Topo

De volta para casa, time de Ronaldo tem CT padrão Nasa como trunfo

Valladolid receberá amuletos dos torcedores para jogo desta quarta-feira - David S. Bustamante/Soccrates/Getty Images
Valladolid receberá amuletos dos torcedores para jogo desta quarta-feira Imagem: David S. Bustamante/Soccrates/Getty Images

Thiago Tassi

Colaboração para o UOL, em São Paulo

17/06/2020 04h00

O Real Valladolid voltou a jogar no fim de semana e venceu. Agora, o time de Ronaldo Fenômeno se apronta para o primeiro desafio em casa do "novo futebol". Não vai ter torcida no Estádio José Zorrilla, e o clube preparou algumas ações para aproximar torcedores e equipe no jogo de hoje (17), contra o Celta, pela 29ª rodada do Espanhol.

Mas como andam as coisas neste momento de adaptação? Em conversa com o UOL Esporte, o diretor geral de negócios da equipe do ex-camisa 9 da seleção brasileira contou que as instalações estão com padrão 'Nasa' desde que os treinos presenciais foram liberados por lá, em 11 de maio.

"A lista de normas e regulamentos é infindável. Hoje, entrar no centro de treinamento é totalmente diferente de como era há três meses. Para quem não é jogador e para quem é, também. Eu estava até brincando outro dia, parece que a gente está entrando na Nasa [risos]. Checa temperatura, porta automática. É totalmente diferente de como era", afirmou Gabriel Lima, 37 anos.

O brasileiro, que é responsável pelas áreas comercial e de marketing do clube desde o segundo semestre do ano passado, revelou algumas ações para o confronto hoje. Além do som da torcida que a própria La Liga disponibiliza, o Valladolid reuniu amuletos dos torcedores para deixar nas arquibancadas. Em caso de gol do time mandante, aparecerão vídeos de comemoração no telão feitos pelos sócios.

O administrador também detalhou os cuidados de higiene que a liga espanhola adotou junto aos clubes da elite, que retornaram às atividades no mesmo dia.

Testagem em massa em todos os profissionais, retorno gradativo aos treinos, voos em aviões maiores — capazes de comportar o distanciamento entre as pessoas —, carros higienizados no CT, delegação enxuta e 'lista de presença' somente com o essencial a cada partida são algumas medidas.

Para quem trabalha nos bastidores da engrenagem que faz a bola voltar a rolar, as coisas mudaram para valer. Tanto é que, ao comparar o que fazia antes da pandemia e agora, o diretor usou mais de uma vez a expressão "futebol de antigamente". E ele próprio brincou com o termo que utilizou. "Antigamente é ótimo [risos]. Parece que é outra era", brincou.

O clima para o jogo em casa, no entanto, é bom. Gabriel Lima diz que a ansiedade é grande, mas que há confiança e trabalhos específicos para evitar aglomerações ao redor do estádio. No jogo do Barcelona no último sábado (13), por exemplo, um torcedor invadiu o gramado. Ele diz que a união dos clubes e o preparo coletivo são fundamentais para conter os problemas.

"Aqui, por exemplo, não tinha um clube que estava treinando e outro clube que não estava treinando, não existiu. Os clubes puderam voltar a treinar no mesmo momento. Por uma questão de você ter equidade na liga, na volta da competição. A gente tomou muito cuidado, e quando falo a gente são todos os clubes e a Liga", afirmou.

Reservas do Valladolid acompanham duelo contra Leganés, no último sábado (13) - Oscar J. Barroso / AFP7 /Getty Images - Oscar J. Barroso / AFP7 /Getty Images
No último sábado (13), reservas acompanharam jogo da arquibancada
Imagem: Oscar J. Barroso / AFP7 /Getty Images

Brasil pode usar europeus de exemplo?

Ao que tudo indica, o Brasil caminha na contramão dos países europeus que já voltaram com o futebol. Há clubes que já retomaram as atividades, como são os casos de Flamengo e Red Bull Bragantino, que depois voltou atrás na decisão, e estaduais que podem ter jogos já amanhã (18). O relato do diretor do Valladolid não é muito animador.

"Aqui é dividido em região autônoma, e cada região está em um momento. Tem região que está mais avançada do que a outra e que poderia, até pelas normas do governo, já ter algumas flexibilidades que outras não teriam. E todos os clubes foram conscientes de seguir o mesmo protocolo", explicou, antes de emendar.

"É uma grande oportunidade [de união dos clubes], como um todo. A pandemia é horrível, do ponto de vista humano, mas ela gera uma oportunidade de união, de entendimento do outro lado, de empatia. E eu acho que o Brasil tem essa oportunidade. Aqui foi feito desta maneira, é uma questão de vontade e organização. Se você tiver vontade, organização e liderança você consegue. É por aí o caminho."

Certamente o caminho é longo. E ainda mais comprido para um país como o Brasil, que não demonstra nem perspectivas de baixa dos números de casos e óbitos devido à Covid-19.