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Liga dos Campeões 2019/2020

Neymar deslancha no papel de Messi e tem ajuda de Mbappé por Fifa The Best

Di María e Neymar celebram vaga na final da Liga dos Campeões - Reprodução/Instagram
Di María e Neymar celebram vaga na final da Liga dos Campeões Imagem: Reprodução/Instagram

João Henrique Marques

Colaboração para o UOL, em Lisboa (POR)

20/08/2020 04h00

Neymar deixou o Barcelona muito por acreditar que no Paris Saint-Germain teria um time construído ao seu redor. A adaptação foi dura, mas a atual temporada mostrou que na figura de um meia-atacante, o brasileiro encontrou a mesma responsabilidade em campo da vivida pelo argentino no Barça. A camisa 10 que veste agora no PSG serve também para ilustrar o papel tático no time.

Com o novo posicionamento, Neymar cresceu. Sua marca no início da carreira, a jogada de velocidade pelo lado de campo, é de responsabilidade de Mbappé no PSG. Assim, o francês é para Neymar o que o brasileiro foi para Messi no Barcelona: um craque coadjuvante.

Mbappé não se incomoda com o status. Pelo contrário, ao se apresentar no PSG dias após a contratação de Neymar, em 2017, comentou estar ali para ajudar o brasileiro a ser o melhor jogador do mundo. O discurso atual segue o mesmo.

"É muito agradável jogar com um jogador como Neymar, um dos melhores do mundo. Se a gente ganhar a Champions League, com certeza ele vai estar em condição de ganhar o prêmio. Naturalmente, ele está destinado a ganhar esse tipo de troféu. Eu espero que ele ganhe, isso vai significar que nós conquistamos a Champions", disse Mbappé logo após a classificação do PSG à final da Liga dos Campeões.

Em grande parte da mídia francesa, a discussão de Mbappé ser adversário de Neymar ao prêmio Fifa The Best, o de melhor jogador do mundo na temporada, inexiste. O reconhecimento é de que o francês é um trunfo para o brasileiro alcançar o esperado prêmio.

"O Neymar é mais importante que o Mbappé. Dentro de campo é preciso reconhecer isso, ainda mais com o Neymar atuando como um 10 desde a chegada do Tuchel. Não há melhor opção de criação do que ele e todos atualmente reconhecem isso", disse Jérôme Rothen, jogador do PSG entre 2004 e 2010 e da seleção francesa. Atualmente, Rothen é comentarista da emissora de TV RMC, atual detentora dos direitos de transmissão da Liga dos Campeões, na França.

"O próprio Mbappé nunca entrou nesse mérito. Você querer discutir o Neymar por não demonstrar afeto ao PSG é uma coisa, mas dentro de campo não há essa discussão. Nessa temporada a mudança de comportamento é clara. O jogador é motivado pelo sucesso do time e o Neymar entendeu que é o líder necessário para fazer um elenco tão castigado levantar a cabeça. Quando ele está confiante, automaticamente todos ficam também", complementou.

O sucesso de Neymar como armador

As quatro temporadas que atuou ao lado de Messi no Barcelona, Neymar tinha posicionamento de atacante pelo lado esquerdo do campo. Na primeira pelo PSG, também foi usado pelo então treinador Unai Emery na mesma função. Somente após a chegada do técnico alemão Thomas Tuchel, em 2018, é que seu posto passou a ser no meio-campo.

Tuchel e Neymar se espelham exatamente no papel realizado por Messi no Barcelona. A expectativa confirmada era de que a bola passaria a todo momento pelo seu pé, tendo o time maior volume ofensivo. Nesta temporada, Neymar tem 26 jogos, com 19 gols e 12 assistências.

Quando avisado por Tuchel do novo posicionamento, Neymar ficou eufórico. O treinador ainda armou defensivamente um esquema em que o brasileiro passe a figurar na primeira linha da marcação, sendo quase sempre responsável apenas pela pressão na saída de bola. No Barcelona, foram várias vezes em que o brasileiro se queixou a pessoas próximas pela responsabilidade de acompanhar os laterais adversários até o campo de defesa.

Tuchel levou a sério a postura defensiva aliviando Neymar de responsabilidade na marcação. Nos treinos, por exemplo, transformou o brasileiro em um coringa, com um colete que o permitia jogar para os dois times, variando entre eles de acordo com a obtenção da posse de bola.

O excesso de zelo a Neymar chegou a gerar incômodo no vestiário no início da atual temporada, quando Tuchel declarou não ter no elenco jogadores capazes de realizar a função de armação como o brasileiro. Na ocasião, Di Maria e Draxler foram citados nominalmente como exemplos de tentativas de insucesso de substituição ao brasileiro.

Em Lisboa, na fase final da Liga dos Campeões, Neymar não tem gol marcado, mas foi eleito em campo o melhor jogador na virada por 2 a 1 contra a Atalanta, nas quartas de final, e ficou marcado na semifinal por um incrível passe de letra no ar para o argentino Di Maria anotar um dos gols do triunfo por 3 a 0 contra o Leipzig, na semifinal.

"Estou calmo. Com a qualidade dele, com a confiança, ele vai reencontrar a precisão nas finalizações. O que eu posso dizer para o Neymar sobre como fazer um gol? Eu marquei somente uns dois gols na minha carreira, então, não posso dizer nada. Ele faz gols nos treinos, tem a mentalidade e a fome de ganhar, de ser o melhor jogador do mundo, de empurrar essa equipe, isso é o mais importante. Se ele marcar na final, eu estarei absolutamente contente", disse o ex-zagueiro Tuchel.