Ferj cobra despesas dez vezes maior a Bota e Flu e gera nova guerra
As disputas entre a Ferj (Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro) e a dupla Botafogo e Fluminense em meio à pandemia de coronavírus tiveram novo capítulo. As despesas dos jogos dos dois grandes no Estádio Nilton Santos foram dez vezes maiores que as dos rivais Flamengo e Vasco, segundo borderôs do Campeonato Carioca.
O UOL Esporte apurou que as despesas foram maiores pois a Ferj aumentou seu efetivo para os dois jogos por não ter segurança de que Fluminense e Botafogo, dissonantes ao retorno da competição, cumpririam o protocolo "Jogo Seguro". A ideia era assumir a operação, evitando erros.
Enquanto o Cruzmaltino e o Rubro-Negro pagaram R$ 2.200,00 e R$ 2.500,00 pela despesa operacional, Bota e Flu teriam, cada um, que desembolsar R$ 25.000,00 pela mesma cobrança.
Esses valores são consideravelmente maiores que das últimas partidas com torcida em todos os estádios durante o Estadual. Tanto o Maracanã quanto o Nilton Santos tinham, mesmo com público, R$ 20.000,00 como despesa operacional discriminadas nos borderôs antes da pandemia.
Em nota, a Federação afirmou que "as exigências não são iguais entre as diferentes partidas. O que existe são dispositivos regulamentares que devem ser observados nas indicações e limites. Nada feito além desses limites e suas respectivas indicações e permissões".
Tanto o Alvinegro quanto o Tricolor não assinaram os documentos, que já estão disponíveis no site oficial da Federação. Hoje, a Ferj puniu o Bota com a perda de um mando de campo por não arcar com o valor.
O regulamento exige que o pagamento dessas despesas seja feito até dois dias úteis depois da partida, prazo que se esgotou na última terça-feira. As punições prevêem desde perda de mando de campo até suspensão da equipe da competição. Os lucros e os prejuízos são sempre do clube mandante ou do grande em caso de um jogo contra times pequenos. Em clássicos, o valor é dividido.
O Flu não se manifestou. O Bota, por meio do presidente Nelson Mufarrej, contestou publicamente as cobranças.
"Basta um exercício de simples comparação com outros jogos. Não assinamos o borderô. Não concordamos com ele. A Ferj enviou um batalhão de funcionários para trabalhar em um jogo sem público. O Estádio Nilton Santos já havia sido aprovado pela Vigilância Sanitária. As despesas saltaram sem explicação. Queremos justificativas das despesas operacionais que eles nos empurraram para pagar e, para isso, já acionei o Departamento Jurídico", afirmou o mandatário alvinegro, em nota.
A Federação, por outro lado, salienta que o custo mais elevado "se fez necessário para organização da partida, com suas complexidades. Tudo foi realizado dentro da legalidade e está previsto no regulamento, aprovado pelos 16 clubes que participam a Série A do Campeonato Carioca".
No mesmo comunicado, a entidade ressaltou que "alguns clubes e a própria federação, em alguns casos e por mera liberalidade, assumem para si o ônus de diversas despesas, o que não se constitui regra ou obrigação".
Dívidas do Botafogo com a Ferj passam de R$ 1 milhão
Vivendo grave crise financeira, o Botafogo contraiu uma dívida alta com a Ferj pelo não pagamento de custos de partidas. Mesmo antes da pandemia, o clube não cumpriu com suas obrigações com a Federação.
O Bota não paga as taxas obrigatórias à entidade há mais de um ano. As dívidas entre o Alvinegro e a Ferj passam de R$ 1 milhão.
Para piorar, as cotas de TV que o Botafogo tem direito pelo Carioca já foram adiantadas, e, por isso não havia como pagar seus débitos. Na decisão pela punição, a Ferj afirmou que a situação "impede qualquer compensação até 2021 em relação aos débitos reconhecidos".
Exames e 'custo estádio' têm valores diferentes
Outros valores são muito diferentes entre os quatro grandes do Rio de Janeiro, como os exames de coronavírus e o custo operacional de cada estádio, mesmo para jogos no mesmo campo.
A Ferj inclui o valor dos exames de covid-19 como parte das despesas que não foram pagas pelo Botafogo. Já o clube, por meio de sua assessoria, nega: diz ter pago todos os seus exames de coronavírus para seus funcionários e jogadores, e não sabe a que se refere essa e outras despesas no borderô. Os testes de coronavírus do Alvinegro custaram R$ 14.490,00.
O Fluminense teve o menor valor de exames: R$ 9.660,00. Em compensação, pagou mais caro pela despesa operacional do Estádio Nilton Santos (R$ 42.354,00) que o Botafogo, que desembolsou R$ 13.032,00 para atuar em sua casa -- bem menos do que os costumeiros R$ 100 mil com a presença de público por lá em jogos de grandes contra clubes de menor expressão.
O Vasco teve custos também altos com os exames para detecção do coronavírus: R$ 33.150,00, mas arcou com "só" R$ 17.133,50 para jogar em São Januário, seu estádio. Em outros confrontos com pequenos na Colina, esse custo ultrapassou R$ 200 mil.
No borderô do Flamengo não consta o valor dos exames de covid-19, já que afirmou que pagaria por fora tanto os seus como dos adversários. Para jogar no Maracanã, o custo foi de R$ 56.122,54, bem mais baixo que os de outros confrontos com pequenos, onde o valor chegou perto de R$ 300 mil.
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