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Ex-lateral Kleber se arrepende de xingar Corinthians e fala para quem torce

Lateral Kleber controla a bola em partida do Corinthians pelo Brasileirão de 2001 - Allsport UK/ALLSPORT
Lateral Kleber controla a bola em partida do Corinthians pelo Brasileirão de 2001 Imagem: Allsport UK/ALLSPORT

Samir Carvalho e Vanderlei Lima

Do UOL, em São Paulo (SP)

30/08/2020 04h00

São Paulo e Corinthians se enfrentam hoje (30), no Morumbi, pela sexta rodada do Campeonato Brasileiro. Este clássico sempre agita a família de um ex-jogador: o ex-lateral-esquerdo Kleber. O ex-atleta, campeão mundial, brasileiro e com ainda mais títulos pelo Corinthians, não jogou pelo Tricolor, mas admite que toda a sua família é são-paulina. Por conta disso, existiram diversos boatos de que ele era torcedor do rival no período em que ele jogava no Timão. Aliás, Kleber sempre enfrentou problemas de "identidade". Quando jogou no Santos, Kleber xingou a torcida do Corinthians em uma festa de torcida organizada do alvinegro praiano.

A partir daí muitos torcedores na Baixada comentavam que o ex-lateral era santista. Além disso, o atleta colocou em risco a imagem de ser um dos ídolos da história do Timão. Em entrevista ao UOL Esporte, Kleber se mostra arrependido dos palavrões que soltou contra o clube que o revelou no período em que defendia o Santos.

Kleber alega que já pediu desculpas ao Corinthians e diz que seu coração é mais corintiano pelo fato de iniciar a sua carreira no clube ainda quando criança. No entanto, ele não deixou de falar do carinho que tem pelos outros clubes em que atuou.

"Ali foi só uma brincadeira, claro que passei vários anos no Corinthians, fui criado lá dentro, então alguns não aceitaram o que eu fiz, mas eu já pedi desculpas. Com os meus amigos eu estou sempre tranquilo, entendeu? E com os corintianos também: o importante é eu me sentir bem comigo mesmo", afirmou Kleber.

"Sim, a minha família é toda são-paulina, eu é inevitável falar que não torço para o Corinthians, eu cheguei lá com 10 anos de idade, então eu não tenho como não falar que o meu coração é mais preto e branco do que os outros times, mas eu tenho um carinho por todos, eu tenho carinho pelo Santos, pelo Inter, pelo Figueirense, que foi o meu último clube apesar de eu ter ficado dois meses lá. Então eu tenho um carinho por todos esses clubes, mas o Corinthians sempre vai puxar um pouco mais", completou.

Melhor lado esquerdo do Brasil

Kleber formou com Ricardinho e Gil no Corinthians aquele que foi chamado de o melhor lado esquerdo Brasil em 2002, dois anos depois de ter sido campeão mundial pelo time. O ex-lateral disse que Vanderlei Luxemburgo iniciou a criação do trio, mas foi Carlos Alberto Parreira que o aperfeiçoou e deu rodagem para que eles se destacassem naquele ano.

"Foi um lado esquerdo que deu certo no entrosamento, o Ricardinho também era um cara que armava muito bem as jogadas, então o estilo dele caiu muito bem, o Gil a gente já jogava desde os juniores juntos, então praticamente a gente já era muito mais entrosado e esse lado esquerdo acabou que ficou muito famoso, a gente tinha uma variedade de jogada muito grande, tanto eu o Gil e o Ricardinho —o Ricardinho ficava mais centralizado—, mas eu e o Gil nós rodávamos muito. Eu estava aberto, ele por dentro, e vice-versa. Então a gente conseguia fazer várias jogadas, e dava certo porque o Parreira conseguiu reunir três caras que eram três caras muito inteligentes para jogar futebol e entender qual a melhor forma de jogar", disse.

Confira outros trechos da entrevista:

Kleber - Márcio Fernandes/Folhapress - Márcio Fernandes/Folhapress
Imagem: Márcio Fernandes/Folhapress

Luxemburgo, o melhor técnico

Eu falo do Vanderlei Luxemburgo porque é o treinador que eu tive mais tempo de trabalho juntos, com ele eu tive duas passagens pelo Corinthians e uma no Santos, então ele é o cara que eu mais trabalhei, trabalhei com o Parreira, com o Tite também no Internacional, eu sempre me identifiquei com grandes treinadores porque foram os caras que de alguma maneira sempre me ajudaram, então eu tive sorte de ter trabalhado com grandes treinadores.

Jorge Jesus x Luxemburgo

A trabalho de equipes ganhadoras eu penso que estão bem próximos, eu não trabalhei com o Jorge Jesus, então o meu ponto vai ficar muito mais para o Vanderlei do que pra ele, mas eu acredito que Jorge Jesus é um treinador de respeito, veio e comprovou tudo aquilo que ele tinha conseguido na Europa, ele veio pra cá e comprovou também".

Carreira na Europa

Na verdade, eu fui emprestado para o Hannover e também era um sonho também como jogador, todo jogador tem o sonho de jogador fora do país, fazer uma carreira na Europa, eu realizei o meu sonho e o Corinthians também penso que fez um bom negócio e logo depois eu fui vendido ao Basel da Suíça, eu fiquei um ano na Alemanha e depois eu fui vendido para o Basel, foi uma coisa de consentimento de ambas as partes.

Adaptação fora do país?

Eu nem sofri tanto porque quando eu cheguei no Hannover já tinha um brasileiro o Vinicius, então ele foi o cara que mais me ajudou na época, então essa parte de adaptação pra mim foi muito rápida porque já tinha um brasileiro que estava lá, já entendia a filosofia do treinador e que acabou me ajudando bastante.

Seleção brasileira

Na verdade, tinha muitos jogadores bons na posição e a gente tinha uma concorrência que era muito difícil, até porque o Roberto Carlos era uma unanimidade, o que ele jogou e praticamente se a gente tivesse sete outros bons laterais a gente ficaria disputando só entre nós porque o Roberto Carlos estaria com a vida dele tranquilamente segura na seleção brasileira, por ser constante, um cara que não tinha lesão, estava sempre em alto nível, então era muito difícil, hoje talvez seja um pouco mais fácil, mas temos dificuldades para encontrar bons laterais, exceção é o caso do Marcelo, que conseguiu se manter um pouco mais na seleção, o Filipe Luis, muitos não conseguem ter uma sequência constante no clube e consecutivamente não consegue estar na seleção brasileira, isso é triste porque o Brasil sempre conseguiu formar bons jogadores e hoje a gente vê que está muito escasso.

Por que não voltou ao Timão

Na verdade, a minha escolha de volta ao Brasil foi o Corinthians, mas o Corinthians na época já tinha três, quatro laterais, eu recebi uma proposta do Santos boa e não teve influência do Vanderlei (Luxemburgo), quem estava lá era o Galo, o Galo era o treinador eu joguei com o Galo no Corinthians também em 2000 e foi o Galo quem pediu a minha contratação.

Lateral esquerdo brasileiro que o agrada

Hoje eu não consigo colocar um específico não, mas pode ser que venha surgir novamente, eu gosto muito do Alex Sandro, tem um lateral do Guarani que daqui a pouco pode estar numa equipe grande também da série A, (não lembrou o nome) é um jogador interessantíssimo, agora é como eu falei, é muito pouco pro número de times que tem o Brasil e da qualidade do jogador brasileiro e a gente fica batendo na tecla, batendo a cabeça para apontar seis ou sete jogadores, então está difícil mesmo.