Rival na final bateu Grêmio duas vezes e mira exemplo de Tite para sonhar
O Grêmio perdeu três partidas em 2020. Duas delas para o Caxias. Rival na final do Campeonato Gaúcho, cujo primeiro jogo será amanhã (26), a equipe da Serra Gaúcha passa longe do discurso padrão. Sem vitimismo, apesar dos problemas ocasionados pela interrupção na temporada em razão da pandemia de novo coronavírus, o técnico Rafael Lacerda mira o exemplo de Tite, que sob comando do mesmo time bateu um Tricolor badalado no ano 2000.
O treinador atendeu à reportagem do UOL Esporte entre duas sessões de treinamento de seu time, na última segunda-feira (24). E treinar é tudo que resta à equipe. Sem jogos oficiais desde 29 de julho, quando encerrou sua participação no segundo turno do Gauchão, o Caxias tenta driblar as dificuldades ocasionadas pela paralisação nos jogos.
"Sempre é bom ter ritmo de jogo. É interessante estar jogando. Se pudesse optar entre treinar ou jogar, optaria por estar jogando. Mas treinar tem seu lado bom. Fazemos correções, ajustes, melhoramos a parte física que se perdeu um pouco por causa da pandemia. Mas não quero começar a achar desculpas. Às vezes, se coloca desculpa em tudo. Gramado, tempo, atleta, isso, aquilo... Não quero achar desculpas. O Caxias chega numa condição boa. O ideal seria com ritmo, mas numa final se tira vontade de onde nem se imagina", disse.
Não foi apenas a parada nos jogos que poderia prejudicar o Caxias. O time perdeu vários jogadores ao longo do percurso. Com o início das competições de Série A e B do Campeonato Brasileiro, além dos contratos que previam o Gauchão terminando antes, sobraram baixas importantes.
"Isso sim é um problema que tivemos, mas faz parte. O campeonato era para ter acabado muito antes. O Tilica [atacante] foi para Grécia. Tinha uma cláusula no contrato que precisaria sair em 10 de agosto, tentamos esperar para ver se a final seria antes, mas não foi. Perdemos o Da Silva, que voltou para o Grêmio, o Gilmar se lesionou, Jean Carlos voltou para o Goiás, o Tontini também se lesionou. Se fosse enumerar, seriam muitos casos. Essa é a maior dificuldade", analisou.
Mas encontrar razões para dimensionar o quão árdua será a tarefa de bater o Grêmio não está entre as preferências do comandante. Lacerda reconhece virtudes no rival, mas salienta que dentro de campo serão 11 contra 11.
"O Grêmio é um grande time, que joga junto há muito tempo, com a mesma base e comando há anos. Conquistou muitos títulos, e a estrutura é a mesma. Foram dois momentos distintos nos jogos até agora contra eles. O primeiro era o primeiro jogo do campeonato, nosso time e o deles não tinham o melhor entrosamento. O outro era a final do turno, vencemos com muita dificuldade. Agora vem a terceira vez, nada mais justo serem os dois times, os melhores do campeonato", disse.
O Caxias fez 2 a 0 no primeiro jogo, 1 a 0 no segundo. E se levar em conta todos os adversários de Série A que enfrentou na temporada, a equipe de Lacerda não perdeu nenhuma vez. Empatou em 1 a 1 com Inter, pelo Gauchão, e Botafogo, pela primeira fase da Copa do Brasil.
"O Grêmio é um time muito bom, que todo mundo conhece. Temos revisto tudo que já sabíamos sobre o time deles, reforçado isso para os atletas. A evolução me chama atenção, quanto mais se aproxima o jogo, melhor ficam os treinos. Nosso time é experiente e ansiedade é bom ter. É o que te dá prazer de jogar futebol", comentou.
"Em campo são 11 contra 11. São todos iguais. Eles estão lá porque fizeram por merecer, mas não tem bicho de sete cabeças. Jogamos contra três clubes de Série A neste ano, não perdemos para nenhum. É possível, sim. Sabemos que será difícil, mas estamos preparados", completou.
E o exemplo tem 20 anos. Tite, no comando do mesmo Caxias, bateu o Grêmio turbinado pelo investimento da empresa ISL. Com nomes badalados como Zinho, Amato e Ronaldinho Gaúcho, a equipe de Porto Alegre ficou com vice.
"A gente sempre tenta pegar boas referências. O Tite é a melhor delas. Mas tem Mano Menezes, Celso Roth, treinadores que passaram pelo Caxias e também fizeram um grande trabalho. Mas não penso muito nisso. Não adianta sonhar, tem que trabalhar, e isso eu faço bastante. O time campeão no ano 2000 é a mesma relação. Temos que mirar nos bons exemplos. O Caxias venceu o Grêmio com poder aquisitivo altíssimo, a diferença absurda, como hoje. A diferença é astronômica, todo mundo sabe", sintetizou.
"Para mim, está sendo muito bom, estou muito feliz, é meu primeiro trabalho como técnico, em um clube que sou muito identificado. Participei da montagem do grupo, selecionamos a dedo os atletas. É muito gratificante, mas não o suficiente. Queremos buscar o título", finalizou o ex-zagueiro, que teve passagens pelo clube da Serra Gaúcha quando ainda atuava.
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