Ex-atacante do Santos tenta recuperar Giva após 7 anos de negócio com Barça
Em 2013, o técnico Muricy Ramalho elegeu Giva como "parceiro ideal" de Neymar no ataque do Santos. O jovem que havia sido artilheiro do time na Copinha daquele ano despontava entre elogios e altas expectativas, o que levou o Barcelona a pagar 7,9 milhões de euros (R$ 24 milhões, na cotação da época) pela preferência de compra dos direitos econômicos dele, de Gabigol (hoje no Flamengo) e de Victor Andrade (do Goiás).
Na verdade, a cláusula fazia parte da negociação que levou Neymar ao Barcelona e foi paga ao Santos "por fora", supostamente para evitar repasse a outros investidores que tinham direitos econômicos do atacante. Ou seja, Giva "custou" R$ 5,5 milhões ao Barça sem ter jogado.
Sete anos depois a realidade é diferente. Longe do glamour da Espanha, mas ainda ligada de alguma forma ao Santos. Giva tem 27 anos e prepara sua estreia pelo décimo time da carreira, o Imperatriz do Maranhão. Lá, terá como treinador o ex-atacante Paulinho Kobayashi.
Assim como Giva, o agora treinador Paulinho Kobayashi também teve passagem pelo Peixe. Foi em 1994, com 16 gols em 57 partidas. Uma referência em tempos de vacas magras. Hoje em dia a identificação com o clube permanece, até porque ele decidiu morar em Santos.
E será dele, treinador de futebol há dez anos, a missão de recuperar um Menino da Vila.
O Giva tentou uma carreira fora do país, acabou que não foi de muito êxito, e voltou. O importante é saber que é um jogador que pode ajudar e muito. Vamos tentar resgatar aquele futebol que apresentou no Santos em 2013."
A estreia de Giva no Campeonato Maranhense deve acontecer hoje (1º), contra o Sampaio Corrêa, concorrente direto pela classificação às semifinais: "As passagens de jogadores por clubes grandes só agregam. Claro que o fato de ter atuado junto com o Neymar ajuda, mas tudo depende dele. Junto com ele e alguns garotos vamos tentar montar uma equipe competitiva. Não vamos jogar toda a responsabilidade nele, até porque o Imperatriz é um grupo. Mas acredito que ele tem todas as condições de jogar um futebol de alto nível."
"O Giva é um atleta que eu conhecia por morar em Santos. Então, vi toda essa garotada quando começou. Sempre achei um atleta dinâmico, que apesar da sua altura, tem velocidade e mobilidade. Procuramos sempre extrair do jogador o melhor e, nos primeiros treinos, ele já demonstrou suas qualidades. Ele nos ajuda muito no nosso dia a dia e faz a função que eu gosto. Ele é um falso 9, que joga pelas beiradas e finaliza bem", sentenciou Paulinho Kobayashi.
Em dez anos de carreira como treinador, o ex-atacante já trabalhou em clubes do interior de São Paulo e Minas Gerais e, principalmente, no Nordeste, onde foi bicampeão piauiense pelo Altos, em 2017 e 2018. Ano passado, pelo Imperatriz, bateu na porta de um acesso à Série B do Brasileirão. Agora, diante do contexto da pandemia do novo coronavírus, o elenco sofreu perdas e o trabalho precisará ser ainda mais intenso.
"É inegável que a pandemia trouxe prejuízos de todos os tipos, o econômico inclusive, para o Imperatriz. Mas não é uma realidade apenas nossa. Então, o cenário sem torcida, a dificuldade com a questão do patrocinador nos traz um desafio ainda maior nesta temporada. Mas nossos objetivos seguem os mesmos. Vamos em busca do título maranhense, que nos dará oportunidades de disputa de uma Copa do Brasil e Copa do Nordeste, além, naturalmente, da questão do caixa do clube. Na Série C [do Brasileiro], o foco inicial é pela manutenção do Imperatriz na competição para o ano que vem. Acredito que será uma competição acirrada, mas vamos um degrau por vez."
Outro ex-Santos no time
Quem também faz parte do elenco do Imperatriz é o volante Adriano, de 33 anos. Ele foi campeão da Libertadores pelo time da Vila Belmiro em 2011, mas nos últimos anos não conseguiu se firmar novamente.
"O Adriano chegou no primeiro semestre após um período parado. Natural que no começo tenha sentido um pouco esse período sem atuar, mas antes da paralisação já estava perto do ritmo ideal e conseguiu nos ajudar muito. É um cara bastante experiente e que nos agrega muito no setor de meio de campo. O clube está conversando com ele uma questão contratual para ver se ele consegue seguir nos ajudando. Tem toda a questão mais delicada do clube na parte financeira. Não sabemos como vai se resolver, não costumo me meter nesse tipo de situação, mas gostaria muito de contar com ele pelo que ele agregaria ao elenco na sequência da temporada."
O futuro como treinador
"Comecei a fazer estágios e cursos assim que terminei minha carreira. Tive a oportunidade de conseguir agregar experiência no Santos com profissionais muito gabaritados, como Vanderlei Luxemburgo, Muricy Ramalho e Dorival Júnior. Também tive oportunidade no Bahia com o Alexandre Gallo. Fiz todos os cursos e possuo todas as licenças da CBF. Procurei estudar bastante. Desde 2017, consigo resultados muito bons. Estou no caminho certo. Comecei nas divisões inferiores em São Paulo e estou evoluindo gradativamente. O objetivo futuro é ter a oportunidade de estar na disputa da elite do nosso futebol, sem dúvidas."
Futuro técnico do Santos?
"Meu objetivo é um dia ter a oportunidade de desenvolver meu trabalho como treinador em clubes de expressão nacional, assim como fiz na época de jogador. Então, tive um momento importante no Santos, atuei por cinco anos na Europa [atuou em times da Grécia], Vitória, América-RN, onde tive muitas conquistas como atleta. Conquistei a Copa do Nordeste, levei o clube da Série C para a Série A. Espero repetir um feito deste como treinador. E o Santos, lógico, até por ser o local onde possuo residência fixa, será espetacular ter a oportunidade de comandar a equipe. E espero um dia ter essa chance não só no Santos, mas em outros clubes da elite, por tudo o que estudei e me preparei."
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