Novo clube resgata futebol de rua e prevê invasão europeia no Brasil
Filiado à Federação Paranaense desde o ano passado, o Azuriz FC quer ser o "clube formador de atletas de futebol mais respeitado do Brasil". Os planos ousados são capitaneados por Pedro Weber, economista que foi durante anos sócio da empresa que administra as carreiras de jogadores como Marcelo (Real Madrid), Danilo (Juventus) e Leandro Castan (Vasco). O time é fruto de suas experiências.
"Conheço a base de alguns clubes por causa da experiência com clientes. Real Madrid, Flamengo, Athletico Paranaense, alguns dos Estados Unidos... Certa vez vendemos um menino do Independiente del Valle-EQU ao Valladolid [Stiven Plaza] e o que vi casou com o que eu pensava sobre formação. Me identifiquei com a metodologia e levamos como referência", conta o presidente do Azuriz.
Uma das referências do novo clube brasileiro é o conceito "horas/bola". Há uma linha de pensamento que atribui deficiências técnicas de jovens jogadores ao pouco contato com a bola pela extinção de campos e quadras de bairro nos últimos anos. O Azuriz constrói em seu CT um campo do tipo terrão e uma mini-arena com gramado sintético sem linhas laterais, freestyle.
"Quando o menino sai da iniciação para o alto desempenho fica duas horas com a bola no pé por dia. Queremos aumentar esse tempo e que eles brinquem soltos, mas sempre monitorados", comenta Weber.
Esse resgate do futebol de rua é uma das bases do novo clube, que tem CT próprio de 56 mil m² na cidade paranaense de Marmeleiro, a quase 500 km de Curitiba, e hoje possui times nas categorias sub-10 a sub-15 e profissional -= na segunda divisão do Campeonato Paranaense. Para os dois próximos anos, a ideia é estar na elite do Estadual e com times sub-17 e sub-20.
Hoje, há 16 jovens atletas "alocados" em grandes clubes brasileiros. O Azuriz mantém pequenos percentuais dos direitos econômicos e, como clube-empresa, espera lucro futuro nos negócios. Leonardo Schuh (Palmeiras), Vinicius Cardoso (Grêmio), Jhonatan Kauan (Internacional) e Marcos Felipe (Fluminense) são exemplos de promessas que passaram pelo time paranaense.
Essa tendência pode mudar, segundo Pedro Weber, pela "invasão" do futebol internacional.
"Logo um grande europeu virá competir aqui. Times que não são os tops não conseguem contratar Reinier, Vinicius Júnior e Rodrygo porque eles já chegam aos 18 anos vendidos. O jogador diferente quando chega 18 anos já vale 15, 20 milhões de euros. O que os outros vão fazer? Ter um clube no Brasil para pegar esses jogadores com 15 anos. É a saída. O Manchester City tem um clube no Uruguai, por exemplo. O Brasil mesmo sendo o maior país exportador, ainda não tem ambiente. Mas já, já os europeus estarão aqui", prevê.
A regulamentação dos clubes-empresa parece ser a solução: "Na Europa essa prática já é comum e os brasileiros têm que se adaptar: governança de empresa será sempre superior à de associação. Fundos não colocam dinheiro onde não há segurança. O Azuriz é de nascença, somos S.A., temos sócios estrangeiros. Daqui a pouco um clube grande europeu quer nos comprar e podemos vender."
Flórida Cup ajudou Azuriz a nascer
A empresa de representação de jogadores que Pedro Weber era sócio tem relação com a Flórida Cup, torneio de pré-temporada frequentemente disputado por clubes brasileiros. Foi em viagem aos Estados Unidos que o projeto começou a tomar forma, conta o presidente.
"Uma churrascaria é patrocinadora do torneio. Num evento, descobri que o irmão do dono tinha um clube de formação no interior de Santa Catarina [Genoma Colorado]. Conheci o Robson Ramos e bateu com nosso ideal de formação. A partir dessa parte esportiva comecei a construir a estruturação financeira, montar o business plan e buscar investidores."
O investimento inicial passou de R$ 10 milhões. O evento de apresentação do clube teve presenças de Fernando Carvalho, ex-presidente do Internacional (e tio de Pedro Weber), e do técnico Adilson Batista.
Por que o interior do Paraná?
O conceito de resgate do "futebol raiz" passa por agregar o futsal. Por isso, a ideia inicial foi buscar uma região de futsal forte. O atual bicampeão da Liga Nacional é o Pato Futsal, de Pato Branco - a 40 minutos de Marmeleiro. Carlos Barbosa é outra cidade que não está distante. "Estudamos as regiões e nesse raio de 300 km de Pato Branco, berço do futsal, não há clubes formadores. A Chapecoense cresceu rápido, mas a base ainda está em desenvolvimento", justifica o presidente.
"Além disso, é uma região com nível de escolaridade maior, serviços públicos bons e muitos meninos com dupla cidadania. Definiu-se que seria ali."
O Azuriz alega ter rede de relacionamentos e contatos em outros lugares, mas espera entre 80% e 90% de garotos da própria região.
O clube quer um CT que "não deva nada" aos dos times grandes: "Não se compara nosso orçamento com do Athletico-PR, mas tentaremos reduzir essa distância em competitividade, eficiência de gestão, tecnologia e sem política. Queremos competir de igual para igual com os grandes na base."
Red Bull Brasil, Desportivo Brasil-SP, Retrô-PE, PSCT-PR e Tubarão-SC ganharam a companhia de mais um clube-empresa no país.
"Estão chamando a gente de maluco todos os dias", brinca o presidente do time de nome esquisito e planos ousados.
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