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Alívio, revolta e trauma: Botafogo muda planos após polêmica com Yaya

Botafogo foi da surpresa ao trauma em poucas horas: os bastidores do chapéu aplicado por Yaya Touré - Reuters/Andrew Boyers
Botafogo foi da surpresa ao trauma em poucas horas: os bastidores do chapéu aplicado por Yaya Touré Imagem: Reuters/Andrew Boyers

Alexandre Araújo e Bernardo Gentile

Do UOL, no Rio de Janeiro

23/05/2020 04h00

O "sim" de Yaya Touré para Leven Siano, candidato à presidência do Vasco, teve desdobramentos maiores do que se podia imaginar no Botafogo. O primeiro sentimento na cúpula de General Severiano foi de surpresa e rapidamente se transformou em revolta. As horas se passaram, um novo dia raiou e o trauma era claro. Tanto que o comitê executivo de futebol do Alvinegro mudou seus planos a curto prazo.

O UOL Esporte detalhou a sequência dos fatos de como o Botafogo encarou o 'chapéu' aplicado por Yaya Touré e pelo candidato para assumir o comando do Cruz-Maltino.

Surpresa

O anúncio pegou todos de surpresa no Botafogo. O clube mantinha conversas frequentes com o meia marfinense, que tinha em mãos um pré-contrato. A proposta era de dois anos por R$ 270 mil mensais - poderia chegar a quase R$ 400 com bônus. A expectativa era positiva em General Severiano.

Nem mesmo quando Leven Siano, há algumas semanas, havia dado dicas que se tratava de Yaya Touré, abalou o Botafogo. Os dirigentes entraram em contato com os responsáveis pela negociação e escutaram que não tinha nada disso e que se jogasse no Brasil seria no Alvinegro.

"Nem a gente, nem os empresários deles sabem de nada. Tem um contrato nosso lá. Está todo mundo achando esquisito, até os empresários. Ele estava doido para assinar com a gente. Nos pegou de surpresa", disse Carlos Augusto Montenegro, membro do comitê gestor do futebol do Botafogo, na noite de quinta-feira (21).

O Vasco, no entanto, ofereceu condições melhores e diretamente na empresa que agenciava a carreira de Yaya, a Entourage Sports. O marfinense se animou e assinou com Leven Siano, que precisa ganhar as eleições do Cruz-Maltino para fazer valer o contrato com o atleta. O pleito ainda não tem data definida, e o ex-jogador do Barcelona e Manchester City só poderia entrar em campo a partir de janeiro, quando haverá a mudança de gestão.

Revolta

Ao passo que a informação foi confirmada nos bastidores, o Botafogo passou para o estágio da raiva. Carlos Augusto Montenegro, Ricardo Rotenberg e até o intermediador Marcos Leite passaram a dar declarações fortes sobre o jogador. "Mau caráter", "sem palavra" e "mentiroso" foram alguns dos termos utilizados para ofender Yaya Touré ao explicar o golpe sofrido.

"Primeiramente, gostaria de pedir desculpas a todos os botafoguenses, não por ele ter assinado com o candidato, mas sim por ter indicado ao Botafogo uma pessoa mau caráter, sem palavra, mentiroso. Esse tipo de pessoa não merece vestir a camisa do Botafogo!", criticou Marcos Leite.

"É um cara sem palavra, que teve uma atitude sem caráter. Poderia ter dito ao Botafogo que não queria fechar com a gente, como o Botafogo faz quando um jogador nos é oferecido", completou Rotenberg ao Globoesporte.com após a desistência da contratação de Yay Touré.

Alívio

A forma como tudo aconteceu fez o Botafogo acreditar que se tratou de um "livramento". Muito decepcionado com Yaya Touré, os dirigentes entendem que o jogador mostrou sua verdadeira face e que a escolha pelo Vasco foi até boa. O alívio pode ser confundido como 'dor de cotovelo', mas os cartolas juram que não é o caso.

O Botafogo fez questão de exaltar a diferença entre Yaya Touré e Keisuke Honda. O japonês manteve sua palavra firme, mesmo quando outros clubes tentaram atravessar a contratação. Além disso, os alvinegros lembram que o japonês pediu para não receber o valor de março por conta da pandemia do novo coronavírus e ainda perguntou se o clube precisaria de alguma ajuda financeira. "É outra cultura, não dá nem para comparar", disse um dos dirigentes.

Além disso, na visão da cúpula alvinegra, a decisão de fechar com o candidato do Vasco mostra como Yaya encara o futebol atualmente. Com 37 anos completos na última semana, ele só poderá entrar em campo em 2021. A última partida do marfinense foi em outubro de 2019, temporada que ele jogou na China e entrou em campo em 11 partidas.

Trauma

Nos bastidores, até xingamentos foram desferidos. A raiva gerada a partir do 'balão' aplicado pelo marfinense ainda está sendo digerida pelos dirigentes. O que se pode dizer é que o Botafogo ficou traumatizado com a situação e mudou os planos a curto prazo. Até poucos dias o clube estava muito otimista por ter Yaya Touré ou Obi Mikel após a pandemia, agora a história é diferente.

O Alvinegro está em fase final para virar clube-empresa e entende que nenhuma contratação agregará neste momento. O nome de Yaya seguia na pauta apenas pelo motivo de a negociação ter começado há alguns meses. Portanto, a confiança residia na chegada do marfinense.

Com a negativa traumática, o Botafogo entende que o momento é de focar no projeto, que deve virar realidade nos próximos dois meses, segundo o clube acredita. Isso quer dizer que o clube segue interessado em Obi Mikel, mas não fará nenhum avanço nesse período. Dependendo de como o nigeriano estiver até lá as conversas poderão até ser retomadas se os novos dirigentes assim quiserem.

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