Governo do Rio planeja volta do futebol com 50% da capacidade em estádios
O governador Wilson Witzel (PSC) incluiu em seu pacto social pela saúde e pela economia do Rio de Janeiro um ponto polêmico durante a pandemia do coronavírus: o retorno do futebol. Apesar de se basear em três bandeiras de flexibilização a partir de dados da curva de contágio da covid-19 e não ter uma data limite, o plano tem gatilhos de flexibilização, e, já na primeira fase, quer o retorno dos eventos esportivos com público de até 50% da capacidade dos estádios.
Nos poucos países onde o futebol já retornou, como na Alemanha, não há presença de público. O pacto feito pela Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico, Energia e Relações Internacionais (Sedeeri) em parceria com a Secretaria Estadual de Saúde, entretanto, já admite a presença de público com distanciamento social de dois metros na "bandeira amarela", que depende da taxa de ocupação dos leitos de UTI chegar entre 70% e 90% (está atualmente em 86%) e a curva de crescimento de novos casos cair na média semanal.
A inclusão do retorno do futebol no Rio de Janeiro é um aceno ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que vê o "retorno das partidas como um incentivo para as pessoas ficarem em casa".
"No que depender do Ministério da Saúde, o ministério também é favorável a dar um parecer nesse sentido. Para que a gente possa assistir a um futebolzinho no sábado, domingo, até ajuda a deixar o povo em casa, menos estressado. É muito bom ver futebol", afirmou.
Ao apresentar o pacto à imprensa e sociedade na quarta (20), no Palácio Guanabara, o secretário responsável pela Sedeeri, Lucas Tristão, abordou apenas a "retomada de shoppings, atividades desportivas e academias com restrições de espaço e protocolos de higiene".
O UOL teve acesso ao documento completo, que inclui a aplicação de testes em todos os profissionais envolvidos, além da aferição de temperatura dos torcedores e profissionais de imprensa, além da desinfecção total dos estádios e materiais esportivos.
A Federação de Futebol do Rio de Janeiro criou recentemente um protocolo próprio para o retorno aos treinos e posterior volta aos jogos. Depois, emitiu documento pelo retorno do futebol que teve a assinatura de todos os filiados da primeira divisão com exceção de Fluminense e Botafogo, que são expressamente contrários.
Nesta semana, o retorno das atividades do Flamengo no Ninho do Urubu causou polêmica. Apesar de descumprir um decreto municipal, o clube se disse amparado juridicamente e segue um planejamento de treinos. O Ministério Público do Trabalho abriu um inquérito e pediu explicações ao Rubro-Negro. Questionado sobre a postura do Fla, Witzel colocou a responsabilidade nos dirigentes. O governador tenta empurrar a questão para o prefeito Marcelo Crivella (Republicanos).
Jair Bolsonaro já havia colocado a volta do futebol nas mãos de Crivella, que admitiu ter um protocolo que favorece o retorno aos treinos já no dia 25, quando chega ao fim o decreto municipal que impede aglomerações de atividades esportivas. O prefeito, que é favorável à volta do futebol, convidou todos os 16 clubes para uma reunião presencial, no próximo domingo.
"Estamos propondo, no conselho científico, uma estratégia de retorno. Os clubes que puderem obedecer isso, a partir do dia 25 poderão (voltar a treinar). A estratégia é muito rigorosa. No domingo, me reúno com os clubes. Agora, reitero o apelo para que as medidas sejam obedecidas. Se os clubes não respeitam, então as pessoas em casa também ficam desalentadas, desestimuladas a respeitar. As medidas que tomamos são ruins para todos", disse.
Principal praça esportiva do Rio de Janeiro, o complexo do Maracanã cedeu o Estádio de Atletismo Célio de Barros para a construção do único hospital de campanha do Governo do Estado que já saiu do papel. À época da cessão do espaço para o poder público, a dupla Fla-Flu não via impedimentos de manter jogos e outros eventos esportivos no local apesar do alto índice de contágio à partir da construção da unidade hospitalar.
Um jogo de mata-mata da Liga dos Campeões entre Atalanta e Valencia, em Bergamo, na Itália, foi considerado uma "bomba biológica" de acordo com Giorgio Gori, prefeito da cidade. Os quase 45 mil torcedores que estiveram em Milão podem ter contribuído para a explosão de casos do novo coronavírus no norte italiano, a região mais afetada do país.
"Naquela época, não sabíamos o que estava acontecendo. O primeiro paciente na Itália surgiu em 23 de fevereiro. Se o vírus já estava em circulação, os 40 mil torcedores que foram ao San Siro foram infectados. Ninguém sabia que o vírus estava circulando entre nós", afirmou, ao Tuttosport.
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