Nenê cai de produção, e Flu vive crise no ataque com má fase de artilheiro
O 2020 do Fluminense começou com Nenê como grande destaque. O meia marcou nove gols nos primeiros 11 jogos e decidiu a maioria dos primeiros confrontos do Tricolor no ano. De lá para cá, entretanto, o experiente jogador caiu de produção, e o ataque da equipe entrou em crise.
Nos dez jogos seguintes — oito deles após a parada da pandemia do novo coronavírus —, Nenê só participou diretamente de um gol, dando passe para Evanílson marcar contra seu ex-clube, o Vasco, em vitória tricolor no clássico já com o Maracanã sem público. O Flu, por outro lado, marcou apenas quatro vezes.
Na paralisação, inclusive, o jogador de 39 anos contraiu Covid-19, mas assintomático, perdeu apenas um jogo e algumas sessões de treinamento.
A interrupção, porém, foi bastante sentida, seja pelo fator psicológico da "confiança" ou mesmo físico, ainda que o meia, de privilegiado vigor e muito cuidadoso com seu corpo.
Com a má fase de seu "improvável" artilheiro na temporada, o time de Odair Hellmann tem dificuldades para balançar as redes. Em um posicionamento um tanto diferente e mais distante um pouco do gol, ele ainda não se reencontrou no ataque com Marcos Paulo e Evanílson no retorno do futebol. Somado a isso, vê uma "sombra" que até agora não o tem assustado: o ídolo Fred, hoje reserva do setor.
Na derrota para o Grêmio, na estreia no Campeonato Brasileiro, a atuação foi muito ruim. Os números do site Sofascore, especializado em estatísticas, mostram que Nenê foi quem mais perdeu a posse de bola (20 vezes) e errou mais passes (12), cruzamentos (três) e lançamentos (três), apesar de ter sido apenas o 13º que mais distribuiu passes entre os jogadores em campo. Não à toa, foi substituído aos 25 minutos da segunda etapa.
Apesar disso, o experiente meia foi apenas o terceiro jogador a deixar o campo por substituição. Além da troca de Yuri por Michel Araújo no intervalo — um acerto de Odair —, Marcos Paulo foi substituído por Fred, em mexida que não deu certo. O camisa 11 não fazia o melhor de seus jogos, mas era mais criativo e muito superior ao camisa 77.
Mudança de posição e função
A mudança em seu posicionamento, inclusive, é um capítulo à parte. Odair sustenta que o jogador de 39 anos não atua como ponteiro, acompanhando laterais e atacando a linha de fundo. De fato, Nenê costuma buscar as diagonais, ao menos em teoria. Mas na prática, o Fluminense se ressente de uma opção mais aguda, seja por um meia para cumprir a mesma ideia ou um atacante de velocidade.
Antes da parada, o camisa 77 jogava por vezes como falso 9 e em outras solto por trás dos atacantes, que se associavam mais vezes. A diferença estava no meio de campo, onde o Tricolor não tinha a trinca de volantes atual, e sim mais uma opção na ponta — geralmente Wellington Silva. Mais próximo ao gol, aproveitava o que tem de melhor: a finalização. Por isso balançava bastante as redes.
Foi com essa formação que o Flu teve as melhores atuações na temporada, apesar da boa performance com o atual esquema contra o Flamengo nos três últimos jogos do Campeonato Carioca — incluindo o que rendeu o título da Taça Rio, nos pênaltis.
Com Hudson (ou Yuri), Yago e Dodi, o Fluminense até ganhou certo equilíbrio defensivo, mais posse e capacidade de marcação. Ainda assim, segue sofrendo muitos gols — são 19 em 24 jogos — e perdendo muitas partidas (sete, pior marca entre times da Série A). Para piorar, mostra dificuldades na criação.
Além disso, Yago não repete as boas atuações que tinha quando atuava como segundo volante. No "vértice" direito do triângulo armado por Hellmann, o camisa 20 ainda não se encontrou.
Nos últimos jogos, Odair tem aberto mais espaço para o uruguaio Michel Araújo, que tem entrado bem. Além dele, Miguel e Wellington Silva, principalmente, são boas opções para atuar no setor. O técnico terá mais uma chance de fazer ajustes no jogo contra o Palmeiras, amanhã (12), às 21h30, no Maracanã.
Sua equipe não vem bem e venceu apenas um dos nove jogos após a paralisação por conta da pandemia — um amistoso, contra o Botafogo.
O trabalho, entretanto, não é contestado internamente, apesar dos 25,9% de aproveitamento desde o retorno do futebol. Odair Hellmann terá tempo para acertar os ponteiros, mas talvez, a saída esteja em retomar o antigo modelo. Ou fazer outras mudanças no time titular.
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