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Flu repete "velhos problemas" e vê mais um Brasileirão difícil pela frente

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Caio Blois

Do UOL, no Rio de Janeiro

10/08/2020 09h40

Atuando fora de casa, na Arena do Grêmio, o Fluminense fez uma partida equilibrada, mas iniciou a caminhada no Campeonato Brasileiro com uma derrota por 1 a 0. Repetindo velhos problemas que mostrou em 2020, a equipe vê mais um Brasileirão difícil pela frente.

Os donos da casa, com mais qualidade apesar dos desfalques, foram mais eficientes, e o resultado refletiu a superioridade, principalmente na segunda etapa. Resultado que, em que pese a atuação esforçada do time de Odair Hellmann, expõe a dificuldade que está por vir na competição para o Tricolor.

Isso porque, com uma folha salarial compatível a um time de meio de tabela, o Fluminense não consegue respostas para as dificuldades crônicas de falta de velocidade e agressividade no ataque. Opções táticas e técnicas não deram o resultado esperado, e, apesar das mudanças na segunda etapa, o Tricolor criou poucas chances para incomodar o adversário.

Para atuar contra uma equipe que costuma reter a posse de bola e propor jogo, Odair Hellmann optou mais uma vez por uma postura um pouco mais reativa. Mas no início do jogo, o Fluminense até teve mais a bola e conseguiu criar boas chances.

Na segunda metade da primeira etapa, entretanto, a equipe se ressentiu de um homem a mais na frente. No intervalo, o técnico sacou o pendurado Yuri, desfez a trinca de volantes e colocou Michel Araújo em campo.

O primeiro lance do uruguaio terminou em lindo chute do apagado Nenê que Vanderlei impediu de virar um golaço. O lampejo do veterano, entretanto, não justificou sua manutenção em campo. Mesmo com liberdade para flutuar da ponta para o meio, o camisa 77 fez mais um jogo apagado. Em 2020, o experiente meia rendeu melhor mais perto do gol.

"A visualização do contexto de jogo, da parte tática, vou continuar batendo toda hora nesses rótulos, eles não são trabalhados aqui dentro. O Nenê não é ponta, tem toda liberdade como meia para jogar entre as linhas, dar profundidade ao lateral. Todos os movimentos que são treinados são feitos 95% entre linhas, jogar mais nas costas dos marcadores do que de ponta. Da mesma forma o Marcos Paulo do outro lado", explicou Odair Hellmann em sua rápida entrevista coletiva após o jogo.

Apesar da justificativa, a opção do técnico por tirar Marcos Paulo para a entrada de Fred também não deu resultado. Jogador mais perigoso do Fluminense, Evanílson passou também a ficar longe do gol. As melhores - e poucas - jogadas criadas pelo Flu na Arena vieram justamente quando a dupla de Xerém atuou mais próxima.

Nenê cai de produção, e Flu perde poder de fogo

Por outro lado, Nenê até se movimentou bastante, mas foi pouco efetivo. Após começar o ano com nove gols em 11 jogos, o meia de 39 anos, em novo posicionamento, não balançou as redes nem deu passes para gol nos oito jogos - contra adversários, em maioria, de nível superior aos do início do ano.

Nenê caiu de produção em retorno após paralisação, e Fluminense perdeu poder de fogo - Lucas Mercon/Fluminense FC - Lucas Mercon/Fluminense FC
Nenê caiu de produção em retorno após paralisação, e Fluminense perdeu poder de fogo
Imagem: Lucas Mercon/Fluminense FC

Em compensação, quando teve mais velocidade no meio e na frente nos últimos 15 minutos, com Miguel, Wellington Silva e Fernando Pacheco, o Tricolor não chegou a empolgar, mas voltou a criar chances. Odair, entretanto, discordou um pouco da dificuldade de criação.

"Contra o Botafogo criamos poucas finalizações perigosas, que fizessem o goleiro trabalhar. Hoje o enfrentamento foi diferente. Conseguimos criar oportunidades que aumentam chance de gol. As situações foram iguais nesse sentido. Criamos situações perigosas até a mais que o Grêmio. Mas a efetividade nessas finalizações fez diferença", declarou.

De acordo com dados do Sofascore, o Fluminense, de fato, teve mesmo número de chances claras que o Grêmio: quatro. Mas o time da casa finalizou 15 vezes, contra dez da equipe de Hellmann. Oito das chances dos gaúchos foram dentro da área, contra apenas duas dos cariocas. Poder de fogo reduzido com os homens de ataque distantes do gol e pouco associados pela ausência de um meia no esquema com três volantes.

O volume de jogo da equipe no campo ofensivo deixou a desejar, também por conta da falta de velocidade, uma vez que o ofensivo time de Renato Gaúcho concedeu seus espaços, principalmente pelas pontas, que não foram aproveitados pelos laterais ou volantes do Fluminense, que no esquema montado por Odair têm o objetivo de dar profundidade e infiltração à equipe.

Desfalcada, defesa volta a comprometer

Egídio teve mais uma atuação ruim e falhou no gol do Grêmio - Lucas Mercon/Fluminense FC - Lucas Mercon/Fluminense FC
Egídio teve mais uma atuação ruim e falhou no gol do Grêmio
Imagem: Lucas Mercon/Fluminense FC

Em que pesem desfalques importantes na zaga - o substituto Luccas Claro não comprometeu - e a saída de Gilberto, o Fluminense voltou a errar bastante na defesa. O time sofreu oito gols em oito jogos após a volta da paralisação por conta da pandemia de coronavírus e é também o que mais perdeu entre equipes da Série A em 2020: sete vezes.

Mesmo protegida por três volantes, a primeira linha concedeu espaços. Nino, que mudou para o lado esquerdo da zaga, teve dificuldades, e Egídio, na lateral-esquerda, voltou a falhar. No lance do gol, marcou a bola e deixou Diego Souza livre para fazer o único gol do jogo.

Fato é que os problemas da equipe são antigos e se repetem desde o começo do Campeonato Carioca. Sem dinheiro para grandes contratações, o Tricolor terá que procurar no elenco soluções para alcançar a meta estipulada internamente: voltar à Libertadores.

Após vender Gilberto para o Benfica, o Fluminense deve, ao menos, buscar reposição na lateral-direita. Mas todos os outros setores do campo também merecem atenção da diretoria para idas ao mercado.

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