Ex-Botafogo brilha nos Emirados após período de treinos na seleção
Poucos torcedores do Botafogo conhecem Glauber. É que ele deixou o clube sem sequer estrear pelos profissionais, já que foi negociado com o Al-Nasr, dos Emirados Árabes, ainda quando defendia o sub-20. O Alvinegro tinha 70% dos direitos econômicos e ficou com cerca de R$ 2,5 milhões pela venda. O zagueiro tem início de carreira bastante promissor e, inclusive, já acumula premiações individuais na liga local.
"Começo melhor que esse impossível. Fui campeão e considerado o melhor jovem estrangeiro da Liga. Tive um pouco de dificuldade no início por estar chegando em um novo clube e também por causa de alimentação, cultura. É um país totalmente diferente do que vivia, no Brasil. Depois que me acostumei, me desenvolvi, evolui, principalmente após a chegada dos meus pais. Me alimentei melhor e me desenvolvi mais no clube com excelentes jogos", disse Glauber ao UOL Esporte.
Quem não acompanhava os jogos das categorias de vase, foi apresentado a Glauber quando Tite o convocou para um período de treinos seleção brasileira. O objetivo era completar as atividades durante os amistosos contra Panamá, em Portugal, e Republica Tcheca, em Praga. O jovem sugou o máximo de conhecimento possível e usou no seu dia a dia para engrenar a carreira.
"Foi período fantástico. Fizemos duas viagens: Portugal e República Tcheca. Momentos mais felizes da minha vida. Treinar com melhores jogadores da Europa e Brasil. Neymar estava machucado e não estava convocado. Mas no jogo no estádio do Porto ele foi nos vestiários falar com a rapaziada. Tirei foto com ele e foi momento muito marcante. Me ajudou muito. Me deu experiencia de vida, conselhos dos jogadores", lembrou.
Com a parada causada pela pandemia do novo coronavírus, Glauber se viu obrigado a interromper a boa sequência que viva com a camisa do Al-Nasr. O jovem zagueiro não se abala e mantém o otimismo para a quando a bola rolar, mesmo que ainda não tenha uma data ou sequer uma definição do que acontecerá com o campeonato em andamento.
"Nos liberaram para míni férias. Inicialmente voltaria em agosto para jogar as sete partidas que faltam da temporada que foi interrompida. Aí em setembro já iniciaria uma nova temporada. Ainda não está decidido, mas pode ser que cancele a antiga e foquem só na nova. Não fomos avisados até o momento, mas é o que se fala", lamentou.
"Atrapalha um pouco essa parada, pois vinha em uma sequência excelente. Mas eu vou voltar melhor ainda. Ficamos um pouco parado e já voltamos a treinar online. Liberaram e voltei para o Rio de Janeiro por um tempo para ficar perto da família. Mas logo mais já estou voltando para Emirados", finalizou.
Veja outras respostas de Glauber:
Botafogo
Peguei carinho muito grande pelo Botafogo. Foram seis anos e tenho carinho enorme. Não tenho magoa nenhuma do clube e espero voltar mais para frente com toda certeza. Vestir essa camisa gloriosa que esse clube tem.
Carreira
Comecei no Vasco, com 11 anos. Depois já fui para o Botafogo. No Vasco treinava pouco porque éramos pequenos. Então eu jogava também em outro clube, em São Gonçalo, o Niteroiense. Na época eu joguei contra a Trops (núcleo oficial do Botafogo, em Niterói) e o treinador me chamou para fazer teste. Passei após uma semana, em 2013, e fiquei lá desde então.
Infância
Graças a Deus nunca passei necessidade de pegar dinheiro emprestado, por exemplo. Meu pai sempre esteve comigo, me levou nos treinos e jogos. Ele tem uma escolinha de futebol no Jardim Catarina, em São Gonçalo, e foi onde comecei com quatro anos. Parte técnica e tática aprendi com ele. Estou realizando meu sonho e o dele.
Escolinha do pai
Escolinha do meu pai eu joguei antes de ir para os clubes. Foi onde tudo começou, mas não tinha como treinar nos dois. Escolinha era até o sub-20, mas ele diminuiu para 15 anos o limite. É mais fácil de controlar. Meus pais e minha irmã foram para os Emirados junto comigo. A escolinha está nas mãos de um amigo da confiança do meu pai, que fala com ele direto.
Início nos Emirados
Fiquei com meu empresário e o cara que me levou para os Emirados. Fiz alguns treinos em Dubai, por uma semana, mas teve a pré-temporada na Alemanha, onde fiquei por um mês. Só quando voltou é que comecei a ver questão de apartamento. Em campo já fiz a estreia na Copa, que fomos campeões. Vencemos de 3 a 0 e fiz excelente partida, graças a Deus.
Adaptação
No início fiquei no hotel e comia bem, né? Meu apartamento só me mudei com a chegada dos meus pais, então também não tive problema nesse sentido. Se tivesse ficado sozinho aí teria que me virar com lanches, o que não é bom. Em relação ao idioma, sempre tive um tradutor do clube. Nos treinos dei sorte que o treinador era brasileiro, com comissão de brasileiros. E ainda tem jogadores que falam espanhol, um português, o que ajudava para se comunicar com os árabes. Hoje já está melhor. Ainda não falo, mas entendo bem. Vou contratar uma professora para me ajudar quando voltar para lá. Vai me ajudar muito.
Tática contra gafes
Não tem muita resenha porque eu ficava muito em casa. Para não ficar falando besteira e não errar nada, eu ficava quietinho. Sempre que saía tinha um tradutor, então esperava ele me falar o que estava rolando para não dar mole [risos].
Carreira na Europa?
Assinei por três anos com possibilidade de renovar por mais um automaticamente. Minha mentalidade sempre foi atingir a Europa. Mas no momento estou focado no meu time. Prefiro me concentrar aqui e jogar. Não adianta pensar no futuro sem fazer o agora. Brasil só quero voltar mais para frente, mas em alto nível ainda.
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