Goleiro vê Red Bull na briga com grandes clubes: "Não é falta de humildade"
Júlio César sabe muito bem como é disputar a Série A do Campeonato Brasileiro com um grande clube. Formado pelo Corinthians, o goleiro tem dois títulos do nacional com a camisa do Alvinegro. Agora, ele vai viver uma experiência diferente. Pela primeira vez, o Red Bull Bragantino vai disputar o principal torneio do país. Apesar de ser uma novidade para o clube empresa, ele diz acreditar que o time do interior tem condições de brigar na parte da cima da tabela.
Em entrevista exclusiva ao UOL Esporte, o arqueiro falou sobre a expectativa de jogar outra vez na elite do Brasileirão, da organização do time de Bragança Paulista, da angústia de ficar sem jogar por causa da pandemia do novo coronavírus e até dos tempos de Corinthians.
"É difícil você falar assim, porque claro que sempre depende dos jogos, mas eu acho que o Red Bull Bragantino vai estar sempre brigando na parte de cima da tabela. Não é falta de humildade, nada, mas eu acho que é pelo investimento, pela ambição do clube. Por tudo o que o clube investe aqui, eu tenho certeza de que esse é o pensamento de todos nós aqui", disse arqueiro.
Segundo apurou o UOL Esporte, a expectativa é de que o Red Bull Bragantino tenha um orçamento total para a temporada de R$ 200 milhões. Tal número é superior ao de muitas equipes que disputam o Brasileirão. Ainda assim, a expectativa ainda não é de brigar por título com os favoritos Flamengo e Palmeiras. Ao menos não neste momento.
"Eu não sei como é que vai ser esse ano, é um ano novo, um primeiro ano na Série A, mas, na média pros próximos anos, eu tenho certeza de que, conforme for amadurecendo cada vez mais, vai estar sempre brigando lá em cima", completou o arqueiro.
Confira a primeira parte da entrevista com Júlio César:
É possível brigar com Atlético-MG, Vasco, Fluminense...
Eu acredito que sim. Futebol é sempre jogado dentro de campo, não adianta você falar nada fora, mas eu acredito que o nível e tudo que se espera aqui é para que a briga seja com os clubes grandes mesmo. Eu sei que no primeiro ano é sempre um ano de permanência, um ano que você tem que se adaptar, mas eu não tenho dúvida que, no decorrer dos anos, a briga vai ser, com certeza, contra esses times, para que a gente fique mais lá em cima na tabela.
Jogar em clube empresa
Tem, tem as diferenças, sim. Claro que todo clube tem as suas regras e elas são respeitadas. Aqui também tem, mas elas são levadas cada vez mais a sério. Eu acho que no futebol tem muito aquele negócio de ganhou você está à vontade para debater, para discutir, ou o jogador vai lá e quer. Aqui, não. Aqui não tem muita emoção, é mais pelo lado da razão, pelo lado do que é certo e errado. O que é certo é sempre feito e o que é errado é evitado. Então, eles não deixam que essa raiz que já foi plantada no futebol entre muito aqui. A regra aqui, que vem já da empresa, ela é sempre respeitada.
Estabilidade
Ajuda e ajuda muito. Ano passado, a gente até comentava. Na Série B, poucos times conseguem ter essa tranquilidade. Você vê que os poucos times que conseguem isso tão sempre brigando para subir. Então, isso faz muita diferença para você ter um ambiente saudável, para você ter o jogador com a cabeça focada só em jogar futebol. A gente ter essa tranquilidade aqui, saber que o Red Bull Bragantino cumpre com todos os seus compromissos, para gente, é maravilhoso e nos dá mais paz para trabalhar.
Briga com Flamengo e Palmeiras
Acho que tudo pode se levar um tempo, mas eu acredito que sim, porque a gente tira o exemplo do Red Bull Leipzig, do Salzburg, do New York... São todos clubes que brigam sempre, em campeonatos fortíssimos, por título. Na Champions League entraram os dois esse ano. Então, acredito que aqui caminha para o mesmo lado. O mais importante de tudo é que antes a gente era Red Bull Brasil, não tinha torcida, agora, viemos para Bragança, nós temos uma torcida. O que faltava para gente era ter o torcedor ao nosso lado, pra que a gente pudesse fazer bons jogos e ter pressão no adversário.
Contato com o Corinthians
Falo, falo muito. Com jogadores, com funcionários, com diretoria... Eu tenho amizade. Foi um vínculo muito grande. Eu acho que é difícil de tirar totalmente. O Corinthians é o clube que eu torço, que eu gosto. Só não torço para o Corinthians quando dura 90 minutos e eu estou jogando. Nas duas oportunidades que eu tive, você acaba virando adversário nesses 90 minutos, mas, fora isso, o Corinthians é o clube que eu gosto. Eu tenho prazer de levar os meus filhos em alguns jogos, já levei no centro de treinamento que eles queriam conhecer alguns jogadores. Então, eu faço questão que eles aprendam também a virar corintianos e que eles possam ter esse contato também.
Amizade com Cássio
No futebol, os meus melhores amigos são goleiros. Nunca tive problema nenhum com goleiro, tanto que o Cássio é meu amigo, até hoje. Quando ele assumiu a titularidade, eu torci, ajudei, troquei ideia, experiências com ele porque eu acho que a disputa é saudável, sadia, acho que cada um tem que buscar o seu espaço. É assim que eu penso. Tranquilo, não é porque você está perdendo a posição, você sai triste, chateado, mas não porque outra pessoa está entrando, por você sair. Quem entra, eu procuro ajudar sempre. Eu acho que você tem que ser companheiro bacana porque, se eu tivesse na situação, gostaria que fizessem a mesma coisa comigo também.
Centésimo gol de Rogério Ceni
Todo mundo gosta de perguntar. Tem uns que ficam meio receosos de perguntar, mas não tenho problema nenhum de falar. Eu acho que é uma marca pessoal dele, e ele é um cara muito vitorioso, que eu sempre fui fã, sou fã dele, hoje, como treinador, fui fã dele como goleiro. É um cara que tem todos os méritos. O que mudou na minha vida só é que eu tenho que aguentar encheção de saco de torcedor, fora isso, nada. Perdemos mais um jogo, ele fez um gol. Eu até tiro sarro, às vezes, alguém vem encher o meu saco, eu vou, na brincadeira também, e brinco também. Fora isso, é ter que aguentar a gozação, que faz parte do futebol. Para mim, quando é sadia, ela tem que existir, mas, fora isso, não mudou nada na minha vida. Foi apenas mais um gol, e, infelizmente, mais uma derrota que eu tive, que eu acho que foi isso que foi o pior do jogo.
Nota da redação: Júlio César era o goleiro do Corinthians quando Rogério Ceni marcou o seu centésimo gol pelo São Paulo.
Pandemia
São, às vezes, opiniões que a gente fala e todo mundo leva sempre para o lado político. Sem colocar política, nada, estou dando a minha opinião pessoal, eu acho que a gente precisa voltar. Eu acho que foi boa essa quarentena, a gente viu os perigos, mas acho que, agora, esse público que não é de risco inclui nós, jogadores. Acho que a gente precisaria, sim, voltar. Deixar sem torcida. Acho que você diminui os riscos de ter aglomeração, que a gente possa ficar não sei até quando sem torcida, mas que voltem os jogos também. Futebol é entretenimento, eu acho que o povo já está com saudade de assistir. Que a gente possa tomar todos os cuidados possíveis na volta, para a gente se cuidar também, preservar a nossa saúde como atleta, mas eu já vejo que a gente consegue ter um horizonte para que a gente voltar a jogar o quanto antes.
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