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Elenco relata imposição do Cruzeiro ao assinar documento por corte salarial

Elenco do Cruzeiro participa de treino na Toca da Raposa II - Gustavo Aleixo/Cruzeiro/Divulgação
Elenco do Cruzeiro participa de treino na Toca da Raposa II Imagem: Gustavo Aleixo/Cruzeiro/Divulgação

Thiago Fernandes

Do UOL, em Belo Horizonte

12/06/2020 04h00Atualizada em 12/06/2020 14h42

Resumo da notícia

  • O Cruzeiro fez com que os atletas assinassem autorização para reduzir 25% dos salários durante a pandemia
  • Jogadores e agentes ouvidos pelo UOL relataram que não houve negociação e alegam imposição sem consulta prévia aos representantes
  • Procurado pela reportagem desde a tarde da última terça-feira, o clube não se manifestou até a publicação deste texto

O Cruzeiro fez com que os atletas assinassem, na manhã da última terça-feira (9), um documento em que autorizam a redução salarial de 25% durante a pandemia do novo coronavírus. Jogadores e agentes ouvidos pelo UOL Esporte relataram que não houve negociação e alegam imposição das assinaturas sem consulta prévia aos representantes — empresários e advogados.

Pedro Moreira, supervisor de futebol, foi o encarregado de se reunir com os comandados de Enderson Moreira para solicitar a assinatura do acordo. O dirigente foi à Toca da Raposa II, se encontrou separadamente com os grupos antes dos treinamentos e teve a incumbência de explicar os cortes. A ideia era que todos assinassem os documentos para deixar o clube resguardado juridicamente.

Alguns atletas se mostraram contrários ao fato, mas, sem a possibilidade de consultar membros do estafe, preferiram assinar à documentação. Embora os jogadores tenham firmado o acordo somente na manhã de terça-feira, a redução salarial foi determinada no clube ainda no decorrer da gestão do Núcleo Dirigente Transitório, que deixou a direção em 31 de maio passado.

A diretoria já havia enviado o documento para a assinatura dos atletas concordando com o corte salarial por meio de mensagem eletrônica (e-mail). No entanto, a maioria do grupo de atletas ignorou o fato e não apresentou resposta. A situação é tratada internamente no clube.

A reportagem tentou estabelecer contato com membros da diretoria do Cruzeiro, mas o grupo não atendeu aos telefonemas. Foi pedida uma posição à assessoria de imprensa cruzeirense às 13h57 (de Brasília) de terça-feira. A reportagem voltou a solicitar na quarta (10), às 9h20, e na quinta, às 13h54 (de Brasília). No entanto, até a publicação do texto, a resposta não foi enviada à equipe.

A diretoria do Cruzeiro se posicionou na tarde de hoje (12), após a publicação do texto: "No primeiro dia de maio de 2020 o Cruzeiro Esporte Clube tornou público, em seu site oficial, que os atletas e membros da comissão técnica do elenco principal seriam submetidos a uma redução de 25% nos valores dos salários. A medida, previamente comunicada, inclusive ao respectivo sindicato, precisou ser adotada para minimizar o impacto financeiro causado pela pandemia do COVID-19".

"Além disso, o Cruzeiro procurou formalizar a anuência de cada um dos profissionais do futebol com a redução em questão, o que vem sendo feito por todos, em um sinal de que também atletas e comissão técnica estão sensíveis ao momento difícil, que há de ser superado", acrescentou.

A folha salarial do Cruzeiro está avaliada em cerca de R$ 3 milhões por mês, de acordo com membros do antigo Núcleo Diretivo Transitório. Com a redução, o valor se aproxima de R$ 2,250 milhões. O elenco tinha um teto salarial de R$ 150 mil mensais, o qual não deve ser mantido. Somente o goleiro Fábio e o atacante Marcelo Moreno recebem mais que o limite estipulado pela cúpula anterior.

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