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Dome "desmonta" time de Jesus e encara revolta com apenas 10 dias de Fla

Leo Burlá

Do UOL, no Rio de Janeiro

13/08/2020 04h00

Em suas primeiras palavras como treinador do Flamengo, Domènec Torrent assegurou que iria fazer uma mudança lenta e gradual no estilo de jogo consagrado por Jorge Jesus. Passados dois jogos, o time parece apenas uma sombra daquele que encantava o Brasil e a América do Sul desde 2019. Com 10 dias de trabalho, o ex-auxiliar de Pep Guardiola já enfrenta a insatisfação e revolta de parte de torcedores.

Contra o Atlético-MG, o Fla ao menos agrediu o rival, criou possibilidades e poderia ter tido melhor sorte com um pouco mais de capricho no último passe e nas finalizações. Apesar da atuação razoável, um estreante Dome revelou certo desconhecimento do grupo ao tentar implementar uma saída de bola um pouco mais cadenciada. Seja ou não por determinação do técnico, o time abandonou aquela caça incessante pela bola, dando ao rival mais campo para trabalhar e evidenciando um desnível físico que foi atribuído também pela falta de ritmo de jogo.

Some-se a isso a desorganização que reinou na tentativa desesperada de ao menos empatar. Com uma pilha de atacantes, o time se lançou ao ataque de forma desordenada e usou e abusou dos cruzamentos que em nada resultaram. No fim, Torrent reconheceu que a equipe jogou de forma muito espaçada e admitiu que alguns treinos seriam vitais para correções.

É bem verdade que o intervalo de tempo não foi dos mais extensos para o aprimoramento de conceitos, mas a partida ante o Atlético-GO (derrota por 3 a 0) chamou a atenção pela sucessão de equívocos do Rubro-negro dentro e fora de campo. Sem Rafinha, que ainda não está 100% recuperado de uma torção no tornozelo, o espanhol optou por colocar Rodrigo Caio ali pelo setor. Ao lado de Léo Pereira e Gustavo Henrique, o camisa 3 foi o mapa da mina para as investidas dos goianos, que somavam 150 dias sem um jogo oficial. No banco de reservas, Torrent tinha a opção de João Lucas.

"Eu preciso de tempo, os jogadores precisam de tempo. Não para jogar com Dome como técnico, mas para estarem melhor fisicamente, jogarem mais jogos e voltarem a vencer", disse Dome.

Domenec - Alexandre Vidal/Flamengo - Alexandre Vidal/Flamengo
Domènec cumprimenta Mancini antes do jogo
Imagem: Alexandre Vidal/Flamengo

Para agravar o cenário, Vitinho foi escolhido para substituir Arrascaeta e fez um jogo abaixo da crítica. Aberto pela direita, ele não apareceu e foi substituído pelo uruguaio. A mexida deixou o time menos "torto" e os rubro-negros tiveram seus melhores lampejos quando a equipe esteve mais próxima de sua versão campeã. Facilitou um pouco aproximar Bruno Henrique de Gabigol. Na formação inicial, Bruno ficou abandonado pelo lado esquerdo e pouco se aproximou da área e do companheiro. Centralizado, Everton Ribeiro sumiu no jogo e deixou o campo com cara de poucos amigos.

"No primeiro jogo, começamos com o 4-4-2 da mesma maneira que o Jorge Jesus jogava. Acho que jogamos muito bem no primeiro tempo do primeiro jogo e poderíamos fazer gols. Hoje (ontem), começamos no 4-3-3 e, depois, fomos para o 4-2-3-1. Respeito o trabalho do ano passado, não fiz muitas alterações, mas eu falo que é difícil ganhar novamente. É muito difícil", justificou o espanhol.

Com zero gol e ponto no Brasileiro, o Flamengo encara uma pressão que não estava no roteiro. A missão na Gávea é recolocar o trem nos trilhos e fazer com que as mudanças não sejam tão radicais em um primeiro momento. No sábado (15), o time, que ocupa a lanterna da competição, pega o Coritiba, às 19h30, no Couto Pereira. Além de buscar sua primeira vitória, o Flamengo joga para diminuir uma fervura que já se inicia no clube.

Habituados aos troféus, os rubro-negros não perdiam duas partidas consecutivas desde setembro de 2018. Na ocasião, Ceará e Internacional venceram os jogos contra o time carioca. Em rodadas iniciais, a escrita era ainda maior, visto que desde 1997 o clube não perdia seus dois primeiros compromissos válidos pelo Brasileirão.