Grêmio teve 'filial' no Japão após Mundial de 1983 e fez turnês com Felipão
O título mundial conquistado diante do Hamburgo, em 1983, e as turnês com Felipão e companhia tornaram o Grêmio famoso no Japão. A fama foi tanta que o clube gaúcho serviu de modelo para o início das atividades do Kasawaki Frontale. Na década de 1990, o time japonês veio ao Brasil e propôs contrato aos dirigentes gremistas para uma espécie de tutoria. O negócio fez a equipe nipônica usar escudo e camisas idênticas por anos. As cores seguem sendo inspiradas no tricolor de Porto Alegre.
O Frontale mantém ligações com o Brasil até hoje. O site oficial do clube tem uma versão em português e dentro de campo, a tradição de jogadores brasileiros é tocada em frente com Leandro Damião, ex-Internacional, Santos e Cruzeiro.
Para entender a história, é preciso voltar no tempo. Campeão com os dois gols de Renato Gaúcho em Tóquio, o Grêmio viajou ao Japão várias vezes entre 1984 e 1995. As turnês mais recentes foram com Luiz Felipe Scolari e o mítico time bicampeão da Libertadores.
"Me lembro de ir quatro vezes ao Japão com o Grêmio. Eram outros tempos, então eles conheciam só três times brasileiros: São Paulo, Flamengo e nós. Quando a gente chegava lá, parecia banda de rock. O assédio era muito grande, eu nunca visto igual", conta César Pacheco, dirigente gremista à época.
O Kasawaki Frontale foi fundado em 1955, mas ficou décadas como time da fábrica de eletrônicos da cidade. Com a expansão do futebol, o plano japonês para sediar a Copa do Mundo e o Grêmio pelas bandas orientais, os dirigentes tiveram um plano e viajaram a São Paulo para botar ele em ação.
"Estávamos concentrados para um jogo do Campeonato Brasileiro e um japonês insistiu muito para falar com o doutor Fábio (Koff, então presidente do Grêmio). Ele falou em nome do clube e disse que a ideia deles era fazer uma parceria. Um contrato de três anos", relembra Pacheco.
A oferta era um milhão de dólares por todo contrato, mas com intercâmbio de jogadores. Uso do escudo do Grêmio adaptado ao nome do Frontale e até camisas idênticas. A Penalty, fornecedora gremista à época, foi acionada e fez acordo também.
O Grêmio topou e enviou jogadores ao Japão. Recebeu jovens japoneses em Porto Alegre e adaptou dormitório no antigo estádio Olímpico.
"Fizemos quartos perto da churrascaria Mosqueteiro (restaurante na antiga sede do clube) e teve japonês e coreano por lá", cita César Pacheco.
Depois de três anos, o Frontale não quis renovar o contrato. Com mais estrangeiros no Japão, o clube preferiu seguir sozinho.
Em 1999, subiu para a primeira divisão e não saiu mais. Em 2016, contudo, lembrou da parceria: lançou uniforme retrô com as listras verticais, tal qual a camisa gremista. O escudo já havia sido modificado.
"Eu tenho boné, camisa, jaqueta. Eles me deram tudo do clube. Era o Grêmio do Japão", resume Pacheco. O negócio começou um tanto quanto despretensioso, assinado em jantar regado a muito sushi, mas marcou.
"Meu empresário me disse, quando a gente estava viajando para o Japão, que o Damião está muito bem no Grêmio do Japão e tal", cita Juan Alano, meia ex-Inter e atualmente no Kashima Antlers.
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