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Insistência e lentidão: nem 5 mexidas corrigem erros do Fluminense de Odair

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Caio Blois

Do UOL, no Rio de Janeiro

29/06/2020 08h39

Em que pese a contrariedade ao retorno do Campeonato Carioca, o Fluminense tinha motivos de sobra para sonhar com uma noite feliz de futebol ontem (28), principalmente pela reestreia do ídolo Fred. Mas o que se viu foi a pior atuação do Tricolor sob o comando de Odair Hellmann, que insistiu em seus próprios erros na derrota por 3 a 0 para o Volta Redonda.

O começo foi trágico. Aos cinco minutos, Muriel falhou em chute fraco de Pedrinho, e o Voltaço saiu na frente. Já aos 15, Egídio deu uma tesoura voadora em Wallison e foi justamente expulso, deixando o Fluminense atrás no placar e com um a menos.

Mas antes mesmo dos fatos que se mostraram capitais no jogo, o Tricolor já estava desorganizado. Ao insistir com Marcos Paulo e Evanílson abertos nas pontas, o Fluminense seguiu com um problema crônico até aqui com Odair: a falta de velocidade.

Durante a semana, testes que modificavam o posicionamento desses jogadores pareciam dar alternativas mais interessantes ao treinador, mesmo sem alterar peças. O que se viu, entretanto, foi um time muito preso ao esquema e com pouca mobilidade, o que tende a piorar com Fred, um centroavante clássico, que precisa ser municiado e sempre teve desempenho melhor atuando ao lado de velocistas.

Com Ganso na vaga de Nenê, o Fluminense, em tese, já teria naturalmente algumas diferenças: trocaria mais dinâmica e poder de fogo por uma construção de jogo com passe mais refinado. Sem pontas, entretanto, o camisa 10 procurava, mas não tinha opções de jogadores livres. Fred foi quem mais se apresentou, mas precisou sair da área para isso. O meia, a bem da verdade, também não esteve em seus melhores dias.

Erros que o próprio Odair Hellmann reconheceu em sua coletiva de imprensa.

"Nós estávamos em inferioridade numérica e perdendo o jogo, então o Volta Redonda, que tem uma boa qualidade, um bom entrosamento, estava exercendo essa superioridade em relação à vantagem no placar e no número de jogadores. Precisávamos, naquele momento, de uma transição mais rápida quando recuperássemos a bola, o que exigia esses jogadores de velocidade", afirmou.

No intervalo, o técnico trocou Fred e Yago por Caio Paulista e Fernando Pacheco. Além de frustrar a reestreia do ídolo da camisa 9, que atuou por apenas 45 minutos, o técnico também não conseguiu resolver o problema da equipe. A velocidade apareceu, mas o time seguia desorganizado.

Nem mesmo a novidade das cinco substituições no Estadual fizeram o Fluminense se reorganizar em campo. De todos, apenas Caio Paulista mereceu algum elogio, enquanto Fernando Pacheco tentou e errou muito. Orinho, Miguel e Michel Araújo pouco apareceram.

Marcos Paulo é novamente sacrificado

A maior vítima, entretanto, foi Marcos Paulo. Isso porque Odair Hellmann ainda não achou a melhor forma de utilizar a grande joia do Fluminense. Além de tudo, o atacante foi sacrificado para reorganizar o setor defensivo após a expulsão de Egídio.

Espetado na ponta, o camisa 11 teve suas piores atuações, mas é lá que o treinador insiste em escalá-lo. A revelação de Xerém fez bons jogos como centroavante, mas por ali tem concorrência forte de Fred e também de Evanílson, que tem ótimo início de carreira.

A melhor fase de Marcos Paulo no Flu foi justamente quando atuou mais próximo do gol. Seja vindo de trás como um meia-atacante ou mesmo atuando próximo de um centroavante, ele rendeu mais flutuando pelos setores do que preso a uma das pontas. O jovem foi testado assim durante a semana, mas Odair optou por mantê-lo onde já vinha o escalando.

Evanílson não funciona na ponta

Já Evanílson explodiu na base tricolor justamente quando saiu da ponta e virou um camisa 9. Com bom poder de finalização e mobilidade em distâncias mais curtas, o jogador se destaca também pelo posicionamento atuando centralizado.

Na ponta, utiliza pouco do que tem de melhor em troca de força e muita entrega, que teria atuando em qualquer posição em campo. O teste já havia dado errado em péssima atuação contra o Figueirense pela Copa do Brasil, e a ideia segue sem parecer promissora.

Espaços no meio e erros na defesa

Além do xadrez no setor de ataque, o Fluminense também teve muitos problemas com a compactação. Com Yago muito aberto e avançado (primeiro na direita, depois na esquerda), o meio de campo tinha espaços enormes e difíceis de serem cobertos por Ganso e Hudson, que além de tudo precisavam cobrir os laterais Gilberto e Egídio (depois Orinho).

"Tivemos que compor num primeiro momento com Yago na primeira linha, de lateral esquerdo, para manter Paulo Henrique e Hudson por dentro e deixar Fred sozinho na frente. Mas aí perdemos essa velocidade, essa intensidade que o jogo já exigia antes, imagina com esses acontecimentos. A ideia foi a partir daí, no intervalo, colocar jogadores que tivessem essa característica, para que a gente pudesse buscar com agressividade e velocidade o empate e até a vitória", se explicou Odair.

Na zaga, Matheus Ferraz esteve longe de repetir suas melhores atuações e mostrou até certa falta de entrosamento com Nino, seu antigo parceiro no miolo de defesa. Com dois zagueiros lentos e os outros problemas citados, o Flu se tornou presa fácil para os contra-ataques. O Volta Redonda aproveitou três das muitas chances que criou e saiu com vitória fácil.

O goleiro Muriel tampouco repete em 2020 as boas atuações que lhe tornaram um xodó da torcida tricolor. Depois de parecer a solução dos problemas vividos com Rodolfo e Agenor em 2019, o camisa 27 tem falhado sistematicamente na temporada e já sente a sombra do reserva Marcos Felipe, que foi bem em todas as chances que teve.

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