Como Leonardo virou desafeto de Neymar, ganhou força e elevou tensão no PSG
Há um ano, o diretor de futebol do Paris Saint-Germain, Leonardo, chegou com carta-branca para promover mudanças e tomar o controle do vestiário. Em pouco tempo, virou desafeto dos jogadores e passou toda a temporada sendo ignorado por Neymar. Agora, a decisão de colocar um fim na história dos ídolos Thiago Silva e Cavani no clube é um novo ponto de atrito com o elenco e aumenta o ambiente de tensão com o qual convive o PSG.
Leonardo é visto internamente como centralizador. Fala diretamente com o proprietário do PSG, o emir do Qatar, Tamim bin Hamad Al-Thani, sem precisar passar pela ponte do presidente Nasser al-Khelaifi, e tem força interna justamente por tocar em jogadores poderosos. Do entorno dos brasileiros do PSG, Thiago Silva, Marquinhos e Neymar, a reportagem do UOL Esporte já ouviu diversas críticas ao comportamento do dirigente.
A gestão Leonardo ainda colhe outros desafetos no vestiário. Há relatos de calorosa briga com o goleiro Keylor Navas, que defendia o elenco de críticas do dirigente por comportamento festivo. Navas, Neymar e Cavani foram repreendidos por apareceram em vídeo girando a camisa e dançando em uma festa de aniversário de Di Maria, Cavani e Icardi dois dias depois da derrota por 2 a 1 para o Borussia Dortmund, no jogo de ida das oitavas de final da Liga dos Campeões. A virada e classificação foram celebradas justamente com a imitação do festejo do trio, estando o elenco ali "cutucando" diversos críticos como Leonardo.
A relação de Leonardo com Neymar inexiste, definem pessoas próximas do atacante. Já foram várias atitudes do dirigente apontadas como irritantes, tais como um suposto jogo de cena em negociação de transferência para o Barcelona, críticas à celebração em festa de aniversário sendo expostas ao elenco e até uma proibição de jogar quando já estava recuperado de lesão - este último caso levou Neymar a criticar o PSG abertamente.
Por outro lado, há quem defenda de que Leonardo virou uma figura anti jogador tão ativa que acabou unindo o vestiário. A temporada do PSG é ótima, sendo o time campeão francês, finalista da Copa da França e da Copa da Liga da França, e garantido nas quartas de final da Liga dos Campeões.
O Neymar foi a pessoa mais importante para a união do grupo. Ele organizou um jantar em casa com todo o elenco antes do jogo decisivo contra o Borussia Dortmund. Ali, acho que formamos um vínculo sagrado
Ander Herrera, em entrevista recente à rádio COPE, da Espanha.
Thiago Silva esperava proposta
Thiago Silva explicitou a prioridade de permanecer no Paris Saint-Germain. No entanto, jamais contou com proposta de renovação. O zagueiro esperava por oferta de, ao menos, um ano de contrato, mas acredita que Leonardo teve papel fundamental para a decisão.
A postura do diretor esportivo do PSG é a de não renovar contratos no PSG. Assim, Cavani e Choupo-Moting também já são considerados fora dos planos do time para a próxima temporada. O entendimento é que os ordenados pagos pelo PSG estavam muito acima da média do mercado. Leonardo acredita que o clube francês criou uma cultura do dinheiro inviável desde que foi adquirido por um fundo de investimentos do Qatar, em 2011.
O primeiro a se irritar com as decisões de Leonardo foi o brasileiro Daniel Alves. O ato inicial do dirigente assim que voltou ao clube há um ano foi o de não renovar o contrato do lateral por entendimento que o salário pago a ele era exagerado.
Com pouco interesse em renovação, outro que passa pelo mesmo cenário é o lateral direito Thomas Meunier. Sem contrato a partir de junho, nunca partiu do belga uma iniciativa de renovação. Já o mesmo não se pode dizer de Di Maria, com vínculo até o junho de 2021. O argentino de 32 anos quer seguir, mas desconfia que vai passar pelo mesmo sofrimento de Cavani e Thiago Silva.
Na contramão dos jogadores que sofreram com a chegada de Leonardo está Marquinhos. O dirigente acredita que o zagueiro é o jogador-modelo para o futuro do clube por conta da idade, 25 anos, experiência, e identificação com a torcida do PSG. Ele ganhou aumento ao renovar o contrato no fim do ano passado — o vínculo atual é até junho de 2024. Já a situação de Neymar ainda é tratada com cautela no clube. Leonardo ainda não conversou com representantes do jogador sobre a renovação, mas está ciente que o desejo de transferência para o Barcelona jamais teve um final.
O moral de Leonardo no PSG
Leonardo é figura de grande aceitação entre os fãs do PSG. Ele foi o primeiro dirigente da era Qatar no clube e teve atuação capital para a contratação de vários reforços de peso, como Verratti, Maxwell, Ibrahimovic, Thiago Silva, Thiago Motta, Pastore, Marquinhos e Cavani.
A primeira passagem pelo PSG foi finalizada em 2013 depois que o dirigente foi suspenso por um ano pela Federação Francesa de Futebol (FFF) sob a acusação de ter empurrado um árbitro. Leonardo negou ter praticado a agressão.
A volta de Leonardo ao PSG aconteceu justamente pela análise de que o perfil linha dura faria com que os jogadores mudassem comportamentos. Tanto que a apresentação por parte do presidente, Nasser al-Khelaifi, veio logo após um duro discurso ao elenco.
"Nesta temporada, os jogadores terão que assumir responsabilidades muito maiores do que antes Tem que ser completamente diferente. Terão que fazer mais, trabalhar bem mais. Não estão aqui no Paris-Saint Germain para se divertirem. E se não concordarem com este ponto de vista, as portas estão abertas. Adeus! Não quero continuar a ter jogadores com comportamentos de popstars", foi o recado do presidente do PSG em entrevista à revista France Football.
Outro ponto de Leonardo que agrada os fanáticos pelo PSG está no volume de declarações oficiais. Esse era uma das principais críticas aos dirigentes do clube na gestão Qatar. Desde que o dirigente brasileiro retornou ao clube, os principais assuntos são tratados publicamente.
"Sobre Thiago Silva e Cavani a gente sempre se pergunta se é preciso continuar o caminho juntos, ou se é melhor evitar um ano a mais. As histórias foram muito bonitas. Mas sim, chegamos ao fim", comunicou Leonardo em entrevista ao "Le Journal du Dimanche", da França.
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