Quem é o diretor que aproxima o Flamengo de Bolsonaro e atua nos bastidores
A já célebre foto que reuniu o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e os rubro-negros Rodolfo Landim e Márcio Tannure jogou o holofote em uma figura pouco conhecida, mas fundamental em um Flamengo que lidera o processo pela retomada do futebol no país em meio à pandemia do novo coronavírus.
Diretor de relações institucionais do clube, Aleksander Silvino dos Santos atua como elo entre o clube e as esferas do poder. Ex-secretário municipal em Itaboraí e Maricá, Santos é sócio rubro-negro e ascendeu como uma espécie de interlocutor com os gabinetes de políticos. Em Maricá, foi réu em uma ação por improbidade administrativa sob a acusação de fraude na contratação de serviços.
Desde a campanha que elegeu Landim à presidência do Rubro-Negro, ele tem papel importante. Durante o processo eleitoral, foi ativo para a obtenção de verbas para a confecção de material que incluiu bandeiras, adesivos e até o aluguel de um caminhão de LED. Durante a era Patrícia Amorim, ganhou alguma notoriedade nas negociações que resultaram no patrocínio da Procter & Gamble.
O diretor trafega com desenvoltura por Brasília e também pelo governo do Rio e a Prefeitura. Desde o início da atual gestão, seu trabalho é aproximar o Fla das casas nas quais as decisões importantes são tomadas. Na CPI dos Incêndios, por exemplo, ele é o responsável pelas conversas ao pé do ouvido com os deputados que apuram as causas da tragédia que vitimou dez jovens no Ninho do Urubu.
Os passos seguintes ao episódio de 8 de fevereiro de 2019 deram força interna ao funcionário, um dos responsáveis por agilizar a retomada das atividades no Ninho pós-catástrofe. A proximidade ao vice-governador Cláudio Castro (PSC) foi fundamental para a obtenção das licenças devidas e também coordenou uma visita de parlamentares ao local, assim como participa das conversas sobre a concessão do Maracanã. No organograma do Fla, ele está sob o guarda-chuva de Luiz Eduardo Baptista, o Bap, vice-presidente de relações externas.
Desde o início de sua atuação na Gávea, Aleksander, filiado e membro da executiva estadual do partido Solidariedade e também integrante da Associação Brasileira de Relações Institucionais e Governamentais (ABRIG), andou em linha com o governo Jair Bolsonaro, então eleito por mais de 57 milhões de votos.
Afeito com ideias mais à direita, o rubro-negro tem trânsito livre com o governador do Rio, Wilson Witzel (PSC), e, ainda que tenha fechado sua conta no Instagram, divulga sem cerimônia os encontros com as autoridades. No clube, há quem faça graça desta superexposição de alguém que trabalha nos bastidores. No final do ano passado, ele foi um dos responsáveis por articular uma homenagem ao vice-presidente Hamilton Mourão, condecorado na ocasião com o título de sócio honorário do Fla. Quando um grupo de associados propôs um ato ao remador Stuart Angel, morto pela ditadura, o clube negou a homenagem e alegou o caráter político da manifestação para justificar a recusa.
O Mané Garrincha é um dos locais nos quais o diretor mais se sente à vontade. Sempre que o clube manda partidas no estádio, ele faz o meio de campo entre Landim e as dezenas de autoridades que vão aos jogos. Na capital federal, apresenta o mandatário aos mais influentes e ajuda a franquear o acesso dos mesmos em espaços restritos. Não é incomum que familiares ou amigos destes convidados VIP tenham contato mais estreito com os jogadores. Também em Brasília, foi um dos intermediários da parceria que o basquete do clube celebrou com o Banco Regional de Brasília (BRB) e já ciceroneou o ex-ministro Sérgio Moro e Bolsonaro durante uma partida contra o CSA.
Não foram poucas as vezes em que ele fez chegar nas mãos de políticos de todas as esferas camisas do clube personalizadas. Dentre os agraciados já estiveram a deputada federal Clarissa Garotinho (PROS), Hélio Lopes (sem partido) e Rodrigo Amorim (PSL). A entrega do "Manto Sagrado" a Amorim gerou enorme discórdia dentro e fora do clube, já que o parlamentar foi um dos que quebraram uma placa em homenagem a ex-vereadora Marielle Franco, assassinada em março de 2018. Tempos atrás, o ator e hoje deputado federal Alexandre Frota (PSDB) também recebeu o presente.
Antes de ocupar o atual cargo, Aleksander chegou ao Flamengo como diretor amador de marketing. Em sua breve passagem pelo posto, ficou marcado ao pedir nas redes sociais que empresas patrocinassem o Rubro-Negro. O episódio caiu muito mal e ele foi realocado tempos depois, passando a ser remunerado. Procurado, ele disse que não estava autorizado a falar.
Retorno aos treinos
O Flamengo segue normalmente sua programação e vai treinar novamente na manhã de hoje (21). Em nota oficial, a Prefeitura do Rio falou que não recomenda as atividades, mas tampouco falou em proibição. Procurada, a assessoria de imprensa informou que o governo do Estado do Rio de Janeiro não iria se manifestar.
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