Inter sofre em campos ruins e justifica reclamação de Eduardo Coudet
Resumo da notícia
- Eduardo Coudet tem reclamado bastante da condição dos gramados do Gauchão.
- O Inter não consegue manter o mesmo modelo de criação de jogadas quando encontra pisos diferentes.
- A maioria dos gols no interior do Estado ocorreu de pênalti.
- Coudet acredita que a redução na velocidade de passes prejudica e deixa o jogo 'mais feio'.
Eduardo Coudet reclamou do gramado após o empate do Inter contra o Esportivo, no último sábado (25), pelo Campeonato Gaúcho. Não é novidade o pleito do treinador argentino para colocar se time em um campo perfeito. Até mesmo os gramados do CT Parque Gigante e do Beira-Rio já receberam críticas do treinador, antes da paralisação das competições em razão da pandemia de novo coronavírus. E a bronca repetida se justifica no rendimento da equipe quando tem pela frente o piso como inimigo.
"É muito difícil fazer uma análise de futebol num campo como o de hoje [sábado]. No campo de hoje, não é futebol", disse o técnico do Inter.
Utilizando apenas os jogos fora de casa no Estadual, quando se deparou com gramados 'diferentes', o Colorado sofreu. Ainda que tenha vencido quatro de cinco jogos antes da parada, com 11 gols marcados e cinco sofridos, a criação de oportunidades não seguiu a rotina do modelo de jogo proposto no Beira-Rio.
Dos 11 gols, seis foram de bola parada, sendo cinco pênaltis e uma falta. Um dos gols nasceu em uma bola aérea e apenas quatro em construção por baixo.
Dos gols em jogadas construídas, um deles, de Thiago Galhardo contra o São Luiz, foi totalmente individual. Ele retomou a bola e correu até a conclusão. Trocas de passes ocorreram apenas em dois gols no campo sintético do Passo D'Areia, contra o São José, e no último marcado contra o mesmo São Luiz, de Edenilson após cruzamento e rebote.
Por outro lado, como visitante em campos melhores o Inter não marcou. Diante de Tolima, Universidad de Chile e Grêmio, em estádios considerados bons, o Colorado não balançou a rede rival.
Desde que voltou a disputar jogos oficiais após a paralisação nas competições, o Inter sofreu para criar jogadas. Tanto contra o Grêmio, no estádio Centenário, quanto diante do Esportivo, na Montanha dos Vinhedos, foram raros momentos de inspiração e o único gol saiu em uma cobrança de pênalti, de Pottker.
A situação, na avaliação do comando técnico, se torna ainda mais difícil pelo tempo sem jogos oficiais.
Por que é tão difícil?
No modelo de jogo implantado por Eduardo Coudet desde sua chegada, o Internacional baseia suas movimentações ofensivas em criação de jogadas apoiadas com toques curtos e rápidos, procurando deslocamentos de laterais meias e atacantes. Porém, a velocidade e a intensidade, que pautam as ideias do treinador, são brecadas pelo campo.
Em um capo ruim, a bola fica 'viva', ou seja, um passe que iria naturalmente rasteiro pode ter leves elevações e obrigar o receptor a perder mais tempo no domínio. Um movimento que ocorreria com dois toques na bola, contando com desvios repentinos pode levar quatro ou cinco toques, atrasando todo sistema.
"A realidade é que tivemos 130 dias de paralisação, e todos os jogos que vejo parecem em câmera lenta. Há outra velocidade, diferente de antes da parada. Os times não têm a melhor condição, por isso, para dar fluidez ao jogo, é preciso ter a bola, fazer a bola andar. Até que a condição física seja retomada, será assim. Por isso a importância do campo de jogo, para dar velocidade, ter um espetáculo melhor", disse Eduardo Coudet.
Além disso, um gramado longe do ideal tira a confiança de um jogador mediano a tentar jogadas diferentes do habitual. Apostando alto na saída de jogo com os zagueiros e o volante principal da equipe, o Colorado precisa que estes estejam aptos a tentar quebrar a primeira linha de marcação rival com um passe 'mais difícil'. Num campo não tão bom, jogadores menos dotados tecnicamente preferem lances usuais para evitar falhas. Mais um ponto que dificulta o modelo ideal implantado no clube.
"Por que sempre falo no campo de jogo? Porque quando está mal nivela por baixo. É mais fácil destruir que construir. E nós treinamos para construir, criar, e para jogar bem o futebol. É muito difícil cada jogo treinar de uma maneira. Ou tentar propor uma coisa e chegar ao jogo e ter que pedir outra aos jogadores. É muito difícil. É frustrante não ter a condição, creio eu mínimas, para tratar de ter um bom futebol. Mas, com campo ruim, desta maneira cada vez vai ter piores partidas de futebol", finalizou.
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