como funcionário do Palmeiras.
"Saímos do rebaixamento e, no dia seguinte, o Maurício [Galiotte] me chamou e falou que estava finalizando o contrato. Eu falei: 'Está bem, sem problema. A promessa era outra, o compromisso era outro, mas, se acham isso, tudo bem. Estou muito tranquilo'", encerrou Dorival Júnior, ainda com o sonho de vestir alviverde.
A reportagem do UOL Esporte procurou o Palmeiras para pedir um posicionamento do presidente Maurício Galiotte sobre a conversa citada, mas não obteve resposta até a publicação desta entrevista.
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