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Título do Palmeiras na Libertadores 99 rendeu VHS de bastidores da campanha

Júnior Baiano levanta a taça de campeão da Libertadores pelo Palmeiras em 1999, no Palestra Itália - Joel Silva/Folhapress
Júnior Baiano levanta a taça de campeão da Libertadores pelo Palmeiras em 1999, no Palestra Itália Imagem: Joel Silva/Folhapress

Diego Salgado

Do UOL, em São Paulo

30/05/2020 04h00

Um plano audacioso, com uma ideia fora dos padrões, marcou a campanha do Palmeiras na Libertadores de 1999. Dois produtores de TV, também torcedores do time, pensaram em registrar os bastidores dos jogos e depois juntar as imagens numa fita VHS, num documentário a ser vendido em bancas de jornais.

A dupla não só conseguiu colocar em prática o planejamento, como ainda contou com um final dos sonhos, com título inédito. O jogo da conquista palmeirense será reprisado amanhã (31) pela Rede Globo, a partir das 15h45 (horário de Brasília).

Para terem acesso aos bastidores, Luiz Fernando Santoro e Flávio Tirico pediram autorização à diretoria e ao elenco, incluindo o técnico Luiz Felipe Scolari. Além disso, arriscaram tudo, porque o investimento, segundo o acordo, teria de ser da dupla. O clube não poria um centavo no projeto.

"Decidimos fazer uma semana antes da viagem para o Paraguai [no segundo jogo da campanha]. Falamos com todos e compramos as passagens. Bancamos hotéis caríssimos, Investimos o dinheiro e arriscamos", contou Santoro, 20 anos depois, em entrevista ao UOL Esporte.

Se o Palmeiras perdesse, todo o trabalho iria por água abaixo, pois ninguém compraria uma fita com bastidores de um time vice-campeão. Por quase quatro meses, com direito a viagens a Assunção, Rio de Janeiro, Buenos Aires e Cali, os produtores se tornaram uma espécie de integrantes da comissão técnica, com livre acesso aos vestiários.

"Ficou combinado com o Felipão e uma comissão de jogadores, que tinha César Sampaio, Zinho e Velloso, que seria uma coisa positiva. Combinamos com o Felipão: a hora que ele olhasse, era para sair. O que é do vestiário ficaria ali. Mas não chegou a acontecer isso. Quando o Tirico sentia que não era legal, ele desligava a câmera", contou Santoro, que é professor do departamento de jornalismo da ECA (Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo).

Ao fim da campanha vitoriosa, depois de muito sofrimento — a dupla assistiu aos pênaltis contra o Deportivo Cali do vestiário —, o projeto deu certo. Segundo Santoro, os US$ 80 mil dólares foram recuperados. Cada fita custava R$ 20, e cerca de 20 mil cópias foram vendidas. A dupla repassou uma parte da quantia ao Palmeiras, presenteou os jogadores com o trabalho, pagou pela distribuição e lucrou o restante.

"Não tivemos prejuízos, recuperamos tudo e até tivemos pequeno lucro. Como negócio não foi tão bom, mas como posicionamento foi ótimo", afirmou Santoro, que ganhou uma camisa usada pelo volante Rogério das mãos do roupeiro Chiquinho, depois do título, ainda no vestiário do Palestra Itália.

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