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Palmeiras devolve alegria a garoto Nickollas na pandemia e ajuda estudos

Beatriz Cesarini

Do UOL, em São Paulo

11/08/2020 04h00

A pandemia causada pelo novo coronavírus mudou a rotina de muita gente. Silvia Grecco, a mãe que narra os jogos do Palmeiras ao filho Nickollas, contou ao UOL Esporte como se reinventou para cuidar de seu pequeno nesse período. O amor pela agremiação alviverde alegrou o torcedor símbolo nesse momento difícil e o ajudou até nos estudos, que foram ainda mais complicados, porque o jovem é cego e autista.

"Sem exagero nenhum... Todos os dias ele acordava e deitava perguntando: 'Quando vai ser o próximo jogo do Palmeiras? Tem algum jogador do Palmeiras que está doente e por isso não está tendo jogo?'. Ele ficava repetindo isso sempre e explicava que logo iria ter. Ele perguntava se poderíamos assistir e eu expliquei que em um primeiro momento não iríamos. Foi falado tanto isso que hoje, até com o retorno, ele fica preocupado", declarou Silvia.

Como se não bastasse a pandemia que obrigou a paralisação do futebol, Dudu, o ídolo de Nickollas, deixou o Palmeiras ao ser emprestado ao Al Duhail, do Qatar. O jovem ficou muito triste, mas entendeu a situação quando o próprio atacante entrou em contato para se despedir.

Silvia precisou se reinventar nos meses em que não tiveram jogos: foram altos e baixos. Além de explicar com cuidados sobre o que estava acontecendo no mundo, a mãe sempre colocava transmissões antigas de partidas do Palmeiras e, assim como narrava os confrontos no estádio, lia textos sobre a história do time de origem italiana.

"A ausência dos jogos bateu muito forte para ele. É mais uma coisa que fazia o dia a dia do Nickollas mais feliz e produtivo. Eu comecei a ler muito sobre a história do Palmeiras e ele ouvia muito. Foi a tábua de salvação", explicou Silvia.

O futebol, inclusive, foi aliado no momento de Silvia com os estudos de Nickollas. O jovem palmeirense é autista e não se adaptou às aulas em casa.

"O estudo também é outra parte difícil nessa quarentena, porque para ele o lugar de estudar é na escola. Minha solução foi buscar os conteúdos conversando com ele a respeito, sem ele perceber que era algo escolar. Usei os times do Brasileirão para colocar a geografia no meio... Para ele entender dos Estados e tudo mais. Ele ia descobrindo de onde era cada time", explicou a mãe.

O sorriso voltou de vez ao rosto de Nickollas nos últimos dias, com o retorno do futebol e a conquista do Campeonato Paulista em cima do Corinthians. "Ele fala muito quando o jogo passa: 'Queria ir, mas não posso. Quando vai poder?'. Fica aquela ansiedade, porque no estádio ele se transforma. Em casa também. Quando é dia de jogo, ele quer vestir a camisa, a gente arruma a casa toda, eu coloco na caixa de som o grito da torcida no estádio, ai ele fica pulando muito", conta a mãe.

Para a grande decisão do Paulista entre Palmeiras e Corinthians, Silvia e Nickollas gravaram uma mensagem aos jogadores a pedido do próprio clube e conseguiram transmitir emoção e motivação. O resultado? Uma taça para o time do coração e a vibração tão grande quanto a do estádio.

"Estávamos preparados para gritar 'é campeão" e aconteceu aquele pênalti que o Jô converteu. Mas depois foi uma emoção enorme com o último gol de Patrick [de Paula] na disputa por penalidades. Nickollas lembrou do título do Brasileirão de 2016, fomos na Paulista", relatou Silvia.

"Eu torço muito para o meu time. Mas não tenha dúvida que minha maior alegria foi, nesse momento de transição, em que ficamos parados em casa, sentir a vibração e alegria do meu filho novamente, após muitos dias. Vai ficar marcado de uma forma diferente esse título na nossa vida, porque eu pude ver meu filho feliz novamente", encerrou a mãe de Nickollas.

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