Série B: 4 times são considerados transmissores da covid-19 após jogo em AL
Quatro clubes da Série B do Campeonato Brasileiro estão sendo considerados transmissores ambulantes da covid-19, doença causada pelo novo coronavírus. A avaliação é do epidemiologista Paulo Lotufo, da Universidade de São Paulo (USP). Na última quarta-feira (5), oito jogadores do CSA testaram positivos para a doença após disputarem a final do Campeonato Alagoano contra o CRB.
Além deles, o árbitro Denis Ribeiro Serafim, que também teve contato com o elenco foi testado positivo. Ele estava escalado para o jogo de sábado, às 21h, entre Ponte Preta e América-MG, em Campinas. Mesmo com o resultado e o pedido de adiamento, as partidas de estreia na Série B foram mantidas pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF).
Os jogadores do CRB que tiveram contato com o elenco azulino estiveram no Aeroporto Internacional Zumbi dos Palmares, em Maceió, e viajaram na quinta-feira para o Rio Grande do Sul para a partida contra o Juventude, onde perderam por 2 a 1 no sábado. Em Alagoas, mesmo com cinco titulares afastados devido a doença, o CSA entrou em campo e conseguiu vencer o Guarani por 1 a 0.
Apesar dos resultados, as partidas que não adiadas pela Confederação Brasileira de Futebol colocou CSA, CRB, Guarani e Juventude em risco, como explica o especialista Paulo A. Lotufo. "Se os jogadores do CSA testaram positivo mesmo de forma assintomática podemos dizer sem dúvida que quem teve contato com eles estão em risco".
Além dos atletas, funcionários de hotéis, motoristas de ônibus, funcionários do estádio, jornalistas que acompanharam o grupo durante a comemoração do título Alagoano do CRB, entre outros também foram postos em risco. "Esse é o maior problema das viagens dos clubes, é espalhar o vírus em aeroportos que tem grande circulação de pessoas [...] Mesmo os jogadores que não testaram positivo deveriam ter ficado em isolamento por serem considerados infectantes", explicou.
Para o especialista, "a CBF deveria ter adiado as partidas de CSA e CRB como fizeram ao afastar o árbitro. Agora são considerados focos da doença".
A reportagem entrou em contato com o presidente interino do Conselho Deliberativo do CSA, Valmá Peixoto, que explicou ter solicitado o adiamento da partida, mas que houve uma negativa da CBF.
"Houve uma solicitação à CBF quando recebemos os resultados positivos, mas diante do protocolo a resposta foi negativa em razão de os clubes que já estariam nos hotéis e pelos locais seguirem os protocolos sanitários estabelecidos", contou o presidente.
Para Valmá, apenas se a CBF tivesse considerado a situação uma calamidade, a partida teria sido adiada. "Se fosse uma calamidade a ponto de não ter jogador para entrar em campo, eles teriam impedido, mas no caso do CSA foram oito jogadores, nem todos eram titulares e aí foi entendido que realmente não existia possibilidade do adiamento".
Questionada sobre a decisão de manter as partidas, a CBF informou apenas que "todas as situações são analisadas pela Comissão Nacional de Médicos de Futebol (CNMF) da CBF. As decisões são tomadas de acordo com as normas da OMS e os protocolos do Ministério da Saúde e das secretarias estaduais de Saúde".
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