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Justiça vê fraude após Corinthians comprar atacante em situação irregular

Matheus Davó, atacante do Corinthians, entre os diretores de futebol Jorge Kalil e Duílio Monteiro Alves - Daniel Augusto Jr./Agência Corinthians
Matheus Davó, atacante do Corinthians, entre os diretores de futebol Jorge Kalil e Duílio Monteiro Alves Imagem: Daniel Augusto Jr./Agência Corinthians

Diego Salgado e José Eduardo Martins

Do UOL, em São Paulo

10/07/2020 19h41

A contratação do atacante Matheus Davó feita pelo Corinthians no começo deste ano está em xeque depois de um juiz da 9ª Vara Cível de Campinas apontar fraude nos trâmites entre o clube alvinegro e o Guarani.

Segundo o juiz Francisco José Blanco Magdalena, o Corinthians tinha conhecimento sobre a penhora dos direitos econômicos de Davó. Apesar disso, o clube alvinegro consolidou a compra de cerca de 60% dos direitos do jogador de 20 anos, que é agenciado pela Elenko Sports, do empresário Fernando Garcia.

A penhora aconteceu depois de uma empresa de consultoria, a RDRN Participações e Empreendimentos LTDA, entrar na justiça contra o Guarani por uma dívida de R$ 35 mil.

"Por sua vez, inegável a ciência do Sport Club Corinthians Paulista, uma vez que foi notificado em dezembro de 2019 acerca da penhora dos direitos econômicos do referido atleta (págs. 479/488), anteriormente, portanto, à contratação firmada em janeiro de 2020", diz trecho do despacho.

"Daí porque o referido clube tinha conhecimento da inadimplência e da situação pré-insolvente do Guarani e optou por assumir o risco do negócio. Assim, afastada a boa-fé do adquirente e verificado que a contratação do atleta ocorreu após a penhora dos direitos econômicos, cuja rescisão foi capaz de reduzir o devedor à insolvência, reconheço a fraude à execução para declarar ineficaz, com relação à exequente, a rescisão e posterior contratação do atleta", continuou.

Uma transação anterior à ida do jogador ao Corinthians também foi mencionada no documento. Em setembro passado, Davó conseguiu a liberação do Guarani depois de pagar R$ 700 mil. Com o montante, adquiriu 40% dos 60% pertencentes ao Guarani. O valor da negociação, porém, não foi

"Verifica-se, também, que o pagamento da rescisão desse atleta não se deu em conta mantida pelo Guarani, mas em conta pertencente à empresa 'Sócio Campeão GFC Serviços Aministrativos Eireli', fato bastante incomum e curioso, mesmo porque tal empresa não pode receber valores oriundos da negociação de atletas, por vedação técnica da CBF, cuja intenção, ao que parece, foi desviar o dinheiro para evitar a prestação de contas perante o Conselho Fiscal e Deliberativo do clube", afirma.

A reportagem do UOL Esporte procurou os dois clubes para comentar a situação. O Guarani afirmou que ainda não notificado, enquanto o Corinthians ressaltou que é uma decisão em primeira instância e que acompanhará o caso.

"O Departamento Jurídico do Guarani Futebol Clube ainda não foi notificado sobre a decisão e somente poderá se manifestar nos autos do processo. O Conselho de Administração destaca porém que todos os demais Órgãos internos (Conselhos Deliberativo e Fiscal) acompanham o processo cumprindo todo o rito estatutário", disse o Guarani, em nota enviada pela assessoria de imprensa.

"A ação citada, cuja decisão foi proferida em primeira instância, tem como réu o Guarani e está sujeita a série de recursos dentro do processo legal. O departamento jurídico do Corinthians, a quem o atleta se apresentou livre de obrigações contratuais, acompanhará o caso e suas eventuais implicações", frisou o Corinthians, também por meio de sua assessoria.

Procurado, o empresário Fernando Garcia não quis comentar o assunto.

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