Benja discute com Flávio Gomes ao vivo: 'O vírus é seletivo?'
O clima esquentou no Fox Sports Rádio de hoje com uma discussão entre o apresentador Benjamin Back e o comentarista Flávio Gomes. O debate começou com a notícia de que os times paulistas podem voltar a treinar na segunda-feira (15).
Flavinho se posicionou contra o retorno das atividades, e teve o apoio de Sormani no início da discussão. Benja afirmou ser contra o retorno dos jogos, mas disse não ver problema na volta dos treinos. Os ânimos esquentaram quando o apresentador acusou Flávio Gomes de ser incoerente por apoiar as manifestações do último fim de semana, que também geraram aglomeração.
"Essa informação vem à tona no mesmo dia em que São Paulo (o estado) registrou o recorde de mortes desde o início da pandemia. Parabéns! Vamos voltar a jogar futebol! Estamos precisando muito. Abram as arquibancadas também para ficar mais bonito", ironizou Flavinho.
"Mas também têm as outras notícias. O outro lado. Coisas positivas. Eu sou contra voltar agora. Domingo teve passeata no Brasil inteiro. Eu não vi ninguém reclamar. Não estou discutindo o conteúdo das passeatas e protestos, mas o povo estava lá. A televisão mostrou um monte de gente com máscara, sem máscara. Eu vi um monte de gente que critica a volta aos treinos se calar sobre as passeatas. É difícil saber o que é verdade e o que é mentira no país. E de todos os lados. Ontem, lendo, eu vi que o número de pacientes nos hospitais em São Paulo está caindo e que há uma esperança de achatamento da curva para julho. Por que tenho que acreditar só nas coisas negativas se eu já não sei quem está falando a verdade? Não estou defendendo A ou B. Estou expondo um ponto de vista. Eu só leio coisa ruim e quando a gente lê coisa positiva, o pessoal fala que não vale. A Espanha estava um caos e hoje a La Liga quer voltar os jogos com torcida. E eu não estou defendendo a volta do futebol no Brasil, não sou a favor do retorno. Agora, acho que os jogadores têm condição de voltar a treinar. Em São Paulo, já estão flexibilizando, as lojas vão abrir, os shoppings. Por que as notícias de um lado são mentira e de um lado são verdade?", declarou Benjamin Back.
"Porque de um lado é ciência, do outro é 'achismo'. O lado que traz as notícias negativas é da ciência. O das notícias positivas, é baseada em 'achismo'. Eu e o Flavinho nos baseamos no lado da ciência. Podemos estar errados, se a ciência errar. E isso vai ser histórico (...) E há uma diferença grande entre nós e a Espanha. A Espanha teve uma quarentena. Nós não atingimos o pico. Como vamos sair? De repente, a ciência está errada", rebateu Sormani.
"Eu não estou dizendo quem está certo e quem está errado. Estou questionando por que só o que eu ouço de desgraça é que é verdade", disse Benja.
"As desgraças são fatos. Eu não acho que a coisa está ruim. A coisa está ruim", respondeu Flavinho, interrompendo Benja.
"Quando as pessoas se curam, ninguém vem aqui falar, é uma 'materiazinha' ali, uma lá. Porque o que gera é a desgraça. O que você achou das passeatas, Flavinho?", continuou o apresentador, que também interrompeu o comentarista.
"Se você deixar eu falar, eu respondo! Se você me deixar falar e não ficar me interrompendo", disse Flavinho, exaltado.
"Se você não politizar, pode falar", replicou Benja.
"É claro que eu vou politizar. As passeatas são políticas. Eu não vou defender lado", disse Flavinho.
"Não, não vai falar. Eu não politizei. Pode cortar o áudio. Aqui ninguém vai politizar!", disse Benja.
"Só vou falar o seguinte para você. Se você está falando das últimas passeatas, nós passamos três meses tendo outras passeatas, e você não falou nada. Três meses! Você não falou das outras passeatas todas até agora", respondeu Flavinho.
"Eu também acho um absurdo", disse Benja.
