Quem é o desconhecido técnico do Bayern que encanta e virou escolha certa
"Flick tem uma ideia impressionante de treinamentos e tática. E ele se entende bem com os jogadores. Posso dizer com toda a convicção: confiamos em Hans Flick."
A declaração é de Karl-Heinz Rummenigge, diretor-executivo do Bayern de Munique, para explicar a decisão de efetivar Hans Flick, 55, como técnico da equipe em novembro do ano passado. Ele comandou só dois jogos como interino após a demissão de Niko Kovac, no quarto lugar do Campeonato Alemão, e depois de levar a maior goleada do time em dez anos vendo o trabalho naufragar.
Erik Ten Hag, Ralf Rangnick, Arsene Wenger, Mauricio Pochettino, Massimiliano Allegri e José Mourinho eram cotados para o cargo, mas o Bayern fez a alta aposta num novato. E agora colhe os frutos: ontem (16), foi octacampeão alemão e espera ansioso pela retomada da Liga dos Campeões da Europa, em que venceu o Chelsea por 3 a 0, fora de casa, na ida das oitavas de final.
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Quem é?
Hans Flick foi jogador profissional. Meio-campista, atuou em quatro clubes e só na Alemanha. No Bayern de Munique foram cinco anos, entre 1985 e 1990, 104 partidas e apenas cinco gols. Foi ídolo mesmo do Victoria Bammental, modesto time da cidade onde foi criado e começou a carreira como técnico nas categorias de base.
Depois foi técnico do Hoffenheim, auxiliar de Giovanni Trapatonni e Lothar Matthaus no Red Bull Salzburg, da Áustria, e contratado em 2006 como assistente de Joachin Low na seleção alemã. Permaneceu até 2014, ano do 7 a 1 contra a seleção brasileira e do tetracampeonato mundial. Depois, foi diretor esportivo até aparecer o convite para trabalhar no Bayern, em julho de 2019.
O que fez?
Primeiro passo de Flick como técnico interino do Bayern de Munique foi ajustar a defesa. O time vinha de 14 gols sofridos em sete partidas com Kovac e tinha pela frente um compromisso pela Liga dos Campeões e um clássico contra o Borussia Dortmund em uma semana. Venceu os jogos por 2 a 0 e 4 a 0, respectivamente. Na sequência, novas goleadas, por 4 a 0 (Fortuna Dusseldorf) e 6 a 0 (Estrela Vermelha).
O comportamento coletivo quando o adversário tem a bola foi a principal mudança notada desde o começo. No 4-2-3-1 da vitória de ontem sobre o Werder Bremen, a primeira linha defensiva foi formada por Pavard, Boateng, Alaba e Davies, com Kimmich e Goretzka à frente, Gnabry, Muller e Coman na armação (e também no primeiro combate defensivo) e Lewandowski com total liberdade no ataque.
São três linhas de marcação, o que atrapalha que os adversários façam lançamentos ou passes em profundidade, além do conceito de marcação pressão, com encaixes individuais quando o rival sai para jogar na tentativa de retomada rápida da posse de bola. Há comprometimento da linha de três ofensiva na marcação, e isso faz toda a diferença. É uma postura que se repete dentro e fora de casa.
Com quem?
Flick aposta em ajustes e improvisações para que o time respeite suas ideias de jogo. O lateral direito Kimmich, por exemplo, se fixou como volante ao lado de Goretzka, que ganhou espaço, ou Thiago Alcântara. Foi Kimmich quem decidiu a partida contra o Borussia Dortmund no segundo turno. Pavard, autor do gol mais bonito da Copa do Mundo de 2018, dá conta na ala. Já do lado esquerdo a surpresa é o canadense Alphonso Davies, que foi contratado como ponta.
Pavard e Davies, aliás, têm funções especiais na equipe e constroem as jogadas ofensivas por dentro, e não abertos, o que dá protagonismo aos laterais.
Outra inovação do treinador foi a escalação de jogadores conhecidos por serem laterais como zagueiros, como é o caso de Lucas Hernández e do próprio Alaba. Flick justifica a escolha assim: "Eles são sólidos defensivamente e, quando temos a posse de bola, eles têm muitas qualidades ofensivas." E tudo isso, claro, é variável. O Bayern de Flick já entrou no 4-3-3, no 3-2-3-1 e também reveza peças naturalmente.
Flick tem 26 vitórias em 29 jogos no comando, somando todas as competições. É o maior aproveitamento da história do clube, superando, inclusive, os números dos timaços de Heynckes e Guardiola.
Rafael Oliveira, colunista do UOL
Como?
Kovac não era um treinador querido pelos jogadores, o que facilitou a missão do substituto. Mas, nos bastidores, o novo técnico é conhecido pelo estilo mais próximo do vestiário. Além de uma mudança de espírito, Flick recuperou a confiança de jogadores como Thomas Muller, que passou a jogar centralizado na linha de três do 4-2-3-1 e empilhou passes para gol. Lewandowski, o protagonista, seguiu brilhando.
Há uma inevitável comparação com Jupp Heynckes, histórico treinador do Bayern, a respeito do trato com os jogadores, comunicação aberta com as principais estrelas e atenção aos que são menos aproveitados. O estilo "paizão" permite a interferência mais direta na resolução dos problemas do time. O clube valoriza publicamente as "habilidades sociais" do novo comandante.
Tanto é que o interino de dois jogos, e depois até o Natal, foi efetivado e, em de abril, assinou contrato até junho de 2023. Ele agora também é campeão alemão.
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