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Liga dos Campeões 2019/2020

Como Juninho 'liberal' caiu nas graças do Lyon que desafia máquina Bayern

Rudi Garcia é funcionário de Juninho, o diretor de futebol do Lyon - Nicolò Campo/LightRocket via Getty Images
Rudi Garcia é funcionário de Juninho, o diretor de futebol do Lyon Imagem: Nicolò Campo/LightRocket via Getty Images

João Henrique Marques

Do UOL, em Lisboa (Portugal)

19/08/2020 04h00

Na chegada ao centro de treinamento, um grupo de jogadores do Lyon é surpreendido ao se deparar com uma chopeira. A instalação foi uma ideia do diretor de futebol do clube, Juninho Pernambucano, para que reuniões do elenco acontecessem no local sem que a ingestão de bebida alcoólica fosse encarada como um problema. O cartola brasileiro tem estilo liberal e desfruta de ótimo relacionamento com o elenco. Juntos, eles atingiram a surpreendente semifinal da Liga dos Campeões.

O Lyon de Juninho encara a máquina de gols do Bayern de Munique. O time alemão está 100% na competição, com nove vitórias e incríveis 39 gols marcados. A média de 4,33 gols por jogo foi atingida após o incrível 8 a 2 contra o Barcelona, nas quartas de final.

No Lyon, Juninho montou um grupo de brasileiros. Bruno Guimarães, Thiago Mendes, Marçal, Marcelo, Rafael e Jean Lucas, todos avaliam o trabalho do dirigente como fundamental para o sucesso alcançado.

Os relatos dos brasileiros sobre o trabalho de Juninho, ouvidos pelo UOL Esporte, são empolgantes. O dirigente não pressionou o elenco durante a pausa da pandemia do coronavírus, deixando os jogadores livres para viajar aos seus países de origem. Outro aspecto positivo é o fato de o cartola ter relação com os familiares dos atletas, sempre interessado em ajudar a resolver os problemas da vida pessoal.

Preocupado com a longa pausa de quase três meses sem treinamento, Juninho Pernambucano procurou organizar um calendário pouco exaustivo aos jogadores no retorno às atividades. O combinado foi de que os treinamentos seriam intensos, com amistosos para suprir o encerramento antecipado do Campeonato Francês, mas com um período de férias de uma semana em meio à preparação.

"Desde janeiro senti os jogadores criando uma energia especial. E você precisa construir uma família, uma equipe que joga coletivamente para ter sucesso. Com muita humildade, soubemos encarar nossos desafios. Todos encararam o espírito de treinamentos fortes depois do confinamento e temos muito mérito pelo que alcançamos", disse o dirigente em entrevista à Lyon TV, após a vitória por 3 a 1 contra o Manchester City, pelas quartas de final.

A confiança no sucesso do Lyon aumentou para Juninho quando o time fez frente ao poderoso PSG de Neymar. A final da Copa da Liga da Francesa terminou empatada por 0 a 0 ao longo dos 120 minutos, entre tempo normal e prorrogação. O PSG foi campeão ao vencer por 6 a 5 nos pênaltis.

Outro aspecto importante para motivar o elenco foi o retorno do atacante holandês Memphis Depay. Ele seria ausência na Liga dos Campeões caso o torneio transcorresse nas datas programadas anteriormente — a paralisação pela pandemia adiou a disputa em cinco meses. Assim, ele se recuperou da grave lesão no joelho sofrida em dezembro e virou reforço para o time.

Com o treinador francês Rudi Garcia, o Lyon variou táticas antes de consolidar-se em um esquema com três zagueiros. A mídia local aponta o meio-campo revelado pelo clube, o francês Houssem Aouar, como o melhor jogador da temporada. Diante do City, ele foi eleito o melhor em campo pela Uefa e recebeu nota 9 do jornal francês L'Équipe.

A Liga dos Campeões é a última cartada do Lyon para voltar a disputar competições europeias na próxima temporada. Como terminou na sétima colocação do Campeonato Francês, o clube não tem vaga nem para a Liga Europa. A Uefa determina que o campeão da Champions se classifica automaticamente para a próxima edição.