Palmeiras não joga nem deixa jogar e desliza com empates no Brasileiro
O Palmeiras não perde há 11 jogos, mas também vence pouco nesta sequência: são cinco vitórias e seis empates, sendo quatro deles obtidos em seis rodadas no Brasileirão. A equipe, que há quase um mês voltava a vencer o Paulistão depois de 12 anos, acumula atuações ruins e partidas em que não deixa o adversário jogar, mas também não joga.
A equipe de Vanderlei Luxemburgo é uma das menos vazadas entre as da Série A em 2020 (foram 14 gols sofridos em 26 jogos). Os jogos especialmente no Brasileiro têm transcorrido com bom posicionamento defensivo e adversários tendo dificuldades para criar oportunidades.
A dor de cabeça começa quando o Palmeiras tem a bola. Depois de admitir que seu time vinha fazendo jogos feios, Luxa nas últimas quatro apresentações escalou Lucas Lima para armar. O desempenho do camisa 20 tem sido similar ao de toda a sua passagem pelo clube: irregular, com muitos momentos apagados.
Outras decisões questionadas foram o posicionamento de Gabriel Menino aberto pelo lado direito na linha de meias no esquema 4-2-3-1, sendo que o camisa 25 é volante, e as seguidas chances a Rony, que contra o Inter foi reserva, mas vinha sendo mantido mesmo com atuações ruins.
Há um problema grave para propor o jogo. O filme não é novo na Academia de Futebol: desde que voltou a ter equipes competitivas, em 2015, os melhores momentos foram com técnicos adeptos a um estilo mais direto, sem a necessidade de sempre ter mais posse de bola. Cuca e Felipão são os principais exemplos disso.
Eduardo Baptista, Alberto Valentim, Roger Machado e Mano Menezes usaram discursos em que defendiam um jogo "mais bonito", com controle da bola. Todos esbarraram na falta de mobilidade e lentidão com a bola. Ainda assim, Dudu muitas vezes salvou resultados quando o Palmeiras não jogava bem com esses treinadores.
Luxemburgo voltou com esta promessa: após a negociação com Jorge Sampaoli falhar, seria ele o responsável por recuperar o "DNA" da Academia de Futebol. Adepto de um jogo menos posicional e que dá liberdade para movimentação à frente, era ainda ainda mais necessário para o comandante que novas lideranças técnicas aparecessem com a saída de Dudu, o principal jogador dos últimos cinco anos.
No momento, só Luiz Adriano tem correspondido entre os jogadores de frente. O gol de empate com o Inter, marcado por ele, veio de uma jogada nada trabalhada: após Rony se enrolar na área, Gustavo Gómez disparou para o ataque e foi o responsável pela assistência para o camisa 10.
Houve apenas uma boa atuação do Palmeiras em seis rodadas: contra o Santos, no Morumbi. Depois do jogo, Vanderlei Luxemburgo teve uma semana cheia para trabalho, mas o empate com o Bahia foi novamente com futebol pobre. Contra o Inter, o mesmo problema.
Aos que veem o copo meio cheio, como a diretoria do Verdão, são citados argumentos como: a dificuldade de preparação depois de quatro meses parados pela pandemia do coronavírus e a saída de Dudu; os resultados que não são ruins (título paulista e início invicto na Série A); e o fato de que se vencer o jogo atrasado o Palmeiras fica a apenas três pontos do líder Internacional.
Tudo verdade. Mas é preciso ter algum indicativo no trabalho de que há um norte, um caminho para melhora. Daqui a uma semana, haverá mais um Dérbi. Após cumprir o plano de vencer a final contra o arquirrival a qualquer custo, no próximo encontro não será assim. Com momentos mais baixos do que altos em desempenho no último mês, Luxemburgo tem de fazer o Palmeiras apresentar mais. A calmaria que a taça do Estadual trouxe já não existe mais, com a torcida subindo o tom das críticas.
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