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Ex-Corinthians volta à Champions após 10 meses parado por grave infecção

Léo Jabá, ex-Corinthians, em ação pelo PAOK, da Grécia - Maxim Malinovski/AFP
Léo Jabá, ex-Corinthians, em ação pelo PAOK, da Grécia Imagem: Maxim Malinovski/AFP

Marcello De Vico

Do UOL, em Santos (SP)

25/08/2020 04h00

Para quem ficou triste com o fim da Champions League 2019/20, a boa notícia é que a nova edição da maior competição de clubes do mundo já está em andamento, ainda, é claro, em sua fase preliminar. Quem entra em campo hoje (25) é o atacante Léo Jabá, ex-Corinthians de apenas 22 anos que, desde a metade de 2018, defende as cores do PAOK, da Grécia.

Em jogo único válido pela segundada de qualificação da Champions, o PAOK terá pela frente o Besiktas, da Turquia, time do lateral Douglas (ex-Barcelona) e do zagueiro Weliton (ex-Flamengo). Será o primeiro jogo em dez meses de Léo Jabá, que contraiu uma grave infecção hospitalar após cirurgia na Grécia e viveu dias de pânico ainda antes da pandemia de coronavírus.

"Fiz a cirurgia uma semana depois da lesão no joelho [em outubro]. Ocorreu tudo bem, fiz todos protocolos... Operei, dormi no hospital, voltei pra casa, fui ao Brasil, tratei durante a semana, voltei e estava tudo bem. Após dois meses, quando ia começar a correr, acordei com dor. Todo mundo estranhou, pensou que eu tinha feito algo, porque eu estava bem, batia na bola... Acabei pegando uma bactéria e tive uma infecção hospitalar", conta em entrevista ao UOL Esporte.

Leo Jabá marca o primeiro do Corinthians contra o Linense - Marcello Zambrana/AGIF - Marcello Zambrana/AGIF
Imagem: Marcello Zambrana/AGIF

"Foi um período difícil, algo que nunca imaginava que aconteceria. De 100 jogadores, um ou dois pegam, e, infelizmente, eu fui o 'premiado'. Foi uma lição. Me deixou mais forte e mais motivado pra vencer esse obstáculo, e eu venci", acrescenta Léo Jabá.

O duelo de hoje, portanto, será uma espécie de recomeço para o jogador, que disputará o seu sétimo jogo de preliminares da Champions League - todos eles pelo PAOK. "Hoje, estou 100%. Treino, faço tudo, e agora está terminando a pré-temporada. Joguei os dois amistosos, sem dor, feliz de estar fazendo o que eu gosto. Agora, jogo a jogo, você vai pegando o físico. Mas só por estar voltando, retomando a rotina junto dos meus companheiros, estou feliz demais", diz.

Fim de longo jejum na Grécia

Léo Jabá chegou ao PAOK para a temporada 2018/19, e foi pé quente. Logo em seu primeiro ano, ajudou o time a conquistar o título grego que não vinha há 34 anos. O brasileiro foi um dos destaques da equipe, com 23 participações em 30 jogos, três gols e seis assistências.

Jabá também já faz parte da história do PAOK quando o assunto é mercado. A sua compra junto ao Akhmat Grozny, por 5 milhões de euros, é a maior transação da história do clube até aqui.

Léo Jabá cria marca de roupa

Durante a quarentena e a recuperação no joelho, Léo Jabá aproveitou o tempo livre para iniciar um negócio. O ex-corintiano resolveu investir em uma loja de roupas em São Paulo com sua marca - LJ, iniciais de Léo Jabá. O projeto, em família, já começa a render frutos ao atleta.

Leandro Jabá, irmão de Léo, posa com roupa da marca LB - Divulgação/PAOK - Divulgação/PAOK
Leandro Jabá, irmão de Léo, posa com roupa da LJ
Imagem: Divulgação/PAOK

"Nessa quarentena, eu, junto com meu irmão e minha mãe, optei por começar esse novo projeto. Inicialmente era criar peças de roupa para eu usar, ter umas peças exclusivas, já que gosto sempre de estar me vestindo bem. No começo desse ano, veio uma empresa atrás de mim pra usar meu nome, e eu e minha mãe fomos ligeiros e registramos minha marca pra gente não perder, minhas iniciais, e começamos esse projeto", conta.

"E, junto com meu amigo, começou a dar certo. A gente tinha mandado num grupo de uns amigos, a repercussão foi boa, muita gente gostou e as vendas começaram", acrescenta.

Veja outros trechos da entrevista:

Paixão por futebol veio do pai

Comecei a jogar bola com 4 anos de idade, em São Matheus, zona leste. Meus pais são comerciantes. Minha mãe falava que eu era muito agitado, e me colocou pra jogar bola, nunca pensando em ter retorno financeiro, nada disso. Era uma paixão do meu pai e acabou passando pra mim e pro meu irmão, e hoje a gente vive o futebol.

Corinthians e SPFC ao mesmo tempo?

Cheguei a jogar por Corinthians e São Paulo. São Paulo na segunda, quarta e sexta, e Corinthians na terça e quinta. Era sub-12, quase sub-13. Chegou no fim do ano e meu pai falou pra eu decidir, e acabei optando pelo Corinthians, e a escolha foi certa, deu tudo certo. Fui campeão, fui pra seleção e fui reconhecido.

Ficou acordado até tarde para final do Timão

Sempre acompanho o Corinthians, mesmo à distância. Na final do Paulista, fiquei acordado até 1h da manhã, infelizmente, não conseguimos o título. Mas tenho um carinho muito grande. Converso com o Léo Santos, Gabriel, Pedrinho, que foi embora. Gil, Cássio... O pessoal é muito gente boa. Sempre estarei na torcida por eles.

Idolatria por Jô, ex-companheiro

É um excelente ser humano. Atleta nem preciso falar porque todo mundo conhece o talento dele. Mas, como ser humano, sem palavra. É um cara rodado, respeitado, que sempre procura ajudar os mais jovens. Ele sempre conversava comigo, com o Pedrinho, passa uma confiança que parece que você joga com ele há 30 anos. É um excelente profissional. Dá muito conselho e sempre procura ajudar os jovens. Foi uma honra ter jogado e convivido com ele.

Volta em meio à pandemia

A gente ficou dois meses em quarentena. Agora, quando saía, tinha que ter máscara, mandar um SMS pra sair na rua. Agora, você vai treinar e jogar e não tem fãs, é tudo novo. Mas aqui o pessoal respeitou bem e a vida, aos poucos, está voltando ao normal.