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Paulista - 2020

Calejado, Ytalo não cai na modéstia corintiana: "São fortes nessa fase"

Artilheiro do atual Paulistão marcou em Itaquera no ano passado e já ajudou a eliminar o Corinthians - Ari Ferreira / Red Bull Bragantino
Artilheiro do atual Paulistão marcou em Itaquera no ano passado e já ajudou a eliminar o Corinthians Imagem: Ari Ferreira / Red Bull Bragantino

Arthur Sandes

Do UOL, em São Paulo

29/07/2020 04h00

Parece ter virado mantra no Corinthians: o favoritismo sempre está do outro lado. Dos jogadores até o presidente Andrés Sanchez, o discurso é frequente e, no último domingo (26), foi repetido pelo técnico Tiago Nunes. Mas às vésperas do jogo único das quartas de final do Campeonato Paulista, o Red Bull Bragantino não cai nessa.

"Não tem vantagem não. Eles disseram que nós temos favoritismo, mas isso não existe", descarta o atacante Ytalo, em entrevista ao UOL Esporte. "É um jogo só, qualquer um pode vencer. Temos que estar concentrados, fazer nosso jogo. O Corinthians jogou mal nestes dois jogos, é verdade, mas venceu os dois. Ainda mais em decisão, nem sempre vence aquele que joga melhor", alerta.

Ytalo é o artilheiro do Paulistão com sete gols e a principal aposta do Bragantino no jogo de amanhã (30), às 19h (de Brasília). Aos 32 anos, ele conhece bem o adversário: já ajudou a eliminar o Corinthians do Paulistão em 2016 (com o Audax); jogou clássico pelo São Paulo, no mesmo ano; e marcou um gol em Itaquera na vitória do RB Brasil em 2019.

"Nós respeitamos muito o Corinthians, assim como eles estão respeitando a gente. Dizem isso [sobre favoritismo] em entrevista, mas não sei se no vestiário é a mesma coisa. A camisa é pesada, é um time grande, acho que é mais da boca para fora. Lá dentro, eles têm a consciência de que o clube deles é maior do que o nosso", diz Ytalo. "Mas nós fizemos um 2019 bom e estamos começando a crescer também", avisa.

"É continuar jogando como sempre jogamos, estamos em uma pegada boa. O Corinthians é muito forte quando chega nessa fase, mas estamos preparados para fazer um grande jogo", diz o goleador.

O histórico também sugere cautela ao time do interior. O Red Bull Brasil fez a melhor campanha da fase de grupos do último Paulistão, mas caiu para o Santos nas quartas de final. Boa parte daquele time acompanhou a marca de energéticos e migrou para o Bragantino, fez de novo a melhor campanha dos grupos e voltou ao mata-mata.

"Pela experiência que tivemos no ano passado, sabemos que nem sempre o melhor colocado no geral vai passar de fase. Estamos conscientes disso. Queremos fazer um grande jogo para poder passar bem", projeta Ytalo. "Temos que manter o nível do que estamos fazendo no campeonato, mas a boa campanha não pode subir para a cabeça porque agora é outra fase."

Bragantino e Corinthians se enfrentam amanhã no estádio do Morumbi porque a pandemia do novo coronavírus segue em alta no interior do Estado e inviabiliza jogos de futebol em Bragança Paulista. Em caso de empate, a vaga nas semifinais será decidida nos pênaltis. Quem passar precisa esperar a definição dos demais classificados e as possibilidades de enfrentamento são várias.

Confira outras respostas da entrevista de Ytalo

Ytalo - Rebeca Reis/AGIF - Rebeca Reis/AGIF
Campeão da Série B com o Bragantino, Ytalo vê expectativa crescer com o alto investimento
Imagem: Rebeca Reis/AGIF

Enfrentar o Corinthians de novo
"É um jogo muito importante para mim. Em 2016, nós conseguimos eliminar o Corinthians em Itaquera [com o Audax] e depois fomos à final contra o Santos. No ano passado, com o RB Brasil, fizemos um grande jogo lá, ganhamos por 2 a 0 e fiz um gol. Neste ano espero que aconteça o mesmo."

"Pelo São Paulo foi até quando eu me machuquei o joelho, a recordação não é tão boa e empatamos por 1 a 1. Tínhamos acabado de sair da Libertadores, todo o mundo achava que o Corinthians ganharia, mas nós fizemos um bom jogo. Espero que nesse jogo eu possa marcar, fazer um gol para ajudar a equipe e que a gente passe — o importante é passar. Em artilharia a gente pensa só depois."

Artilharia do Paulistão
"Penso mais na equipe, todo o mundo está bem. Nestes dois jogos não tive muitas oportunidades; tem jogo que a chance aparece, outros não. Contra o São Paulo foi muito difícil, e no último [contra o Botafogo-SP] só tive duas chances de cabeça. Estamos tentando melhorar, porque a parada tirou um pouco do entrosamento do time. Agora é esperar, quem sabe nas quartas de final apareça uma chance de marcar."

Jogo no Morumbi, não em Bragança
"O melhor para nós era jogar em Bragança, um estádio bom, com a grama ótima. Mas, por ser sem torcida, acho que não interfere tanto. Só que dos quatro times que classificaram na frente, nós fomos os mais prejudicados por não poder jogar em casa. Mas estamos preparados para isso."

Como o Bragantino voltou da parada
"Desde que voltou, estamos tentando aprimorar as coisas. Pelo tempo em que ficamos parados, ainda tem algumas falhas. Mas pelo menos a intensidade a gente tenta manter. Estamos preparados para colocar bastante intensidade no jogo, errar o mínimo possível porque qualquer erro pode ser fatal nesta fase."

Quarentena com o filho Enrico, de oito meses
"Tenho um pouco de experiência, ele já é o quinto filho. O Enrico é com o que mais convivi nesse começo da vida dele. [O tempo em casa] Foi bom para aproveitar com ele, ficar com minha esposa também, porque agora até fevereiro teremos pouco tempo. A quarentena é difícil, mas por esse lado foi importante para mim, para ficar perto deles."

Volta do futebol na pandemia
"Se a volta foi liberada pelos órgãos públicos, estão está tudo certo. O ruim é não ter torcida, mas não vejo problema se os clubes levarem a sério, seguirem as recomendações e fazerem exames toda semana, como acontece aqui no Bragantino. Claro que é inusitado para todos, então, temos que levar a sério para ninguém jogar com a Covid ou tentar esconder de alguma forma."

Qual é o patamar do Red Bull Bragantino?
"Pelo investimento, todo o mundo acha que vamos chegar muito fortes no Brasileirão. No Paulista já estávamos conscientes de que poderíamos fazer esta campanha que estamos fazendo, de chegar bem nas quartas. Agora, é passar de fase, não deixar acontecer como no ano passado. A gente não sabe o que vai acontecer durante o Brasileiro, mas no Paulista temos que frisar que nada disso adianta se não passarmos das quartas."