Quem é o menino da Vila que "virou italiano" e já é comparado a Hernanes
Resumo da notícia
- André Anderson deixou o Santos ainda na base e hoje é jogador da Lazio
- Brasileiro de 20 anos já recebeu comparações com Hernanes e Giovanni
- Jogador deixou a Vila Belmiro após a renovação de contrato emperrar
- André Anderson estreou para cerca de 60 mil pessoas no estádio Olímpico
"Há um ano, eu estava treinando com os atletas que não seriam aproveitados pelo Santos. Mais ou menos um ano depois, eu estava jogando no estádio Olímpico, com 60 mil pessoas". O relato é de André Anderson, meia brasileiro que, com apenas 20 anos de idade, fez sua estreia com a camisa do time principal da Lazio em um jogo contra a Udinese, pelo Campeonato Italiano.
Mais um dos destaques da famosa base santista, André Anderson não chegou a ser aproveitado no time profissional do Peixe. Saiu antes disso, por "apenas" 400 mil euros (R$ 2,2 milhões na cotação atual), após tentativa de renovação contratual travar. Com a proposta italiana em mãos, não pensou duas vezes.
"Quando estávamos prestes a rescindir, o Santos se esforçou muito na negociação, até mais que eu esperava, mas eu já estava com tudo programado na minha mente para buscar novos desafios... Não acho que faltou algum tipo de interesse na renovação. Talvez antes de saberem, pode ser que sim. Mas era um momento em que queria buscar novos desafios, e a Itália para mim era uma oportunidade brilhante para eu buscar o meu espaço e a maturidade na área profissional. Sei que é só o começo de uma nova história", afirmou o Menino da Vila, em entrevista exclusiva ao UOL Esporte.
Ser chamado de Menino da Vila, aliás, é algo que agrada a André Anderson, mesmo a história com o Santos não tendo sido exatamente a que ele e o clube esperavam.
"Faltaram [oportunidades], mas não ficam ressentimentos acerca do meu passado e da história que vivi no Santos. Os momentos bons que passei lá foram melhores do que qualquer tipo de sentimento contrário contra a entidade ou contra o clube. Mesmo sabendo que faltaram oportunidades, continuo sendo feliz de ser chamado de Menino da Vila e saber que fui formado na maior base do Brasil", diz.
"É um orgulho ser chamado de Menino da Vila. Acho que é um título que muitos jogadores gostam e gostariam de ter. Você ter um privilégio de você ser formado em uma base como a do Santos. Vivi momentos muito bons lá, foram oito anos que passei e cresci e me desenvolvi muito lá. Fico muito feliz e me sinto privilegiado por ser chamado assim", acrescenta o jogador que, depois de ter sido convocado para a seleção brasileira sub-18, agora vive a alegria de defender o time de base da Itália.
O "frio na barriga" da estreia
André Anderson foi apresentado pela Lazio em agosto de 2018. De cara, foi emprestado para o Salernitana, da segunda divisão local, para adquirir experiência. Retornou para a atual temporada e, no primeiro dia de dezembro do ano passado, sentiu aquele frio na barriga. O técnico Simone Inzaghi mandou chamá-lo, e a estreia veio em um Olímpico lotado.
"A perna não tremeu, mas posso dizer que deu um frio na briga muito grande, muito grande mesmo. É uma mistura de sentimentos. Não de medo, mas de ansiedade, de entrar e mostrar o seu futebol. Há um ano eu estava treinando com os atletas que não seriam aproveitados pelo Santos, e um ano depois eu estava jogando no estádio Olímpico, com 60 mil pessoas, na Lazio, com o time fazendo uma baita campanha. Então, no momento em que ele me chamou, eu senti tanta coisa que é até difícil definir um sentimento específico. Para mim foi muito importante, e com certeza vai ser uma sensação que não vou esquecer pelo resto da minha vida", conta.
