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Elenco do Fluminense abriu mão de dinheiro por posicionamento contra volta

Com braços no rosto por coronavírus, jogadores do Fluminense fazem protesto em jogo contra o Vasco - Lucas Merçon / Fluminense F.C.
Com braços no rosto por coronavírus, jogadores do Fluminense fazem protesto em jogo contra o Vasco Imagem: Lucas Merçon / Fluminense F.C.

Caio Blois

Do UOL, no Rio de Janeiro (RJ)

20/06/2020 04h00

Em impasse com a Ferj (Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro), o Fluminense tem sido a voz mais dissonante sobre o retorno do futebol carioca. Além da postura do presidente Mario Bittencourt, o Tricolor também teve uma participação importante de seus atletas, que, na última quarta-feira (17), divulgaram um manifesto protestando contra a volta do Estadual. Pelo posicionamento, o elenco abriu mão até de discutir sobre dinheiro.

Isso porque o acordo celebrado em março entre jogadores e diretoria funcionava da seguinte maneira: naquele mês, os vencimentos foram reduzidos em 15%. Abril teria duas parcelas, sendo 50% no próprio mês e a outra metade em dezembro, e maio uma redução de 25%.

O consenso era de que se a pandemia do novo coronavírus invadisse o mês de junho, este poderia ser rediscutido.

Caso o Fluminense entrasse em campo nos dias 22 e 25 de junho, datas escolhidas pela Ferj e, na visão do clube, impostas para o retorno, os atletas poderiam receber vencimentos integrais referentes ao mês.

A diretoria, entretanto, não tocou no assunto dinheiro e não houve conversas por uma redução também em junho.

Mesmo assim, os jogadores se alinharam ao posicionamento institucional do clube. Ao se posicionar pelo retorno em julho, o elenco poderia ter mais um mês reduzido.

Mas mesmo com a iniciativa dos atletas em "não ligar" para uma possível redução, o Fluminense, hoje, trabalha com um pagamento integral.

A leitura interna é de que o posicionamento coletivo, uma raridade no futebol, foi louvável, e que o elenco já abriu mão de muita coisa no acordo. Caso não haja ainda mais dificuldades impostas pela pandemia, os vencimentos referentes a junho serão integralmente pagos.

A comissão técnica liderada por Odair Hellmann — que também postou o manifesto — teve o mesmo posicionamento.

Líderes do vestiário, como o capitão Digão e os experientes Muriel, Hudson, Henrique, Nenê e Fred, além dos jovens e politicamente ativos Igor Julião e Nino, foram as principais vozes do movimento criado de forma independente pelos jogadores, que não teve dissonantes.

A diretoria, por meio dos jogadores, foi apenas informada do manifesto minutos antes, em um grupo no WhatsApp, e deu seu apoio à causa.

Um dos mais respeitados no grupo, o meia Paulo Henrique Ganso foi o único do elenco profissional a não publicar o manifesto em suas redes sociais.

Procurado pelo UOL Esporte, ele preferiu não se manifestar. A reportagem apurou que o camisa 10 estaria de acordo com qualquer decisão dos jogadores. Além dele, apenas poucos jovens do sub-23 não postaram o texto.

Nas redes sociais, o movimento dos atletas foi elogiadíssimo pela maioria da torcida do Fluminense, que também criou seu próprio manifesto, publicado por organizadas, movimentos populares, grupos políticos, influenciadores digitais e páginas ligadas ao clube.

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