Fluminense reencontra Bragantino, 'pedra no sapato' antes mesmo da Red Bull
O torcedor mais jovem não deve se lembrar, mas o Fluminense já sofreu na mão do Bragantino antes mesmo do Massa Bruta virar clube-empresa. Agora com forte investimento da Red Bull, o tradicional time do interior paulista foi pedra no sapato do Tricolor nos anos 1990.
Foi nesta época que a família Chedid, que segue poderosa em Bragança Paulista e no clube da cidade até os tempos de hoje, passou a investir de maneira mais firme no Bragantino. A história remonta ao ano de 1986, quando outro pequeno fez história em São Paulo: a Internacional de Limeira, primeiro time do interior a vencer o estadual.
Daquele ano até 1989, quando reassumiu o futebol do Braga, Nabi Abi Chedid foi vice-presidente da CBF e começou a pavimentar o caminho de uma das grandes surpresas do futebol brasileiro. Mesmo na segundona do Paulistão em 1988, o dirigente contratou nomes de peso para a equipe, que viria a conquistar a competição e consequentemente o acesso. Seria o primeiro passo de uma trajetória de glórias.
No ano seguinte, a aposta foi em jovens jogadores e num treinador que ficaria muito famoso no país: Vanderlei Luxemburgo, hoje no Palmeiras. Campeão da Copa São Paulo em 1988, o Tricolor cederia destaques da base ao time. Apesar do início das vacas magras em Laranjeiras, o clube mandou Franklin, João Santos, Alberto e Silvio, dentre outros, para Bragança Paulista. Foi ali que os caminhos começaram a se cruzar.
O Bragantino foi campeão da Série B em 1989 e subiu para a primeira divisão no ano seguinte, quando as equipes se enfrentaram pela primeira vez. Com Luxa no comando e revelações no time, como Mazinho e Mauro Silva, que seriam jogadores de seleção (o segundo tetracampeão do mundo com a seleção em 1994), o time fez história e conquistou o Paulistão de 1990.
Mas o Brasileirão de 1991 ainda reservaria uma história ainda mais impactante. Já com o ídolo tricolor Carlos Alberto Parreira como técnico e muitos destaques da base do Fluminense que não vingaram com a camisa do clube, o Bragantino ficou com a vice-liderança da primeira fase e teve o próprio time das Laranjeiras como adversário na semifinal da competição.
A boa campanha do Flu, terceiro colocado do Brasileiro, tinha como destaque o forte ataque formado por Bobô, Renato Carioca e Ézio. O esforçado time de Gilson Nunes tentava tirar o Tricolor de uma "fila" incômoda de seis anos, logo após da até então fase mais vencedora da história do clube, conhecido, à época, por ser "campeão ano sim, ano não".
O primeiro jogo da semifinal tinha casa cheia: 75 mil pessoas no Maracanã para torcer pelo Fluminense. E a hoje conhecida lei do ex entrou em cena: camisa 10 em todas as categorias das divisões de base do clube desde o futsal, ainda em Laranjeiras, Franklin, assumido torcedor tricolor, calou o Maior do Mundo, deu a vitória por 1 a 0 ao Bragantino.
Na volta, no Marcelo Stéfani — que hoje recebe o nome de Nabi Abi Chedid —, Ézio até marcou um golaço e colocou o Tricolor na frente do placar, aos 34 do primeiro tempo. O resultado já era do Bragantino, que, em falha do goleiro Ricardo Pinto, empatou o placar aos 18 do segundo tempo: Franklin, de novo ele, foi algoz. O placar não mexeria até o fim do jogo, e o 1 a 1 levou o clube de Bragança Paulista à decisão do Brasileirão, contra o São Paulo — que acabaria campeão.
A pedra só saiu do sapato do Flu em 1992, quando o time bateu a "Linguiça Mecânica" por 3 a 0. Até então, eram quatro jogos na história, com duas vitórias do Bragantino e dois empates. Na história, mesmo sem a Red Bull, o Massa Bruta venceu três dos oito confrontos, com três empates e duas derrotas tricolores.
Ao voltar para Bragança Paulista e reencontrar o caldeirão da cidade, o Fluminense de Odair Hellmann verá um adversário mais forte, rejuvenescido e com o poder financeiro da Red Bull. Apesar disso, ainda sem vitória no retorno à Série A após 22 anos.
Ainda assim, aposta na força de sua camisa para igualar o histórico do confronto e embalar no Brasileirão de 2020. Após bater o Inter de virada no Maracanã, o Flu quer a segunda vitória seguida na competição. Para isso, Odair aposta na mesma equipe, e provavelmente com a formatação da segunda etapa, com Nenê um pouco mais centralizado e Michel Araújo mais solto pela direita.
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