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"Bombeiro", Argel já prevê dança das cadeiras: "Gosto de time desmantelado"

Argel Fucks, ex-técnico do Ceará, durante partida contra o Corinthians, em dezembro de 2019 - Pedro Chaves/AGIF
Argel Fucks, ex-técnico do Ceará, durante partida contra o Corinthians, em dezembro de 2019 Imagem: Pedro Chaves/AGIF

Gabriel Carneiro

Do UOL, em São Paulo

07/08/2020 04h00

Nove times da elite do futebol brasileiro já trocaram de treinador em 2020, com demissões e pedidos de dispensa. O último foi o Santos, que mandou embora o português Jesualdo Ferreira e, agora, tenta acertar com Cuca.

Antes, Atlético-MG (Rafael Dudamel por Jorge Sampaoli), Botafogo (Alberto Valentim por Paulo Autuori), Ceará (Argel Fucks por Guto Ferreira), Sport (Guto Ferreira por Daniel Paulista), Atlético-GO (Cristóvão Borges por Vagner Mancini), Red Bull Bragantino (Antônio Carlos por Felipe Conceição), Vasco (Abel Braga por Ramón Menezes) e Flamengo (Jorge Jesus por Domènec Torrent) já tinham passado por mudanças.

Toda essa agitação do mercado da bola mexe com os treinadores desempregados, especialmente aqueles que sempre trabalham no Campeonato Brasileiro. Argel Fucks, 45 anos, é um exemplo. Ele não iniciará a competição em algum clube, mas imagina que a chance pintará em breve. Até porque participou de todas as últimas oito edições, nem que fosse por algumas rodadas.

Estamos aguardando. Houve alguns contatos de clubes, nada concreto. Mas sabemos como é o Brasileiro, passa três ou quatro rodadas vão mexer as cadeiras e, certamente, algum time vai precisar de um bombeiro. Vamos estar à disposição para ir lá salvar, não deixar cair, tirar de uma situação difícil. Meu trabalho é um pouco de bombeiro e um pouco de engenheiro.

O bom humor de Argel tem bases concretas: ano passado ele dirigiu CSA e Ceará na briga contra o rebaixamento à Série B do Brasileirão. Nos anos anteriores, também esteve à frente de times desesperados, nunca no topo da tabela. Ele abraça o rótulo de bombeiro com seu estilo firme, explosivo e motivador.

"Gosto de chegar em clube desmantelado, time mal, para cair, e conduzir um trabalho de recuperação. Os clubes nos contratam quando a faca está no pescoço, e eu gosto disso, é uma motivação diferente, uma forma diferente de trabalhar, porque a pressão é maior para você não cair do que para ser campeão", diz.

Argel no Inter - Ricardo Duarte/Divulgação SC Inter - Ricardo Duarte/Divulgação SC Inter
Argel dirigiu o Inter por 61 partidas entre agosto de 2015 e junho de 2016 - neste ano o time viria a ser rebaixado à Série B
Imagem: Ricardo Duarte/Divulgação SC Inter

Experiente no Brasileirão, o treinador demitido do Ceará, em fevereiro, passou a quarentena vendo muito futebol e aposta num torneio equilibrado a partir de amanhã (8): "Será muito parelho. É um recomeço, né? Atleta não é máquina, estamos falando de músculos. É a mesma coisa que um cantor ficar quatro meses sem cantar. Por isso, não vai ser de uma hora para outra, vai haver um equilíbrio. O Brasileiro é longo, muitas viagens, tem time que vai cair fisicamente. Para mim, seria o momento ideal de emparelhar com o calendário europeu. Já que começa em agosto, faz até agosto de 2021 para testar, não precisa espremer o campeonato."

O alerta do equilíbrio feito por um treinador acostumado às brigas pela salvação vale principalmente para os grandes clubes, diz Argel: "No futebol brasileiro, time grande cai. Cai, sim. É difícil construir e muito fácil destruir, é a coisa mais fácil, é só você achar que tem que dar um passo maior que a perna e pronto. Vamos aguardar."