Por que Flu colocará jovem de apenas 15 anos pra treinar com profissionais
O Fluminense anunciou, na segunda-feira (17), que o meia Arthur, de apenas 15 anos, fará uma espécie de estágio com o elenco profissional. O jogador é considerado a maior joia de Xerém, e é mais um a receber "tratamento especial" entre as revelações.
A ideia do Tricolor é se proteger do assédio e agradar menino, seu empresário e até seus pais, uma vez que equipes do Brasil e do exterior acompanham todos os passos do jovem desde que começou a despontar no futsal, em 2015, aos 10 anos. No ano seguinte, migrou de vez para os gramados, e desde então, é visto como a grande revelação a sair das divisões de base do clube.
Arthur será o primeiro, mas não necessariamente o único a queimar etapas. A ideia do diretor-executivo Paulo Angioni e da diretoria é implementar uma filosofia de maior integração entre a base e o profissional, com os destaques de Xerém treinando mais próximos do elenco e da comissão técnica do profissional.
No sub-15, Arthur atuou com a camisa 10 da seleção brasileira — assim como em divisões inferiores — e foi campeão do Sul-Americano da categoria. Ele também já havia sido campeão de um torneio amistoso sediado na Granja Comary com Uruguai, Bolívia e Peru, quando encantou com dois golaços.
Hoje com 1,72m, mas mais baixo à época, o meia teve algumas dificuldades por conta da diferença física natural da idade. Ainda assim, apareceu na hora certa, marcando na semifinal contra o Paraguai.
Com a camisa do Fluminense, desde o sub-11, Arthur tem 96 gols em 128 jogos, contando 14 na categoria atual. Ele será o jogador mais jovem a passar pelo elenco principal do clube, que prometeu integrá-lo definitivamente assim que completar 16 anos e assinar o primeiro contrato profissional, o que acontecerá no dia 24 de fevereiro de 2021.
Internamente, o Flu quer se proteger não só do assédio mas também de certa desconfiança. O empresário do jogador, Rodrigo Pitta, tem bom trâmite nas Laranjeiras, mas o clube sabe do valor que o jogador possui e não quer arriscar.
O jovem de Nova Friburgo, que tem contrato com a gigante Nike desde os 13 anos, descerá para jogar pelo sub-17 até o fim de 2020. Mas nem chegará a ter minutos no sub-20, subindo para disputar espaço nos profissionais já em 2021 no projeto montado pela diretoria tricolor.
"Fico muito feliz de ter meu trabalho reconhecido. Tenho que levar isso como aprendizado. Seguir trabalhando mais forte e, se Deus quiser, vai dar tudo certo. Vou ficar muito feliz. Vejo esses caras na TV. É um sonho de criança jogar com esses atletas profissionais que eu sempre vi na TV. Vai ser um aprendizado muito grande para mim", declarou, ao site oficial do clube.
De Miguel à Toró, Flu tem histórico de 'mimos' às joias
Recentemente, Miguel estreou pelo clube aos 16 anos ainda sem assinar um vínculo definitivo, o que rendeu críticas ao então presidente Pedro Abad. A estreia pelos profissionais, entretanto, era um pedido da família do meia nas negociações, que sofriam forte pressão do Paris Saint-Germain, decidido a levar o jogador para a França.
Com pouco poder de barganha em relação ao mercado, o Tricolor tem um histórico de "mimos" às joias de suas divisões de base, que a todo ano aparecem em profusão. A estratégia, entretanto, nem sempre dá resultado.
Os torcedores não esquecem, por exemplo, de Robert, também considerado um fora de série nas divisões de base. O meia recebia altos vencimentos desde os 16 anos e nunca desabrochou o esperado entre os profissionais. Deixou o clube com apenas 14 jogos como profissional e dois gols marcados.
A qualidade existia, mas os insistentes pedidos dos familiares complicaram um pouco as questões envolvendo o jogador. Além de dinheiro, exigências pessoais além da conta irritavam dirigentes e companheiros. Robert atuou no Barcelona B e no futebol de Hong Kong, após sofrer grave acidente de carro. Em 2020, disputou o Campeonato Carioca pelo Boavista, onde foi reserva.
O meia Gerson, hoje no Flamengo, e o atacante Kenedy, do Chelsea, também queimaram etapas em Xerém e contavam com um tratamento diferenciado.
Da mesma geração, ambos subiram muito cedo — com 17 e 16 anos, respectivamente — e tiveram naturais dificuldades antes de render com a camisa do Fluminense. Ainda assim, deram retorno esportivo (por pouco tempo) e financeiro — o meia é a maior venda da história do clube: 16 milhões de euros (cerca de R$ 64 milhões, em 2015), à Roma, e o atacante saiu por US$ 10 milhões (R$ 31 milhões, à época)
Apelidado assim pela chuva de gols que fazia na base, Toró era considerado a maior revelação de todos os tempos no clube já aos 14 anos. O jogador chegou a ser comparado a ninguém menos que Pelé, inclusive, fazendo às vezes do rei em gravações do filme "Pelé Eterno". A ascensão foi açodada e atrapalhada por lesões nos joelhos. Toró acabou indo para o rival Flamengo e nunca foi nem sombra do esperado.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.