"Trate as coisas com o mesmo peso, Benjamin! Trate as coisas com o mesmo peso! Para eu defender as passeatas, eu preciso falar de política. Se não quer que eu fale de política, não vou falar de nenhuma passeata. Se eu não falei das outras, por que eu tenho que falar dessa?", continuou Flavinho.
"Então não critica a volta de jogador para o treino. Estamos falando de 30 pessoas e você está falando de mil, qual a coerência", replicou Benja.
"Eu critico. Porque esporte você compara com esporte, manifestação com manifestação. Eu não fui a nenhuma manifestação. Meu filho foi. E eu dei apoio. Agora, eu estou falando de uma situação sanitária, de esporte. Agora, se você quer que eu fale das últimas manifestações, eu vou falar das mais antigas", respondeu o comentarista.
"Você está sendo incoerente! Você apoia seu filho a ir numa manifestação e jogador que está fazendo teste não pode voltar", rebateu Benja.
"Não apoiei, ele foi porque ele quis. (...) Eu acho que o futebol é uma coisa menor diante do que está acontecendo no país", disse Flavinho.
Após uma rodada de opiniões dos comentaristas Oswaldo Pascoal, Mano e Felippe Facincani, Benja alfinetou Flávio Gomes antes de ele voltar a falar e a discussão recomeçou.
"Fala quanto tempo você quiser, amor. Só não politiza", disse.
"Eu só estou dizendo que quando você menciona as manifestações do último fim de semana, você está politizando de uma certa forma. Você se refere às manifestações de uma maneira crítica, sendo que várias estão acontecendo desde março e nós temos nos limitado a falar de futebol. E eu estou me policiando para isso. Sei que você não gosta. Voltar o futebol agora é uma insanidade. Há uma pressa, uma pressa, uma ânsia no Brasil para voltar a treinar, a jogar. Onde voltou-se a jogar futebol, as autoridades têm convicção de que a Terra é redonda, o que é muito útil nesse momento. Isso leva a outros raciocínios como saber que não se deve estimular nenhum tipo de aglomeração, de atividade coletiva, quando você ainda tem um número ascendente de mortes e de contágios. Isso não é politizar, não é segredo que o Brasil hoje é o país mais caótico no combate à pandemia. Ontem, o governador e o prefeito do Rio de Janeiro liberaram tudo. À tarde, a Justiça Federal proibiu tudo. Está todo mundo que nem barata tonta. Não tem uma autoridade no Brasil que sabe o que está fazendo. Cada um está remando para um lado", ponderou Flávio Gomes.
"Eu não estou politizando a questão das passeatas. Quando eu falei das passeatas, eu disse que concordo com muitas coisas do conteúdo das passeatas. Não estou criticando isso. Sempre fui a favor da democracia, contra o racismo. Não estou criticando essas coisas. Há três meses, não critiquei as passeatas porque a gente não estava falando de voltar o futebol. (...) Você disse que acha uma insensatez incentivar qualquer aglomeração. Mas você incentivou seu filho a ir em uma passeata no domingo", rebateu Benja.
"Eu não incentivei. Só não proibi", corrigiu Flavinho.
"Ah, me desculpa, mas se meu filho me fala que vai sair no meio de uma multidão, eu falo que ele não vai. E se argumentar que é importante, eu digo que a vida é mais importante, não deixo sair e falo ainda que se sair não volta para casa. Estamos no meio de uma pandemia. Estamos falando de vida. Não estou discutindo o conteúdo. Eu saí nas Diretas Já! em 1984, mas agora estamos no meio de uma pandemia. Agora, por que eu não posso falar para vinte, trinta caras voltarem a treinar em um ambiente fechado ou ao ar livre enquanto incentivo uma passeata. O vírus é seletivo? Ele não vai atacar uma causa justa? Não! Não estou politizando. (...) Alguém mais quer falar alguma coisa?", concluiu Benja.
Depois de um tempo de silêncio, Facincani, mais calmo, tomou a palavra e a atração prosseguiu sem maiores exaltações.
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