Marlon quer retribuir Flu por 'sonho' na Europa: 'Devo tudo ao clube'
Após boa passagem por empréstimo no Boavista, de Portugal, o lateral esquerdo Marlon se reapresentará ao Fluminense na próxima segunda-feira (3). Em conversa exclusiva com o UOL Esporte ao telefone, o jovem de 23 anos se disse amadurecido, "em nível muito maior" e quer retribuir ao Tricolor carioca tudo o que fez o clube, em 2017, apostar nele ao comprar os seus direitos econômicos junto ao Criciúma.
"O Fluminense apostou muito em mim. Voltei melhor e quero retribuir. Boa parte do que conquistei na vida se deve ao Fluminense. Eu devo tudo ao clube. Estou motivado para mostrar meu valor. Tive sequência em Portugal, e isso me fez readquirir também a confiança que eu havia perdido por estar desacreditado no Flu", afirmou.
Os R$ 2 milhões pagos pelo Flu ao Tigre naquela temporada tinham o respaldo dos elogios de Tite. O treinador da seleção brasileira o convocou para participar de treinos visando jogos das Eliminatórias à Copa do Mundo da Rússia-2018, uma vez que o atleta já acumulava passagens pelas seleções sub-20 e olímpica. Por lá, teve contato com o técnico Odair Hellmann, que já conhecia dos tempos de Internacional e, hoje no Tricolor, conta com o lateral para o restante da temporada.
"Gosto muito do Odair [Hellmann] e do Maurício [Dulac, auxiliar]. Desde novo me dou bem com eles. Eles têm uma característica de ter um grupo homogêneo. Você vê que nos treinos estão sempre todos felizes. O Odair usa muita gente, tem esse trunfo de ganhar a galera, os atletas se sentem bem para trabalhar. Espero conversar com ele assim que chegar ao Rio. Tenho contrato, vou voltar, espero continuar a boa fase, agora no Fluminense", elogiou.
A palavra mais repetida pelo jogador durante a conversa com o UOL Esporte foi "feliz". A passagem pela Europa fez o jogador se sentir pronto para fazer tudo o que ficou faltando em sua primeira passagem pelo Fluminense.
"Vou voltar e dar meu melhor. Estou com aquele gostinho de provar que sou capaz, que posso jogar. Se tiver oportunidade vai ser ótimo. Fui muito feliz em Portugal. Fiquei reconhecido como bom batedor de faltas. Mesmo tendo o Nenê, que é um cracaço, posso agregar também na bola parada e aprender muito com ele. É o momento ideal para voltar e ter sequência. Estou pronto", disse.
E o amadurecimento pessoal foi também esportivo. Em uma liga "mais fraca tecnicamente que no Brasil, mas muito forte taticamente", em suas palavras, Marlon ficou mais forte e veloz. No Velho Continente, melhorou sua performance física em comparação ao futebol brasileiro.
"Sem a bola tem que se dedicar muito à marcação. A parte física é muito elevada. Em Portugal, peguei ritmo de jogo. E aí, comparando meus números pelos dados do GPS, como tina no Fluminense, evoluí muito. No Brasil, eu corria de 9 a 10 km por jogo. Lá, cheguei a correr 15 km.
Ganhei resistência, até por jogar mais. Minha maturação tática e física foi grande. Fiquei mais forte mesmo. Estou no peso ideal, 78 kg, mas estou mais rápido e forte, com muito mais massa magra. Ajudou muito a melhorar", contou.
Tudo isso, ele fez questão de destacar, também por conta da possibilidade de atuar apenas uma vez por semana, com mais treinamentos. De todo jeito, Marlon afirma que refletirá esse ganho físico no Campeonato Brasileiro, projetando as 38 rodadas no apertado calendário do país.
"Lá o futebol é mais intenso. Certamente estarei melhor fisicamente para aguentar a maratona que são as 38 rodadas do Brasileirão, ainda mais com as mudanças que esse ano impôs".
As diferenças entre Brasil e Portugal também ficaram claras para o jogador no combate à pandemia do novo coronavírus. Modelo na Europa, a "Terrinha" seguiu todo tipo de protocolos e fez uma quarentena prolongada.
"Por ser a primeira experiência, acho que acertei em vir para Portugal pela adaptação fácil e a língua. E contra a pandemia foi modelo. Quando os casos começaram, o país se resguardou bem, fechou as fronteiras. É mais fácil com 8 milhões de habitantes, mas de todo jeito, quando a situação tinha que ser controlada aqui, não havia mais tempo e, infelizmente, morreram muitas pessoas. Lá, eu fazia três exames de Covid por semana. Um 48h e outro 24h antes dos jogos. Ainda fazia um 48h depois. E eram poucos inconclusivos, registraram poucos casos. É um lugar de infraestrutura muito melhor, foi mais fácil. O mais difícil foi buscar maneiras de se ocupar, treinar e falar com a família", explicou.
Apesar das sondagens para ficar na Europa — a mais concreta, do Trabzonspor, da Turquia, esfriou por uma punição da Fifa ao clube —, o lateral vê com bons olhos seu retorno ao Fluminense.
"O Fluminense foi quem me abriu as portas para o futebol mundial. Tive procura da França e da Turquia, mas para depois. Quero escutar qual o projeto do Fluminense, aprender, crescer como profissional. O time é bom, o técnico bom, ambiente é sempre bom, então, é tudo propício para ter oportunidade e fazer um grande ano. Sei que vou repetir o futebol que apresentei em Portugal. Quero demonstrar tanto para o torcedor quanto para o clube o jogador que eu sou. Estou preparado. Jogador de futebol vive de pressão".
Os cinco graus registrados em Cascavel na tarde de ontem (30) fizeram a saudade do Rio de Janeiro aumentar. Mesmo em um dia chuvoso e frio para os padrões cariocas, Marlon lembra que a parceria com companheiros e funcionários o fazem lembrar com muito carinho do Flu em todos os momentos. O coração está apertado pelo retorno.
"O Fluminense é um clube família. Todos os jogadores são sempre bem recebidos. A gente tinha costume de jantar junto, se reunia demais. O que eu tenho mais saudade é do dia a dia do clube. Fui e serei muito feliz no Flu. Estou sempre em contato com o Gilberto, que é muito meu amigo, com a galera da fisiologia, da fisioterapia, os seguranças. Estou sempre brincando com Dodi e Nino, que são meus amigos de infância, de Criciúma. É muito diferente o dia a dia daqui do que na Europa. Lá é mais sisudo. Aqui é mais alegre, leve. Fico com saudade do vestiário, mas vou matar na segunda-feira [risos]", brincou.
Com a camisa do Fluminense, Marlon disputou 48 jogos e marcou um gol. Pelo Boavista, jogou 28 partidas e fez dois gols — ambos em lindas cobranças de falta —, além de duas assistências.
De volta, ele chega para brigar pela posição com Egídio, o único da posição garantido até o fim do Campeonato Brasileiro, em fevereiro de 2021. Orinho, que tem vínculo até dezembro, deve ser liberado pelo clube assim que o martelo for batido pela permanência do jovem de 23 anos, que é um desejo da diretoria, da comissão técnica e também do jogador.
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