Entenda quais são os novos capítulos da guerra política no Vasco
Muitos apostavam que após o falecimento do ex-presidente Eurico Miranda, ano passado, o conturbado ambiente político do Vasco teria uma trégua, mas este não é o cenário que se desenha com a proximidade de mais uma eleição no clube. Acusações, trocas de farpas e possibilidade de judicialização novamente vem à tona e deixam o clima tenso.
O episódio polêmico mais recente se deu após a convocação da reunião extraordinária do Conselho Deliberativo para este sábado (25), em São Januário, com o objetivo de conhecer a redação final da proposta de reforma do estatuto.
Presidente cruz-maltino, Alexandre Campello — ferrenho defensor da volta do futebol durante a pandemia do coronavírus —, protocolou comunicado sendo contra a realização da mesma alegando riscos relacionados ao Covid-19.
Presidente do órgão, Roberto Monteiro rebateu dizendo que o encontro estava mantido até que as autoridades dissessem o contrário e atacou o mandatário, afirmando que o mesmo é contra as eleições diretas e que quer prorrogar seu mandato "por vias transversas".
Campello não deixou barato e, no dia seguinte, contra-atacou garantindo ser, sim, a favor das diretas, acusando Monteiro de querer "empurrar à força para os vascaínos um estatuto cheio de pegadinhas".
Ontem (22) à noite, o mandatário acabou levando a melhor no "primeiro round" ao ter acatada a recomendação pela Secretaria de Saúde do Rio de Janeiro que, em ofício, vetou a realização da reunião.
Monteiro, porém, parece não querer aceitar passivamente a decisão e afirmou ao UOL Esporte que apresentará "uma solução em breve" para o impasse.
Proposta das diretas junta ou separada da reforma?
A insinuação de Campello sobre o desejo de Monteiro em relação à reforma do estatuto remete à uma questão ainda indefinida no Vasco: se as eleições diretas serão colocadas em votação separadamente ou juntas da proposta de reforma.
O tema causa interpretações distintas e já motivou uma troca de ofícios entre presidentes de poderes do clube.
Faues Jassus, o Mussa, presidente da Assembleia Geral, por exemplo, demonstrou receio com um trecho da convocação da reunião do Conselho Deliberativo por parte de Roberto Monteiro e enviou ao dirigente uma solicitação para que retificasse a frase grifada "será levada a AGE com esse fim específico". No seu entender, tal colocação pode fazer com que as diretas e a reforma sejam encaminhadas juntas à Assembleia Geral Extraordinária.
Monteiro, por sua vez, respondeu que "a competência da proposta é do Conselho Deliberativo" e frisou que em nenhum momento está usurpando a competência de Mussa.
Integrantes da política vascaína interpretam que esse jogo de ofícios entre as partes já é uma forma de ambos se resguardarem para uma possível judicialização do tema.
Justiça obriga Campello a ceder lista de sócios
Criada para levantar a lista de sócios aptos a voto no Vasco, a Junta Deliberativa — que é formada pelos presidentes dos poderes do clube — passou a cobrar de Alexandre Campello um documento com todas as informações pertinentes dos associados.
Após alguma insistência, o dirigente forneceu um primeiro arquivo contendo apenas os nomes e os números das matrículas.
A Junta, então, não se deu por satisfeita e exigiu detalhes complementares, como CPF's, endereços, fichas financeiras, entre outros, como fizeram os presidentes anteriores do clube.
Porém, com o argumento de preservação da privacidade dos sócios, Campello relutou em ceder tais itens, e acabou sendo vítima de uma ação na Justiça dos desafetos Roberto Monteiro e Edmilson Valentim (presidente do Conselho Fiscal), onde o tribunal o obrigou a fornecer todos os dados, algo que cumpriu a contragosto mês passado.
Exclusão de anistiados e inclusão de não recadastrados
Para aumentar o imbróglio, no último dia 10, a Junta Deliberativa aprovou a exclusão de anistiados da lista de sócios aptos a voto e a inclusão de cerca de três mil não-recadastrados das categorias remido, benfeitor remido e campeão.
Duas votações pela frente ainda sem datas
O sócio estatutário tem pela frente duas votações, teoricamente, ainda este ano: a reforma do estatuto (que pode ser desmembrada com o tema das eleições diretas à parte) e o pleito presidencial em si.
A ideia da Junta Deliberativa é colocar o primeiro item em votação em agosto. Já o segundo, tradicionalmente, ocorre em novembro.
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