Conclusão do Gauchão gera 'plantão interminável' e reuniões até a madrugada
Não está sendo nada fácil concluir o Campeonato Gaúcho. Depois da paralisação na competição, em março, o torneio viveu momentos de incerteza, mas foi retomado no último dia 22. E quando os jogos tinham tudo para acontecer em série, pipocaram vetos de prefeituras e imprevistos que fazem até hoje a Federação Gaúcha de Futebol (FGF) tratar o torneio rodada após rodada.
São prefeituras que não aceitam jogos, estádios que não possuem iluminação, a regionalização obrigatória, e tudo em meio a um cenário de pandemia do novo coronavírus. Ou seja, ainda houve jogadores, técnicos e profissionais de clubes testando positivo para Covid-19.
E para levar tudo isso, o presidente da entidade, Luciano Hocsman, vive uma bateria de reuniões que avançam a madrugada, conversa com os mais diversos segmentos dentro das estruturas municipais e até precisou se distanciar da família. A vida pessoal ficou de lado, agora é tudo Gauchão, num 'plantão interminável' para conseguir concluir a disputa.
Entre uma reunião e outra, o mandatário contou ao UOL Esporte a rotina de telefonemas, conversas, tentativas e até então sucesso na sequência da disputa.
"Está sendo bastante trabalhoso. São diversas autoridades com as quais precisamos estar alinhados, pontas que precisamos conversar. Inicialmente as prefeituras, mas não só o prefeito. São secretarias municipais, Vigilância Sanitária, Secretarias da Saúde, Esporte, gabinete de crise, comitê de Covid-19... Precisamos conversar com todos para ter autorização para os jogos. Depois, ainda tem a logística das equipes, a transmissão de televisão, o tipo de transmissão, os estádios, a estrutura, são muitos pontos para cada jogo", revelou Hocsman.
"Normalmente, começamos a fazer isso com uma certa antecedência. Mas não tem hora para acabar. Ontem [segunda] já passava das 23h30 e nós ainda estávamos em conversa. Até chegar a um ponto comum era madrugada e ainda estávamos trabalhando", completou.
Com isso, a vida pessoal acaba em segundo plano. A falta do tempo livre com o filho Eduardo, de 5 anos, a compreensão da esposa Paula, tudo faz parte do esforço do comando da FGF para concluir o principal campeonato do Estado em meio a um cenário tão complexo como o de 2020.
"Indiscutivelmente, se eu não tivesse a compreensão da minha esposa e do meu filho, as coisas teriam sido muito mais complicadas. Eu tenho muito pouco tempo para fazer as coisas com eles. Meu filho está sem escola em razão da pandemia, eu tento ajudar para minha esposa também poder trabalhar e fazer as coisas dela", contou.
"Um dia desses, cheguei em casa e ele [filho] estava vestido com roupa social, com um telefone de brinquedo na mão. Fui falar com ele, e ele disse: 'espera um pouco, estou transferindo um jogo aqui' (risos). Outro dia, dentro da pureza da criança, me perguntou se faltava muito tempo para o campeonato acabar, para que a gente possa, então, ter mais tempo juntos. Realmente está sendo bem difícil, mas estamos nos esforçando muito para finalizar o campeonato com toda responsabilidade", completou.
Resta uma rodada para o fim do returno, um jogo adiado, e mais semifinais e final. Se outra equipe que não o Caxias levar a taça, mais dois jogos para definir o campeão gaúcho de 2020. E então, o pequeno Eduardo poderá parar de 'transferir jogos' e terá o pai de volta.
Reclamações e polêmica com D'Alessandro
Enquanto trabalha pela conclusão do torneio, o presidente da FGF conviveu com reclamações do Inter sobre o gramado e também ouviu bronca de D'Alessandro após o Gre-Nal. Com tranquilidade, Hocsman diz entender o pleito colorado e não quer tratar sobre a conduta do meia argentino.
"A reclamação sobre o gramado, ou sobre iluminação, não são novidades para a gente. Infelizmente, sabemos da realidade do futebol gaúcho. Sabemos da dificuldade que os clubes enfrentam para oferecer a melhor estrutura. Teremos gramados europeus aqui? Dificilmente. Mas os clubes se esforçam e a federação também, por muitos anos, para melhorar as condições no gramado. Depois de muito tempo, devido à pandemia, voltamos a ter jogos no inverno no Gauchão. Antes da paralisação, não havia reclamação. Faz parte do folclore do campeonato. Entendemos muitas vezes por que se direciona determinadas reclamações. Uma hora é a bola, outra o gramado, outra a iluminação. Entendemos isso de uma forma muito tranquila", disse.
"Sobre o episódio do Gre-Nal, não vou falar nada. Já disse anteriormente, sei que houve a denúncia e a situação será resolvida pelo TJD, com a Justiça Desportiva. Não tenho nada para falar", finalizou.
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