Crivella confirma volta do Carioca, mas apela por Flu e Bota só em julho
O prefeito Marcelo Crivella se reuniu na manhã desta quarta-feira (17) com representante da maioria dos clubes do Campeonato Carioca. O mandatário voltou a pedir para a Ferj (Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro) que avalie a volta de Fluminense e Botafogo — contrários ao retorno imediato — apenas em julho.
Dos quatro grandes, apenas o Vasco da Gama não enviou representante à reunião. O Flu esteve representado pelo coordenador Marcelo Penha, que deixou o Palácio da Cidade ao fim do encontro e nem posou para fotos na coletiva de imprensa de Crivella.
"Há clubes que acham que não devem voltar agora. Foi esse o pedido que fiz ao presidente da FERJ. Que aqueles clubes que voltem em julho não sofram W.O. ou punição. Nesse momento temos que entender que cada um reage diferente às questões da pandemia. Esperamos que consigamos resolver essas diferenças. O presidente do Botafogo e o representante do Fluminense acham que é assim", opinou o prefeito.
O retorno do Carioca está confirmado para a quinta-feira (18), às 21h30, com o jogo entre Flamengo x Bangu. Representante da Ferj, o diretor Leonardo Ferraz afirmou que levará o pedido do prefeito ao presidente Rubens Lopes, que também não esteve na reunião.
"A gente vai levar essa discussão para o presidente Rubens Lopes e ao colegiado, que é o que vai decidir e tentar encontrar o caminho para que a gente consiga fazer tudo dar certo. Os jogos estão mantidos para o dia 22, tanto Botafogo quanto Fluminense. A decisão dos clubes, por maioria, foi essa", declarou.
O prefeito Marcelo Crivella reiterou que o presidente Jair Bolsonaro, no último encontro que tiveram, afirmou que estaria presente mesmo com o estádio vazio.
"Amanhã já temos jogo. Já temos futebol. Grande notícia. Um jogaço: Flamengo x Bangu no Maracanã. A última vez que estive com o presidente Jair Bolsonaro, ele disse que estaria presente. Não sei se conseguirá", disse.
Crivella preferiu não entrar em polêmicas sobre uma suposta declaração de Rubens Lopes, negada pela Ferj, de que o prefeito não teria nenhuma ingerência sobre o campeonato.
O mandatário lembrou que as fases de reabertura gradual da cidade do Rio de Janeiro não são obrigatórias, e que a vontade de Fluminense e Botafogo, em seu entendimento, deveria ser respeitada. Crivella fez um apelo.
"Não é obrigatório. Se um dono de shopping ou restaurante que acha que não é a hora de abrir, não é obrigatório. Ninguém vai ser multado se não abrir. Pedimos uma solução pacífica para a controvérsia. As pessoas têm que obedecer o calendário da Ferj, mas estamos vivendo o problema da pandemia. É necessário ter uma genialidade política para resolver isso. O melhor nesse momento é o equilíbrio, o bom senso", disse.
Botafogo e Flamengo se posicionam
Após a reunião, Nelson Mufarrej, presidente do Botafogo, e Rodrigo Dunshee, vice-presidente Geral e Jurídico do Flamengo, falaram sobre o encontro. O mandatário alvinegro afirmou ser "impraticável" tanto a equipe de General Severiano quanto a do Fluminense, que ainda não retomaram treinos presenciais, entrar em campo na próxima segunda-feira.
"O Botafogo sai daqui esperando a conciliação. O Botafogo não está desrespeitando nada. O Botafogo respeitou e respeita vidas de jogadores, funcionários, familiares e de toda a população. A pandemia nos deixa numa situação difícil. A posição do prefeito é muito salutar. O Botafogo agora está começando seus treinamentos. É impraticável o Fluminense e o Botafogo jogarem na segunda-feira. Não tem condições. Saio com a esperança de que tenhamos no mínimo 15 dias para a nossa preparação", apontou.
Mufarrej fez um pedido para que "acabe a vaidade" e ressaltou a expectativa para que todos cheguem a um denominador comum.
"Há uma flexibilização, que nos queremos, mas sem extremismo. Nos propusemos a jogar dia 1 e dia 4, em comum acordo com o Fluminense. Ontem foi proposto pelo presidente do Vasco para jogarmos no dia 28 e dia 1, mas não foi nem votado. Fica o pedido que acabe a vaidade. Que a gente tenha o charmoso Campeonato Carioca e valorizemos o produto. É importante que deixamos a vaidade para trás. Estou convicto que chegaremos a uma conciliação. Não vamos entrar em campo dia 22 e 24. Esperamos ter a compreensão para voltarmos depois. Faço um apelo por todos os clubes e ao presidente da Ferj para revermos isso e chegarmos a um consenso", completou.
Já Dunshee, que representou o Flamengo, fez elogios a Crivella e garantiu que o Rubro-Negro atravessou todos os trâmites em meio à pandemia com responsabilidade. O dirigente do clube, ao garantir que a equipe vai encarar o Bangu amanhã (18), indicou que se outros clubes não treinaram, "tem que explicar o motivo".
"O Flamengo veio aqui prestar nossas homenagens ao prefeito e à secretária de saúde Beatriz Busch. Temos um desafio grande pela frente, mas ficamos felizes em saber que estamos na ponta na luta contra o coronavírus. Não esperava nada diferente do prefeito, que faz um trabalho brilhante. O Crivella está no papel dele e é importante que faça esse apelo. Ele sabe que o âmbito legal e contratual é da Federação, onde estamos discutindo há muito tempo. Estamos acompanhando tudo. Com a responsabilidade que temos, sempre afirmamos que podemos voltar em 2 de junho aos treinos. O Flamengo não inventou nada, nem a Ferj. Agora entramos na segunda fase, que já permite os jogos. O jogo do Flamengo está marcado e o Flamengo vai jogar. O clube está no seu papel. Não posso falar pelos outros clubes. Se eles não treinaram, tem que explicar o motivo", disse.
Fluminense divulga nota
O Fluminense, em nota oficial divulgada na manhã de hoje (17), afirmou que o fato de ter enviado representante à reunião com a Prefeitura do Rio de Janeiro "não significa anuência com a injustificável decisão do arbitral da Ferj de retorno imediato do campeonato". Marcelo Penha, coordenador administrativo do Tricolor, esteve no Palácio da Cidade, mas não concedeu entrevista.
"O Fluminense Football Club enviou representante à reunião entre os clubes de futebol e a prefeitura, em atenção à institucionalidade e em demonstração de total abertura ao diálogo. No entanto, a presença de um dirigente do clube na reunião não significa anuência com a injustificável decisão do arbitral da Ferj de retorno imediato do campeonato, em meio a riscos ainda elevados de contaminação de atletas, funcionários e torcedores. Seguimos aguardando o bom senso da FERJ na remarcação das datas, e essa é nossa esperança. Mas reafirmamos que ainda não é a hora de voltar aos campos", diz a nota.
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