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Liga Europa - 2019/2020

Quem é Monchi, o "craque do mercado" que fez o Sevilla finalista 6 vezes

Monchi foi um goleiro de pouco destaque que virou um dos dirigente mais badalados da Europa - David S. Bustamante/Soccrates/Getty Images
Monchi foi um goleiro de pouco destaque que virou um dos dirigente mais badalados da Europa Imagem: David S. Bustamante/Soccrates/Getty Images

Arthur Sandes

Do UOL, em São Paulo

21/08/2020 04h00

Pode não ser na Liga dos Campeões, mas o Sevilla virou especialista em torneio europeu e levanta uma taça a cada três anos. O homem mais importante por trás de todo este sucesso não calça mais chuteiras: Ramón Rodríguez Verdejo, o Monchi, é o diretor de futebol que levou o clube para seis finais da Liga Europa — a sexta delas às 16 horas (de Brasília) de hoje (21), contra a Inter de Milão, em Colônia (ALE).

Nascido nos arredores de Sevilha, Monchi foi goleiro do time local desde base até a aposentadoria. Em 2000, quando a equipe foi rebaixada no Campeonato Espanhol, virou dirigente para montar uma rede de olheiros e reformular o sistema de contratação do clube. O resultado é mais do que positivo: foram cinco troféus da Liga Europa e vários jogadores descobertos até ele sair em 2017. No ano passado voltou, e o Sevilla voltou à final europeia.

Nestes 16 meses da segunda passagem de Monchi, o Sevilla investiu em 13 contratações. Nove delas foram titulares nos jogos que levaram o clube à decisão da Liga Europa, incluindo o brasileiro Diego Carlos, zagueiro sensação no mercado da bola. Os outros oito são Bounou, Koundé, Reguilón, Fernando Reges, Jordán, Suso, Ocampos e En-Nesyri.

Monchi e Lopetegui - Aitor Alcalde/Getty Images - Aitor Alcalde/Getty Images
Após passagem fracassada no Real Madrid, Julen Lopetegui foi bancado por Monchi e deu certo: o Sevilla é finalista e não perde há 20 jogos
Imagem: Aitor Alcalde/Getty Images

A procura por jogadores é majoritariamente estatística e com olheiros espalhados pelo mundo inteiro. O clube chegou a operar com mais de 700 funcionários do tipo, uma rede que permitiu contratações a baixo custo de Adriano, Daniel Alves, Júlio Baptista, Rakitic e uma centena de outros jogadores — o quarteto citado custou 9,1 milhões de euros ao Sevilla, mas depois foi vendido por 83 milhões de euros.

O comportamento de Monchi no mercado da bola mira não apenas promessas, mas também jogadores consolidados. A proposta é gastar um terço do dinheiro em contratações de resultado imediato e dois terços em atletas que venham a se desenvolver no Sevilla. Assim, o time se mantém competitivo e ao mesmo tempo valoriza jovens promissores.

Um exemplo do "um terço" é o brasileiro Fernando Reges, 33 anos, que custou 4,5 milhões de euros nesta temporada; nos "dois terços" estão Koundé e Reguilón, de 21 e 23 anos, respectivamente, apostas que começam a chamar a atenção. Os três devem jogar a decisão de hoje.

Entre 2017 e 2019 Monchi esteve longe do Sevilla, mais precisamente no departamento de futebol da Roma. Foi anunciado com prestígio de craque, mas a relação azedou porque o time ficou aquém das expectativas. No ano passado, ao sair, o dirigente alegou que ele e os donos do clube pensavam "em direções diferentes", ao que o presidente Jim Pallotta reclamou que haviam cedido "o poder total [do clube] em suas mãos, mas está claro que não funcionou".

Nos dois anos em que Monchi esteve por lá, a Roma foi terceira e depois sexta colocada no Campeonato Italiano. Já na Liga dos Campeões chegou duas vezes ao mata-mata, eliminou o Barcelona de Messi e só caiu em 2018-19 em uma semifinal histórica contra o Liverpool (7 a 6 no agregado). Definitivamente, a magia do diretor de futebol parece mesmo ter tudo a ver com as noites de futebol europeu.