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Guilherme lembra tombo ao tentar fugir de concentração e dá razão a técnico

Atlético-MG 3x2 Corinthians: o atacante Guilherme comemora um dos três gols que marcou na vitória sobre o Corinthians no Mineirão (12.12.1999) - Ormuzd Alves/Folhapress
Atlético-MG 3x2 Corinthians: o atacante Guilherme comemora um dos três gols que marcou na vitória sobre o Corinthians no Mineirão (12.12.1999) Imagem: Ormuzd Alves/Folhapress

Marinho Saldanha e Vanderlei Lima

Do UOL, em Porto Alegre e São Paulo

31/08/2020 12h00

Guilherme Alves era um típico "centroavante anos 90". Marcava gols, provocava rivais e esbanjava fora de campo. Numa dessas, ao tentar fugir da concentração do Grêmio, no antigo estádio Olímpico, um erro de cálculo custou caro. Ele bateu a cabeça, se machucou e acabou mandado embora.

Em entrevista ao UOL Esporte, o atual técnico do Marília lembrou do caso. Para ir a uma festa, ele tentou pular o muro e "errou cálculo".

"Infelizmente é verdade (risos). O técnico era o Celso Roth e ele fez o que tinha que fazer. Hoje eu entendo, e veja bem, ele acabou me afastando, eu fui vendido, eu estava bem pra c... mas acabei sendo vendido para o Vasco da Gama. Depois eu trabalhei com o Celso Roth duas vezes, no Atlético MG e no Botafogo. Ele tinha razão de fazer o que fez, me afastou. Com toda certeza ele fez a coisa certa. Certas indisciplinas não há segunda chance não", disse.

"Foi um erro de cálculo, pulei e bati a cabeça, tudo pra ir a uma festa", contou entre risos.

Guilherme brilhou por vários clubes. Grêmio, Corinthians, São Paulo, Vasco, Atlético-MG, Cruzeiro, Botafogo, entre outros. Sempre marcando muitos gols e com polêmicas na mesma proporção. Agora ele quer menos confusão e ficar próximo da família. Por isso, assinou com Marília.

Guilherme Alves - Site oficial do Novorizontino - Site oficial do Novorizontino
Como técnico, Guilherme Alves treinou o Novorizontino
Imagem: Site oficial do Novorizontino

Ele afirma ter se planejada para ter uma vida financeira tranquila após pendurar as chuteiras.

"Sempre investi e guardei muito dinheiro. Eu passo isso para todos os atletas. É muito difícil colocar na cabeça de um jovem que a carreira é curta. A maioria dos atletas não tem o perfil para seguir na condição que estão vivendo. Eu aprendi com tempo. Eu passo meu exemplo para os jogadores. Tinha muita gente que estava até num nível maior que o meu, mas que hoje passa por dificuldades financeiras. Quando acaba o dinheiro 90% das amizades acabam, tem que tomar muito cuidado", explicou.

À beira do gramado, Guilherme lembra de seus tempos de jogador. Para ele, o esporte mudou muito e o comodismo incomoda.

"Nós tínhamos o diferencial técnico. Mas o futebol mudou muito. Hoje o Brasil não tem os resultados de antes. Não ganhamos Copa do Mundo há 18 anos. Então, não basta mais só isso. Tem que ter a parte tática, porque as outras seleções evoluíram muito", afirmou.

"O comodismo do jogador de hoje me incomoda. O atleta se senta num contrato longo. Já tive experiência de trabalhar com jogador que estoura, daí faz contrato de quatro ou cinco anos com São Paulo, Corinthians, Palmeiras, com 19 anos, e deixa o tempo passar. E quando vê, já está com 25 anos e no time grande não andou porque já foi emprestado para 10 times. Aí já rodou Série B, C, D, A-1 do Paulista. E acabou o contrato de cinco anos, vai correr atrás? Isso me incomoda. Não só nos mais novos, mas em qualquer atleta. Senta no contrato longo e não tem tesão de vencer", completou.

Como treinador, Guilherme passou pelo Novorizontino, Ipatinga, Portuguesa, Paysandu, Vila Nova e agora está no Marília. Mas não perde a confiança que tinha quando estava cara a cara com o goleiro rival. Tanto que quando questionado se sonha em comandar um time de Série A, ele não pensa duas vezes. "Sonho não, eu tenho certeza", dispara.

"A vida te dá algumas coisas que você não pode mais errar pra frente. Ainda mais quando você se torna pai de familia, é diferente é uma outra odisseia é uma outra aventura, vamos dizer assim. Você tem pouco espaço pra errar agora, essa é a verdade", finalizou.