Comparações com Hernanes e até Messias
Mesmo com apenas três jogos pela Lazio, André Anderson já ganhou algumas comparações "de responsa" pelo seu futebol: Hernanes, ex-Lazio e hoje no São Paulo, e até Giovanni, o Messias, ídolo do Santos. Ele se diz grato, mas o quer mesmo é escrever a sua própria história.
"As comparações não me incomodam. Fico feliz de ser comparado com dois jogadores que escreveram lindas histórias no futebol. Apesar de respeitar, não me apego às comparações. Procuro viver a minha história. Sei que as comparações fazem parte do futebol, mas, sinceramente, não procuro fazer destas comparações uma pressão para que eu seja igual a eles. Estou aqui para escrever minha própria história", avisa o jovem, que espera deixar o status de promessa cada vez mais para trás.
"Eu fico feliz por ser visto dessa forma, só que eu não vejo isso como um privilégio, e sim como uma responsabilidade ser considerado uma promessa. Eu não quero ser uma promessa que vai ser sempre uma promessa. Eu procuro, com respeito aos meus companheiros, meu espaço e trabalhar para que essa promessa vire realidade. Acho que tenho treinado bem, trabalhado bastante e agora, com a volta do campeonato, acredito que terei mais oportunidades e assim poderei mostrar mais meu futebol", declarou o jogador.
Leia outros trechos da entrevista
A pandemia do coronavírus na Itália
Foi bastante complicado passar pela quarentena, pois foi uma mudança brusca na nossa rotina. Estávamos adaptados a um ritmo de treinos e dia a dia e, de repente, tivemos que ficar dois meses dentro de casa. Fico feliz pela Itália ter conseguido dar uma resposta ao momento crítico que chegou e hoje a gente possa retornar aos jogos. Um momento único e de muito aprendizado.
Posição de preferência: meia ou atacante?
Minha preferência é jogar. Como jovem e atleta que quer mostrar potencial, a preferência tem que ser estar no grupo e entre os titulares. Lógico que tenho a posição que mais me sinto à vontade, mas o momento é de conseguir se firmar na equipe titular. Abro mão de qualquer preferência hoje para estar entre os titulares.
Passagem pelo Salernitana
A passagem pela Salernitana foi importante para que eu pudesse entender o que é ser um atleta profissional. Foi onde tive minha primeira impressão do que é ser um jogador profissional. Pressões, estádio cheio, torcedor te cobrando na rua, mercado. Passar por tudo isso foi muito importante para o meu amadurecimento. Além disso, a Salernitana é um clube de muita cobrança, e isso me faz crescer demais.
Adaptação à Itália
Quando a gente sai de uma cultura que vivemos a anos e passamos a viver em outra totalmente diferente, a adaptação é diária. Meu pai teve uma conversa comigo antes de eu assinar com a Lazio e me disse uma frase que eu carrego até hoje: 'Você tem que se adaptar à Itália. Não a Itália a você'. É justamente isso. Não estou 100% adaptado, mas tenho buscado aprender diariamente a cultura, questões sociais... No começo foi muito difícil. Você se depara com um cenário totalmente diferente. Cheguei aqui muito jovem, imaturo e sozinho. Minha esposa só veio morar aqui depois. Foi um choque. Fui criado de uma forma e tive que viver aqui de uma maneira totalmente diferente. Apesar de ter a certeza de que ainda tenho muita coisa a aprender, me sinto um profissional e um ser humano muito mais maduro hoje.
A língua italiana
Eu consigo entender mais do que falar ainda. Aprendi a falar algumas coisas, mas não tudo. Mas o Mister é um professor que sempre busca estar informado das condições do atleta, como os atletas estão, se está tudo bem, com dor ou não. Isso passa uma tranquilidade para o atleta, e, assim como comigo, acho que o grupo todo se sente muito feliz por ver um treinador que se preocupa, que está sempre do nosso lado.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.