Coudet no CT, Renato no RJ: pandemia reforça choque de estilos no Gre-Nal
A preparação para o Gre-Nal 425 foi diferente, mas, mesmo em meio à pandemia do novo coronavírus, reforçou o choque de métodos entre Eduardo Coudet e Renato Gaúcho. Durante o período sem jogos, o treinador do Inter se manteve perto dos jogadores. O ídolo do Grêmio ficou no Rio de Janeiro, por orientação médica, e atuando nos bastidores via telefone. O resultado de cada estilo vai ser visto em campo hoje (22), às 21h30 (horário de Brasília), em Caxias do Sul.
O Gre-Nal marca a volta do Campeonato Gaúcho, suspenso em 16 de março. O clássico vale como garantidor do protocolo sanitário e tem status de fiador da conclusão da competição.
Grêmio e Inter voltaram aos treinamentos no início de maio, amparados por decreto municipal. Mas ficaram dez semanas limitados aos trabalhos físicos — mesmo com reiterados pedidos e pressões às autoridades públicas. Foi neste período que os treinadores se mostraram, mais uma vez, diferentes.
Eduardo Coudet ficou em Porto Alegre no início da quarentena, depois viajou à Argentina e ficou com a família. Estava no CT Parque Gigante quando os atletas voltaram e permaneceu no dia a dia do clube até a retomada dos jogos.
'Viciado' em treinamentos, o argentino não tinha como comandar as atividades, que era apenas físicas, mas aproveitou o tempo e o contato com os jogadores para reforçar verbalmente conceitos de jogo que já estavam sendo adotados desde o início do ano.
"A gente conversou muito com o Coudet, ele esteve aqui desde o primeiro dia (...) Podemos conhecer mais do trabalho dele, na teoria", disse Edenilson, volante do Inter.
"Foi uma situação totalmente diferente, nunca tínhamos experimentado isso. Treinamos em casa, depois em pequenos grupos com trabalhos físicos. Foi tudo novo. Mas o professor permaneceu falando e firmando pontos importantes de forma individual e grupal, tratando de transmitir os conceitos que trabalhamos. Não poderíamos fazer isso no campo porque não estava permitido, mas ele falava, conversava conosco, reforçava as coisas que trabalharíamos no dia a dia. A espera foi grande, difícil quando não sabíamos quando voltar. Mas trabalhamos bem, o corpo técnico refrescou os conceitos na nossa cabeça quando não podíamos trabalhar com bola, conversamos muito e vamos afinar ainda mais o que foi transmitido", afirmou Musto.
No Grêmio, Renato voltou a Porto Alegre somente quase no fim da primeira quinzena de julho. O treinador foi definido como do grupo de risco para Covid-19 pelas duas recentes cirurgias cardíacas. No Rio, o ídolo gremista foi flagrado quebrando a quarentena seis vezes. Todas na praia. A reincidência incomodou dirigentes do clube, que chegaram a emitir nota oficial com cobrança sutil ao técnico.
Durante as polêmicas, o Grêmio fez trabalhos físicos sob orientação da comissão técnica e viu Renato Portaluppi usar o telefone constantemente. Com chamadas para Alexandre Mendes, auxiliar técnico, Klauss Câmara, diretor executivo, e até alguns líderes do elenco, o comandante trocou ideias sobre volta do futebol, negociação para redução salarial e investidas ao mercado da bola. Também cobrou disciplina, comprometimento e alinhou ideias de treinos.
Um dos alicerces do trabalho de Renato, que rendeu seis títulos de setembro de 2016 para cá, é justamente a conversa com os jogadores. O diálogo combinado com liberdade — chamada de autogestão nos corredores da Arena do Grêmio. Por isso, o clube não ficou alvoroçado com a ausência do técnico.
Até aqui, Grêmio e Internacional se enfrentaram duas vezes na temporada, e Renato Gaúcho levou a melhor em cima de Eduardo Coudet. No primeiro Gre-Nal, vitória gremista em pleno estádio Beira-Rio, pelo Gauchão. No mais recente, empate sem gols, pela fase de grupos da Libertadores. Um novo capítulo será escrito hoje. Em meio à pandemia.
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