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Neymar e Nike encerram patrocínio após jogador não concordar com valores

João Henrique Marques e Karla Torralba

Do UOL, em Paris e em São Paulo

29/08/2020 15h54Atualizada em 30/08/2020 19h22

Neymar não será mais atleta patrocinado pela Nike a partir de 31 de agosto de 2020. A própria empresa de material esportivo confirmou a informação hoje (29).

A Nike enviou um pequeno posicionamento ao UOL confirmando o fim da parceira, mas sem mais detalhes sobre o contrato e seu encerramento: "Neymar Jr não é mais atleta Nike a partir de 31 de agosto de 2020".

Neymar tinha contrato com a Nike desde os 13 anos do jogador. Segundo a reportagem apurou, o fim da parceria se deu por uma questão envolvendo novos valores oferecidos, que não foram aprovados por Neymar. Apesar de a informação só ter sido divulgada agora, o descontentamento do estafe do jogador é antigo.

Antes mesmo da pandemia de covid-19 que se espalhou pelo mundo no primeiro semestre de 2020, Neymar e Nike já tinham dificuldade em chegar a um acordo financeiro para firmarem novo contrato.

Após a derrota para o Bayern de Munique pela final da Liga dos Campeões, Neymar agora está de férias. O jogador tem contrato com o Paris Saint-Germain até 2022, e o clube parisiense faz de tudo para prorrogar este vínculo. O UOL Esporte apurou houve duas reuniões entre o pai de Neymar e o presidente do PSG, Nasser Al-Khelaifi, além do empresário Kia Joorabchian para discutir o futuro do atleta durante a estada do time em Lisboa, palco da fase final da Champions.

Do lado do jogador, pessoas que convivem com ele dizem que o desejo de respirar novos ares não se apagou, mas o momento é de descansar e digerir a dolorosa derrota para o Bayern, depois de a equipe ter ganhado tudo o que disputou em território francês na temporada agora encerrada.

Classes de clubes e bônus por conquistas

Em matéria publicada em 2018, o UOL Esporte revelou detalhes do contrato de Neymar com a Nike. O documento dividia clubes europeus em categorias e alterava a remuneração do jogador dependendo de onde ele decidisse atuar. Se saísse de uma "elite" estabelecida pelo compromisso, por exemplo, o jogador receberia pelo menos metade do valor acordado. Além disso, o documento previa bônus pelas mais diversas conquistas coletivas e individuais, por clubes e pela seleção brasileira. Vencer a Bola de Ouro, neste cenário, renderia 20 vezes mais do que o título da Copa do Mundo.

O UOL Esporte obteve na íntegra um acordo assinado entre a fornecedora de material esportivo, Neymar e a NR Sports, empresa do pai do jogador, em 2011. Nike e o estafe do atacante não dizem se o vínculo foi alterado ou renovado desde então, e se dizem impedidos de comentar o teor das cláusulas em virtude de cláusula de confidencialidade.

O documento obtido pela reportagem divide clubes em quatro categorias: A, B, C, e D. Se Neymar jogar pela categoria A, fará jus à remuneração integral; em um clube B, o valor cai pela metade; em um clube de nível C, é metade do valor da categoria B. Se Neymar atuasse por um clube do nível D, não teria direito a receber nada.

Além dos valores base anuais, o contrato incluía metas por conquistas individuais e coletivas de Neymar - títulos, prêmios de melhor jogador e artilharias por todas as competições possíveis por clube e seleção. As metas individuais implicam em premiações maiores, principalmente com a camisa de seleção brasileira.

No caso da Copa do Mundo, por este acordo, Neymar receberia US$ 50 mil em caso de título e US$ 30 mil em caso de vice-campeonato. Caso fosse artilheiro e/ou melhor jogador, entretanto, teria direito a US$ 200 mil por cada uma das metas atingidas. Algo semelhante ocorreria nas Olímpiadas: US$ 20 mil pela medalha de ouro, US$ 100 mil pela artilharia e US$ 150 mil pelo prêmio de melhor jogador.

A maior de todas as premiações ocorreria no caso da conquista da Bola de Ouro: US$ 1 milhão. O prêmio aumentaria a cada nova conquista, com US$ 2 milhões na segunda, US$ 3 milhões na terceira e US$ 4 milhões na quarta. A partir daí, seriam US$ 4 milhões a cada eventual nova conquista.