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Alemão - 2019/2020

"Bem estranho": Brasileiro diz o que não podia fazer na volta ao futebol

Brasileiro Iago em ação pelo Augsburg, da Alemanha - Divulgação/Augsburg
Brasileiro Iago em ação pelo Augsburg, da Alemanha Imagem: Divulgação/Augsburg

João Henrique Marques

Colaboração para o UOL, em Paris

18/05/2020 10h11

Com a rodada iniciada no sábado (16), o Campeonato Alemão se tornou a primeira grande liga da Europa a retomar suas atividades após o início da pandemia do novo coronavírus. Ordens de distanciamento restringiram até mesmo a comemoração de gols, e muitos celebraram com cumprimentos com os pés. Entre os jogadores que vivenciaram pela primeira vez a nova realidade está o brasileiro Iago, de 23 anos, lateral-esquerdo do Augsburg. Ex-Internacional, o defensor passou boa parte da derrota por 2 a 1 para o Wolfsburg no banco de reservas, de máscara, tendo de respeitar a distância para os companheiros.

"Foi bem estranho. Em alguns momentos durante o jogo, queria comentar algum lance com os outros jogadores e não podia por causa do distanciamento necessário. Foi nos passado que deveríamos permanecer com as máscaras e não podíamos sentar com menos de 4 ou 5 cadeiras de distância. Além disso, as garrafas de água eram individuais", disse Iago, em entrevista ao UOL Esporte.

"Tanto na preleção quanto no vestiário a diferença mais marcante foi o distanciamento que precisamos manter", completou.

Jogando em casa, o Augsburg já perdia por 2 a 1 Wolfsburg, em partida disputada no sábado (16), quando Iago foi acionado. O brasileiro entrou em campo aos 34 minutos do segundo tempo.

"Eu estava um pouco apreensivo de como seria o jogo sem torcida, se teria um clima parecido com um jogo treino, um amistoso. Mas, apesar de ter sentido muita falta dos torcedores, o que mais me surpreendeu foi o fato de ter a mesma sensação, o mesmo clima de uma partida antes da pandemia", comparou o lateral.

"Não houve mudanças em relação à marcação. O futebol é um esporte que exige muito contato físico, principalmente jogando na posição defensiva. Durante essa semana que ficamos concentrados e isolados, o contato durante os treinamentos também foi parecido com o que tínhamos antes da pandemia", explicou.

A volta do futebol na Alemanha foi possível porque a primeira-ministra Angela Merkel autorizou a prática de esportes profissionais no país desde que investimentos no controle da Covid-19 fossem feitos. Os clubes de futebol foram isolados cada um em um hotel na semana que antecedeu a rodada.

"Fora o ambiente de treinamento, o contato era reduzido. Ele acontecia somente no horário das refeições, quando tínhamos que respeitar ao máximo o limite de distanciamento. Ainda não foi nos passado como será feito para os próximos jogos, mas estamos adaptados", relatou o brasileiro.

A Alemanha controla o avanço da epidemia com a realização de testes em massa. O país já soma mais de 176 mil casos registrados pelo governo, com 8.049 mortes registradas na manhã de hoje (18). O índice contribui para deixar a taxa de letalidade em torno de 4% dos contaminados. No Brasil, com cerca de 241 mil casos, e 16.122 mortes, a taxa é de 6,7%.

"Acredito que eu tenha feito quatro ou cinco testes. Eles são realizados sempre. Fazemos um no início da semana e outro no final. Graças a Deus, o clube não teve nenhum caso, e agora faremos um novo teste após o jogo", disse Iago.

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Temporada de estreia na Alemanha

O lateral-esquerdo Iago foi revelado no Monte Azul, no interior de São Paulo, e teve experiência de três anos no profissional do Internacional. Ao todo, foram 81 jogos com a camisa colorada, 76 como titular, com sete assistências e três gols.

"Sempre fui privilegiado por passagens com treinadores que acrescentaram muito na minha carreira, mas levo o Odair Hellmann em especial", exaltou o lateral.

"Agora me sinto mais adaptado ao futebol alemão. A principal diferença que notei foi a velocidade de jogo, já que aqui é um pouco maior do que eu estava acostumado no Brasil", complementou.

Iago tem como ídolo Marcelo, lateral-esquerdo do Real Madrid. O jogador do Ausgburg já vestiu a camisa da seleção brasileira. Ele foi o titular do time sub-23 na conquista do Torneio Maurice Revello (antigo Torneio de Toulon), na França, em 2019.

"Tenho como meta de carreira vestir a camisa da seleção principal e ajudar meu país a ganhar títulos. Apesar disso, procuro não ficar pensando tanto no amanhã. Estou contente no Augsburg", disse.

O clube de Iago é o 14° colocado do Campeonato Alemão, com 27 pontos em 26 partidas. O time volta a campo no domingo, contra o Schalke 04.