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Liga dos Campeões 2019/2020

Quem é Rudi Garcia, treinador que "venceu batalha tática" contra Guardiola

Rudi Garcia comemora um dos gols do Lyon sobre o Manchester City em jogo da Liga dos Campeões - Franck Fife/Pool via Getty Images
Rudi Garcia comemora um dos gols do Lyon sobre o Manchester City em jogo da Liga dos Campeões Imagem: Franck Fife/Pool via Getty Images

Arthur Sandes

Do UOL, em São Paulo

16/08/2020 04h00

Mais uma vez não deu para Pep Guardiola na Liga dos Campeões da Europa: ontem (15), quem levou a melhor foi o francês Rudi Garcia, que viu seu Lyon eliminar o Manchester City com vitória por 3 a 1. Garcia já treinou um "Mini Barcelona" quando Pep vivia o auge na Espanha, e neste ano tenta compensar na Champions uma temporada recheada de críticas.

O Lyon foi o sétimo colocado do Francês e perdeu a final da Copa da Liga francesa para o PSG, de modo que o time só terá jogos internacionais no ano que vem se for campeão desta Champions. É um desafio enorme, mas tão enorme quanto foi o caminho até aqui, com classificações sobre Juventus e City — esta última por meio de uma "batalha tática".

"Com Guardiola, você precisa esperar de tudo. Sabíamos que ele poderia inventar algo para nos dar problemas, mas acho que vencemos a batalha tática: quando eles mudaram para quatro [atacantes], nós também mudamos para quatro [defensores na última linha. Funcionou bem para nós", celebrou Garcia ontem, pouco depois da partida.

A mudança a que ele se refere se deu no segundo tempo, quando Guardiola desistiu da formação com três zagueiros e colocou Mahrez em campo. O Manchester City melhorou, empatou e deu sinais de que poderia virar. Aí Garcia reagiu, também se tirando um defensor de sua linha de cinco - que virou linha de quatro. Foi o xeque-mate do jogo, pois logo Dembele desempatou e minutos depois fez o terceiro do Lyon.

Com a classificação sobre Guardiola, Garcia entra em um "clubinho" que já tem José Mourinho, Simeone, Klopp e outros cinco treinadores que eliminaram o catalão da Liga dos Campeões da Europa. O desafio agora é contra o Bayern de Munique, favorito após atropelar o Barcelona por 8 a 2 na sexta-feira (14).

Rudi Garcia - Nicolò Campo/LightRocket via Getty Images - Nicolò Campo/LightRocket via Getty Images
Técnico Rudi Garcia é funcionário de Juninho Pernambucano, o diretor de futebol do Lyon
Imagem: Nicolò Campo/LightRocket via Getty Images

Quem é Rudi Garcia

Rudi nasceu nos arredores de Paris, em 1964, mas tem família de origem espanhola: o pai José Garcia foi jogador, treinador e fugiu de seu país durante a Guerra Civil Espanhola na década de 30. Na carreira da beira do campo, José treinou o Corbeil-Essonnes, pequeno time local onde Rudi jogaria na infância, voltaria décadas depois para se aposentar e também onde viraria técnico.

Rudi Garcia era meio-campista, jogou quatro anos pelo Lille e fez gol sobre o PSG no Parque dos Príncipes, mas não foi muito além disso. Perseguido por lesões, acabou se aposentando ainda aos 28 anos. E aí virou treinador.

A primeira experiência foi um fracasso, tendo feito parte do rebaixamento do Saint-Étienne para a segunda divisão. Na sequência, Rudi ganhou uma segunda chance no Dijon e conseguiu um acesso; em 2007 também teve boa campanha no Le Mans; e no Lille voltou ao circuito dos principais times franceses.

Foi lá que Rudi Garcia revelou Eden Hazard e teve boas campanhas em sequência, mas o episódio mais marcante de seus seis anos como técnico do clube se deu no extracampo. Ele foi demitido no começo de junho de 2009 por desavença com um dirigente; e duas semanas depois foi recontratado após o dirigente perder o emprego.

Deu certo: o Lille foi campeão francês em 2011 e ganhou apelido inspirado no então dominante Barça de Pep Guardiola: o "Mini Barcelona" ou "Barcelona do Norte", em referência à posição geográfica da cidade. Foi o principal título de Rudi Garcia, que ainda passaria por Roma e Olympique de Marselha antes de assumir o Lyon no último mês de outubro.