Felipe Ximenes leciona gestão esportiva e tem Dante e mais astros em curso
Conhecido pelas passagens em gigantes do futebol brasileiro, Felipe Ximenes criou um curso de gestão esportiva, função que exerce há 37 anos. A ideia era iniciar as aulas em agosto de 2020. Contudo, diante da pandemia do novo coronavírus, o ex-dirigente de Fluminense, Flamengo, Cruzeiro, Atlético-MG e outros decidiu antecipar os trabalhos. O que surgiu de forma despretensiosa se transformou em um sucesso e conta com a participação de nomes relevantes do esporte. Dante, ex-zagueiro da seleção brasileira, Mauro Galvão e Alexandre Gallo são alguns dos matriculados no grupo.
Em entrevista ao UOL Esporte, o dirigente explica que se surpreendeu com o número de inscrições após o lançamento da primeira turma do curso. Com 250 adesões em 48 horas, precisou selecionar quem participaria da turma inicial. Hoje, tem alunos em 20 estados, no Distrito Federal e outros dez países, mesmo que os estudantes sejam majoritariamente brasileiros.
"Explodiu, foi uma coisa incrível. Aí eu inverti a lógica. Ao invés de receber as pessoas interessadas em fazer o meu curso, eu acabei selecionando 58 pessoas. Não estava preparado para isso, não tinha estrutura. Eu já testei, peguei alunos dos Estados Unidos, de Portugal", disse Ximenes, relatando que as turmas são compostas por figuras conhecidas do esporte:
"O Dante, que jogou na seleção brasileira, é meu aluno. O Michael Simoni, ex-médico do Fluminense, mora na Suíça e é meu aluno. O Mauro Galvão, Jair Ventura, Alexandre Gallo, Vinícius, do futsal, Marcelo Rodrigues, do SporTV, William, campeão olímpico de vôlei, Léo Higuita, goleiro do futsal, a Patchy Toledo, treinadora dos Los Angeles Galaxy. São todos meus alunos. O PC Gusmão, coordenador da base do Vasco, é meu aluno".
Embora o curso seja ministrado de forma remota, com aulas gravadas e encontros quinzenais por meio de plataformas digitais, Felipe Ximenes tenciona a manutenção do ensino mesmo ao fim da pandemia do novo coronavírus.
"Meu objetivo final não é o curso. O curso é uma porta de entrada para uma comunidade que vai entrar, discutir e se relacionar através do futebol. Eu não quero deixar de fazer esse curso [após a pandemia]. Eu quero, de repente, uma vez por ano, fazer o encontro presencial de toda a comunidade. A ideia é fazer um congresso, onde todas as pessoas dividam o conhecimento presencialmente. Eu quero lançar mais quatro turmas. Eu estou com uma estrutura melhor e consigo absorver. Quero transformar em quatro turmas de cinquenta pessoas cada", contou.
Mestre em educação e ex-professor da CBF Academy, projeto de cursos da entidade, o dirigente explica por que se afastou do esporte nos últimos dois anos. Ele revela que recusou uma proposta do Grêmio em 2017 e aproveitou o período afastado dos bastidores do futebol para estudar.
"Trabalhei com voleibol profissional no Fiat Minas na década de 1990. Mas só me enxergo como gestor esportivo no futebol. É uma coisa que está em mim. Pode acontecer de mudar, mas não posso parar a minha vida, igual à maioria das pessoas do futebol faz, esperando uma oportunidade. Estou sempre pronto para novos desafios e aberto a convites. Nesse tempo, fiquei fora por dois anos de forma consciente. Tive uma proposta do Grêmio em 2017 e não aceitei por questão financeira. Dei um tempo, porque era um projeto meu, mas sempre aparece. Sempre que aparecer, vou escutar propostas", afirmou o dirigente, que explica o que fez neste período:
"Eu acho que o estudo no futebol é algo contínuo. Eu vendo essa tendência de clube empresa no Brasil, eu estudei profundamente a nova lei que está sendo criada, pelo deputado federal Pedro Paulo. Estudei investimentos estrangeiros, fui para fora do país. Trouxe um grupo de investimentos aqui para o Brasil que estava prospectando um clube. Se não fosse a questão da pandemia, isso pode acontecer, mas liguei pontas entre investidores e Paraná. Estudei a questão do mercado, vi compras, vendas de atletas. Eu acompanhei todo esse processo de crescimento exponencial da América do Norte", concluiu.
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